A amizade de duas meninas
Duas meninas vizinhas, no interior do Piauí, numa época de chuvas, em que os sapos coaxavam nas lagoas das ruas de terra, eram as mais alegres da localidade.
Uma delas morava numa casa de varanda com um extenso quintal para o lado da cozinha. Era a sorridente Amália, de sete anos de idade.
A outra, de nome Cléa, seis anos de idade, vivia numa casinha simples com a avó e um cachorro de nome Pipo. Nesta casinha, havia felicidade o suficiente para a menina fazer da avó uma mulher por quem a vida é de extremo interesse.
Amália e Cléa cantavam todos os dias, hora na porta de uma casa, hora na outra. Um dia, pôde-se ver que elas estavam com o ouvido colado na parede de uma das casas ao que disseram que estavam ouvindo o canto das pessoas, pois ele ficava grudado nas paredes das casas.
Depois dessa data, os moradores do lugar passaram a chamá-las de “As meninas das Paredes”. E foi motivo de riso em todos os lugares em que iam. Foi então que os familiares de ambas decidiram separá-las e em pouco tempo a família de Cléa foi embora para a cidade, já que a casa em que moravam era do pai de Amália e este pediu a residência.
Amália, porém, não quis mais cantar ou brincar. E embora que algumas crianças fossem convidadas a visitar-lhe a casa, a menina não era receptiva e nem mais afetiva com os conhecidos.
Certa vez na escola, Amália passou a chorar na hora do recreio e teve de ser levada para casa pela professora, que com seu carinho, conseguia que a criança conversasse mais suavemente.
Os amigos comuns das duas famílias comentaram em casa de Amália que o mesmo ocorria com Cléa. Quando a avó não estava em casa, a menina chorava copiosamente que doía o espírito de quem ouvia.
Resolveram, assim, os pais de Amália pedir que a avó de Cléa voltasse a morar na localidade e ofereceram como ajuda e até como desculpas um pedaço de terra para construir uma casinha. E todos os familiares ajudaram. É assim que se entende uma volta para casa.
E com a volta de Cléa, é possível vê-la com Amália em tão perfeitas brincadeiras e cantos infantis, logo depois do horário escolar, isto é, do cair da tarde até depois que a lua surge no céu...