Assembleia dos bichos na floresta
A floresta estava um caos, nenhum animal se entendia mais com o outro. As borboletas corriam dos grilos, as lesmas não queriam mais se misturar com as tanajuras... As tartarugas sem querer mais beber água nos rios por perceberem a quantidade de peixes mortos em consequência da poluição das águas.
A quantidade de lixo acumulado e as queimadas tornavam o ar bastante pesado, difícil de ser inalado. Uma reclamação geral, preocupando já aqueles que amavam a floresta e não queriam abandoná-la.
O Rei Leão, orientado pelo seu fiel grupo de conselheiros, formado pelo Senhor Burro, Dona Formiga, Senhor Urso e Dona Coruja, resolveu convocar todos os animais da floresta para uma assembleia...A priore, a palavra provocou alvoroço entre alguns que não sabiam o sentido da palavra assembleia. Dona Galinha foi a primeira a ciscar, com a cabeça cheiinha de titica; Dona Zebra sentiu seu pensamento zebrado, sem saber do que se tratava, se era um novo produto para se proteger do sol ou se era nova campanha de vacinação contra alguma outra peste nova; Senhor Galo-campina foi logo inchando o peito e num só assobio foi dizendo que surpresas assim tinha cheiro de galiola, de algemas, de coleira ou puxão de orelha... Cada um tinha algo a dizer.
Já, o Pombo-correio, cumprindo as ordens expressas do Rei Leão, saiu pela floresta a distribuir o convite tão bem elaborado pelo mestre Rinoceronte:
" Nossa majestade, o rei da selva, Rei leão, convoca todos e todas moradores e moradoras da floresta a se fazerem presentes em uma assembleia extraordinária, no coreto central, dia de sol, no final da tarde. Será tratado temas sobre a situação atual da nossa floresta. Ninguém poderá faltar".
Dona Para, cheiinha de quáquáquá, foi quaquarizando que perderia um capítulo da novela, mas iria, o convite tinha ar de coisa séria. Dona Barata resmungona rebateu dizendo ter ódio de coisa séria...
Passaram os dias voando. Tanta coisa acontecendo: mais mortes de peixes, espécies raras de pássaros sendo engaiolados, muitos macacos por trás das grades nos zoológicos, outros apedrejados, acusados de promover doenças, jacarés caçados para virarem bolsas, calçados, enfim, tanta coisa que os animais acabaram esquecendo da tal assembleia. Menos ele, Senhor Gato do mato:
__ Hoje é o grande dia! Vamos à assembleia escutar o que o Rei Leão tem a nos dizer. Mas eu não posso ir assim, de qualquer jeito. Vou colocar roupa nova. Caso esfrie de vez, colocarei essas luvas, não posso resfriar. A claridade me incomoda a visão. Vou usar esses óculos. Acho que falta mais alguma coisa. Como ainda faz sol, usarei esse chapéu que combina com minha roupa.
Pronto, seguiu viagem. Andou, andou, miou, lambeu as patas, mais adiante, na beira do lago, encontrou com o amigo sapo. Vendo-o distraído, saudou:
__ Boa tarde, amigo sapo!
Coachando, respondeu:
__ Bouá bouá tarde!
__Miau, o senhor já está pronto? Miau...
__ Tonto? Como o senhor sabe?Essa labirintite me mata.
__ Acho que além dela, o amigo está com água nos ouvidos, miaumiaumiau __ sorriu o amigo gato.
__ Será? Pode ser...
__ Hoje é o dia da grande assembleia convocada pelo nosso Rei Leão para tratarmos dos problemas da floresta.
__ Não, vou não.
__Mas por qual motivo, amigo?
__ Aaaatchimmmm....Estou meio resfriado, as mãos muito frias, quero evitar...
__ Por isso não __ interrompeu o amigo __ Tome essas luvas, elas irão aquecer as mãos do amigo.
Problema resolvido, lá se foram os amigos. O gato miava, o sapo coachava em espirros, mais adiante encontraram a amiga tigre.
__ Boa tarde, amiga onça!
__ Boa tarde __ falou em um único urro!
__ Já está indo?
__ Depende para onde, seu felino!
__ Mas para onde deveria de ser? Para a assembleia convocada pelo nosso rei, Rei leão, não lembra?
__ Anhããããã...Tinha esquecido. Ando tão atarefada atrás de alimentação... Uma crise danada como essa, acabei esquecendo.
__ Então, vai?
__ Vou não. Sem água nem sabão, acabei acumulando roupa suja demais, não tenho roupa para...
__ Não seja por isso, amiga onça! Veja, posso dar para você esse lindo casaco, é novo, pode ficar.
A onça aceitou, vestiu e se foi com os amigos. O gato miava, o sapo coachava, a onça urrava e o caminho era seguido. Mais adiante, um latido fez o gato perceber que o amigo cão se aproximava. Tratou logo de ficar por trás da onça do sapo.
__ Boa-tarde, senhor cão __ miou o gato com receio.
__ Boa tarde __ latiu o cão.
__ O senhor já está a caminho da assembléia ou espera alguém?
__ Assembleia? Que assembleia? __ perguntou em latido duvidoso.
__ A assembleia extraordinária convocada pela nossa majestade, Rei leão....
__ Não, posso ir não! __ exclamou em latido sentido.
__ Se mal pergunto, amigo, por qual motivo?
__ Estou com os olhos ardendo, avermelhados, receio de ser alguma alergia ou cansaço da vista e a caminhada...
__ Não seja por isso, amigo, pegue esses meus óculos, vai ajudar a proteger sua visão...
O gato deu os óculos ao cão. Seguiram o caminho, o gato miando, o sapo coachando, a onda urrando e o cachorro latindo na maior animação. Mais adiante escutaram passos pesados. Pois não era Dona elefanta?!
O gato parou, a amiga acenou com as orelhas, ele logo perguntou se a amiga estaria indo à assembleia.
__ Assembleia? Tem comida lá?
__ Não, a assembleia é a reunião para tratarmos sobre os problemas da floresta.
__ Vou não. Estou com uma forte dor de cabeça e esse sol...
__ Não seja por isso, veja, posso te dar esse meu chapéu. Vai ficar um charme em você, veja.
A elefanta aceitou, todos seguiram caminho até a assembleia. Mas antes de chegarem lá , todos aprenderam uma lição: existem problemas na vida que podem ser resolvida com pequenos gestos, inclusive quando se trata de amigos ou pessoas próximas da gente.
O gato ficou sem as luvas, o casaco, os óculos e o chapéu, no entanto, resolveu problemas dos animais.
Na assembleia ele foi citado como exemplo, que quando você dá o pouco que tem, esse pouco passa a ser muito, porque tudo na vida se resolve por partes.
No final da assembleia, cada um se tornou responsável em cuidar da floresta, dos amigos e da importância de se ter amizade.
Marcus Vinicius