Histórias para meu filho dormir - o piolho advogado

Se interessar, aqui vai uma que eu inventei. Pode não ter pé nem cabeça, mas acabou que consegui até uma moral para a história. Ah, esta é uma história para crianças, portanto, não procurem muita lógica nela. Quem tem filho pequeno como o meu deve às vezes passar por apuros de não ter mais como inventar histórias, né? Neste dia eu estava sem inspiração nenhuma e, do nada, falei:

"Era uma vez um piolho. Ele sonhava ser...", e travei. Rapidamente meu filho disse "advogado!".

E aí começa a saga do piolho formado em direito.

O piolho advogado

Era uma vez um piolho que não se contentava em andar pela cabeça dos outros e falou para os outros piolhos:

- Eu não aguento mais andar pela cabeça dos outros! Quero andar pela minha própria cabeça!

Os outros piolhos não entenderam o que ele queria dizer e começaram a imaginar o piolho andando com as patas sobre a própria cabeça.

- Mas tu não vai conseguir andar pisando na tua própria cabeça!

- Seus burros! Idiotas! Não é isso que estou dizendo! Eu não quero mais andar pelo que os outros falam ou mandam eu fazer! Quero andar pelas minhas próprias ideias!

- Ah tá. E o que você vai fazer?

- Vou ser advogado!

- E o que é isso?

- Não sei, mas ouvi dizer que advogados não são mandados, eles é que mandam.

Então o piolho foi procurar onde se transformar em advogado e encontrou um humano que falava em se formar para ser advogado. O humano ficava muito tempo estudando em livros e no computador e o piolho se escondia como podia, olhando os livros e a tela para saber como se tornar um advogado.

Cinco anos depois, na formatura daquele humano, no auditório para a entrega dos diplomas, lá estava também o piolho, vestido literalmente com toda a beca. Assim como os familiares dos humanos, os familiares do piolho também estavam lá. Mesmo sem saber o que estavam fazendo.

Mas, eles eram o que eram: piolhos, e não se contiveram em ver tantas cabeças em um mesmo lugar. Eram penteados de dar água na boca dos piolhos.

- Bem que ele disse que ia ser uma festa. Obaaaa! - Falou um dos piolhos.

Bastou UM deles gritar ATACAAAARRRR, que todos atacaram mesmo, festivamente, as cabeças dos humanos.

A confusão foi grande, todo mundo coçando as cabeças, as mulheres desfazendo penteados e o piolho-advogado desesperado gritando para seus convidados pararem com aquele ataque terrorista.

Não deu outra, a festa acabou, os piolhos ficaram cansados de tanto atacar e o ambiente precisou ser dedetizado.

Todo mundo saiu, até o piolho-advogado. Somente os piolhos-piolhos não tiveram forças para sair do ambiente e acabaram morrendo. O único que sobrou foi o advogado, que havia se mandado a tempo.

Moral da história: quem insiste em não pensar bem e andar pela cabeça dos outros pode se dar muito mal no fim.

Meu filho adorou.

Obrigado.