A PEQUENA FLORISTA
"Em homenagem à primavera que cada criança representa..."
LÁ vai a pequena florista...
No rítmo do seu bailado,
Há anos na mesma esquina,
Com seu vestidinho rodado!
Seus lábios carnudos...vermelhos...
Trancinhas no seu penteado,
Às vezes se mira no espelho,
Corrige o sorriso borrado!
Das flores é ela a mais bela!
Em toda a sua delicadeza,
Com a água da chuva se rega,
Para alimentar só beleza!
Seu rosto é pura felicidade!
Coradas são as suas bochechas,
E assim...sempre muito a vontade,
Recolhe toda a natureza.
Na sua cestinha de vime,
Carrega um infinito de flores...
Se simples...ou se mais refinadas
Convivem seus plenos odores.
-Florista...aceita companhia?
Nós somos borboletas xeretas!
Pousamos em qualquer florzinha,
Em todas há muita realeza!
A margarida -assanhada!
Se abre a todos os amores,
A violeta - recatada,
Se esconde...tem muitos pudores!
Orquídeas de raros formatos
E cores, são tão majestosas,
Rebuscam todos os agrados...
Esguias...são maravilhosas!
Tulipas se fecham em copas...
Tão belas... mas medrosas de tudo!
Às vezes espiam as frestas...
Só abrem se não mais for escuro!
As onze-horas preguiçosas...
Despertam sempre atrasadas,
Bocejam...e sempre chorosas,
Readormeçem cansadas!
Os Copos-de-Leite guardados...
Lavados com sabão bem branquinho,
São sempre muito alinhados,
Só usam toalhas de linho!
As rosas que dizem..."não falam"
Na cesta...são mui tagarelas...
São versos que nunca se calam,
São puras...eternas donzelas!
Multicoloridas azaléias...
Parecem apaixonadas!
Apertam-se todas juntinhas,
E nunca ficam enjoadas!
Suinãs de vermelho queimado,
Espetam suas companheiras,
E mesmo no vime apertado,
Perdoam-se com sutileza!
As flores do campo...coitadas!
São tantas as suas intempéries!
Por poluição maltratadas,
Às vezes descuidam da pele!
Os cravos são muito quietinhos!
Talvez eles temam as mulheres...
São tantas naquele cestinho,
Melhor é fazer o que elas querem!
-Por favor...pequena florista?
Eu quero uma flor bem feliz!
Seria uma flor só artista?
Ou basta-me uma flor de liz?
-Desculpe...senhor "Desencanto"...
Mas se é flor...já é felicidade!
Pois são mistério e o encanto,
De florir...NESTA CIDADE!