Dora e suas ideias voadoras
Dora tinha dez anos, gostava de brincar com os livros, de viajar nas histórias que a emocionavam e fervilhavam sua imaginação.
Também gostava de desenhar com detalhes a vida que se apresentava encantadora em seus olhos de criança imaginativa e de assiti-la em movimentos do alto do galho da goiabeira do quintal de sua casa.
Ela tinha o segredo poderoso de conversar com os lindos pardais inquilinos daquela árvore frondosa. Pela manhã, eles vinham bicar os deliciosis frutos e aproveitavam para alguns segundos de conversa com a menina de cabelos trancados, olhos bem redondos e sarnas pelos rosto.
Enquanto matavam a fome em bicadas, Dora gostava de conversar com eles sobre a encantadora mágica de voar para todos os lados e cantos do mundo.
Certo dia, ela revelou seu desejo de criar asas e sair por aí, desenhando felicidade pelo céu, assim como sempre lia dentro dos livros amados, lidos, relidos por ela.
Os pardais ficaram se olhando, escutando o que aquela adorável, meiga e falante criatura contava com intenso entusiasmo.
Sem que ela esperasse, cada pardal voou e pousou em cada uma das expostas orelhas da amiga. Sem esperar, Dora sentiu quando seu corpo ficou mais leve e era levado pelos pardais. Cada um, segurando-a pelas orelhas, a fazia voar por aí.
No alto do céu tão azul, rodeado de nuvens semelhantes a fofo algodão, a fascinante Dora via de longe a sua casa, o quintal de suas brincadeiras, as goiabas bicadas e um lindo sorriso desenhado em seu rosto.
Viu também algumas cenas tristes: alguns cachorros famibtos soltos nas ruas sem casa ou comida, vários gatinhos miando de fome e soluçando de cansaço, um burro já velho, doente, arrastando uma carroça pesada enquanto seu dono o espancava, a vaca obrigada pelo seu dono a encher um bule de leite, várias galinhas obrigadas a pôr muitos ovos...
Aquelas cenas fizeram com que o sorriso sumisse dos lábios de Dora e descobrisse uma vida feia que não pertencia aos seus olhos.
Voando para um lado, Dora sentiu a chuva e seu corpo pesado.
Lá em baixo a terra verde, os rios cheios, o campo farto e em muitos quintais as frutas colorindo o verde das plantações.
Já, quando voou para o outro lado, um sol de torrar sua pele, nada de chuva, a terra seca, os rios com pouca água, algumas pessoas andando longos caminhos para encontrar água, a terra sem verde, o campo vazio e muita tristeza no coração daquela gente. As árvores pareciam assombração e os animais que ainda resistiam eram magros e tristes.
Cansada de tanto voar, os pardais levaram Dora novamente para o pé de goiaba do quintal da casa.
Dora disse obrigada e tentou descer do pé de goiaba quando, de surpresa, sentiu como se estivesse deslizando por um longo escorrego.
Dora acordou em sua cama abraçada ao livro que estava lendo antes de dormir.
Depois de despertada, pegou folhas limpas e desenhou tudo que havia vivenciado quando realizou o poder de voar.
Coloriu tudo, chamou outros coleguinhas e, juntos, resolveram ajudar animais que moravam na rua.
Fizeram uma campanha, pediram ajuda aos adultos, espalharam cartazes pela cidade e nas redes sociais.
Dora se sentiu feliz por ter voando em sonho e por sentir que suas ideias voavam por vários lugares ajudando a mudar a vida de animais indefesos.
Dora também passou a escrever e resolveu ser escritora quando crescesse mais um pouco para dar asas à sua imaginação.
Marcus Vinicius