O SUSTO DO JAIRZINHO
Certo dia, numa linda floresta, um belo moço resolveu ir passear. Vestiu-se de vaqueiro elegante, montou-se em seu cavalo bem gigante. E alegre, ele saiu bem devagar.
O moço se chamava Jairzinho. Gostava muito de apreciar a natureza e se divertir com os animais. Sem muita pressa, Jairzinho, montado em seu lindo cavalo, foi andando, andando, andando. E, finalmente, chega à Floresta. Lá, por entre a bonita paisagem e a natureza ainda mais bela, de longe ele avista alguém, que aparentava ser uma menina muito jovem. Ao se aproximar, Jairzinho viu que era:
Uma garota muito jovem e bem bonita.
Seu cabelo, muito longo e cacheado.
Bem pretinho e também já enfeitado
com aquele original laço de fita.
A garotinha olhou para moço, muito admirada, pois nunca encontrara alguém ali. Cumprimentou o moço e disse que se chamava Talita. O rapaz sorriu e se apresentou para a garotinha, dizendo que se chamava Jairzinho. Aí a linda garota, então falou:
“Moço, o que você faz por aqui?
Por acaso, como eu, anda sozinho?
Igual pássaro quando foge do seu ninho?
Ou é para passear que vem aqui?”
O rapaz, calmo e bem sereno, com aquela expressão de carinho e com aquele seu gesto simples de quem gosta muito de apreciar a inocência das crianças, respondeu:
“Venho aqui, meu anjo, para somente passear.
Quero até, com alegria lhe dizer,
que quando eu não tenho o que fazer,
venho aqui me divertir nesse lugar”.
E foi descendo do cavalo, como quem não tem muita pressa, parecendo até conhecer aquela bela garota, e ainda foi falando:
“Ô minha flor, quero aqui só perguntar:
E você, essa linda garotinha.
O que faz nessa floresta, tão sozinha?
Foram os pais que vieram aqui deixar?”
A garotinha bem esperta, com a suavidade de criança, respondeu:
“É costume eu dar voltinhas por aqui.
Não demoro, para casa eu volto cedo.
Pois se fica muito tarde, tenho medo.
E não pode anoitecer, eu por aqui”.
E foi então, quando já vendo aquele moço como seu amigo, a garotinha meio tagarela, sorriu e demonstrando a confiança de que já não se encontrava mais sozinha, resolveu desabafar, dizendo:
“Moço, todos os dias, bem cedinho.
Tomo banho, faço lanche e vou pra aula.
Minha mãe me dá um beijo e me fala
para eu fazer tudo bem certinho”.
O moço, admirado com a esperteza da garota, faz assim seu comentário: “Puxa! você é realmente um anjo!”
E a menina não para de perguntar. É como se realmente, ali, ela tivesse acabado de encontrar um verdadeiro amigo e depositando toda a confiança de poder contar com ele. E disparou com mais perguntas:
“Moço, você gosta de animais?
Se anoitece, não tem medo como eu?
O seu medo é diferente desse meu?
Ou o adulto não tem medo nunca mais?”
O moço riu, e surpreso, quis falar. Fez que ia responder, mas desistiu. Com seu jeito de rapaz bem educado, foi olhando a criança do seu lado, mas apenas com um gesto, ele sorriu.
Só que o tempo foi passando, e Jairzinho já estava ficando muito preocupado, porque se aproximava a noitinha. Ele então na companhia daquela criança, olhava para um lado e para o outro, já sem muita esperança, por que não aparecia ali, ninguém da garotinha.
E o bom é que aquela criança nem lembrava mais de casa. A conversa parecia até lhe agradar. Pois aquele moço, muito simples e educado, com seu jeito tão decente e delicado, só fazia a criança a se alegrar.
De repente, ouve-se longe certo grito. Parecia com alguém desesperado. Era o pai da Talita, que chamava. E quanto mais passava o tempo, ele gritava. E o rapaz escutando, assustado.
E assim, meio que desconfiado, com aqueles tantos gritos que ouviu, o rapaz fez o plano de correr. Mas as pernas começaram a tremer. E não é que o coitado até caiu!
Imaginem que tamanho desespero. Era grito, riso, e muita diversão, quando o moço, já caído bem ali, assim falou, com muita determinação:
“Ai, meu Deus, e agora o que eu faço?
De tanto tempo que aqui já se passou
Tô tremendo a cabeça, perna e braço.
Já nem sei mais onde é que eu estou.”
A garotinha, às gargalhadas, viu aquilo. Era o moço estendido bem ali. Assustada, bem surpresa, e sem jeito, resolveu só colocar a mão no peito. E essa menina não parava mais de rir. E rindo muito, sem parar, ela falou:
“Esses são os gritos do meu pai.
Deve estar vindo me buscar.
Ele grita para assim eu escutar.
E você, com tanto medo, logo cai?”
E foi tão grande o susto desse moço, que na tremura, sua voz até sumiu! Imaginem! Ficou muito engraçado. O jeito dele meio que desengonçado. Não se sabe o que foi que ele sentiu. E a menina, às gargalhadas, lhe falou:
“Amiguinho, esse não é o seu fim!
Levanta desse chão, ó meu rapaz!
Desse jeito, o que apenas você faz,
É envergonhar o meu pai e até a mim!
Ufa! E finalmente aquele encontro até aconteceu. O encontro entre o moço e o pai da garotinha. Muito trêmulo e a mão bastante fria, o rapaz com aperto e alvoroço, e a garota sem saber se ainda ria.
Gaguejando, mesmo assim, a voz saiu: “Pra.... pra..... pra.... zer!” Disse o pobre Jairzinho. Foi quando o pai, sua filhinha abraçou. E temeroso, o rapaz com a mão fria, na tremura e naquela agonia, mesmo assim ao pai cumprimentou.
E o pai, sem entender muito sobre aquela cena, foi logo perguntando para a Talita: “Filha, e esse rapaz, o que fazia?” E ela respondeu, muito serena, que por ser uma menina tão pequena, aquele moço ali era quem a protegia.
O pai da garotinha foi ficando sem palavras. O seu gesto era mesmo de contente. Com sorriso, disse ao moço: “Sou bem grato, por você ter ficado aqui, de fato, protegendo a minha filha inocente”.
E ainda se lembrando do ocorrido, a Talita ao rapaz lhe deu a mão. Bem contente, com a sua companhia, desejou que ele fosse outro dia. E esse amiguinho conquistou seu coração.
Talita disse ao pai e a Jairzinho: “Gosto muito de vocês, ó meus amores! Um é pai, e o outro é meu amigo! Gostaria que ficassem os dois comigo. Encontrei, nessa Floresta, meus valores. E terminou assim a linda história.
Um moço passeando na floresta,
e uma garota conquistando o coração.
Pois fez do seu passeio uma festa,
quando viu o Jairzinho ali no chão!
E todos tiveram um final muito feliz. O rapaz porque conseguiu fazer com que a pequena Talita, que parecia um pouco triste, não parasse mais de rir; o pai da Talita, por ter conhecido o Jairzinho, um rapaz tão educado e sereno; e a própria Talita por ter encontrado o seu amigo Jairzinho.