A HISTORIETA DE ROMEU E JULIETA (Teatro Infantil)
“A HISTORIETA DE ROMEU E JULIETA”
(Ale Silva)
Personagens:
Romeu
Julieta
Mafalda Ferreira (Avó de Julieta)
Rosa Oliveira (Avó de Romeu)
Saltimbanco
Rapunzel
(A concepção original desse texto é para teatro de bonecos, mas se adéqua perfeitamente para atores)
PRÓLOGO
SALTIMBANCO – Olá, olá, minha gente, minha gente olá, olá! Uma história muito interessante, agora nós vamos contar. Somos os saltimbancos do Pantufa de Ursinho contadores de histórias. E que histórias!... Andamos aqui e ali, vamos pra lá e pra cá... Andando e correndo. De ônibus. Caminhão. Bicicleta. Carroça. Por toda parte. E nos chamam de mambembes. Itinerantes. Viajantes. Sonhadores e delirantes. E para começar, vamos apresentar... a nossa grande história. A partir de agora, passamos a relatar... o nosso grande drama cômico. Prezados assistentes. Querido público. Seletos espectadores e adorável platéia. O nosso espetáculo é espantoso. Lacrimoso. Tenebroso e glorioso. Romeu e Julieta, se constitui numa emocionante tragédia cômica. Social. Política. Econômica. Religiosa. Comercial e familiar... muito familiar. A partir de agora, o grupo de Teatro Pantufa de Ursinho, tem o imenso prazer de apresentar... a verdadeira história de Romeu e seu feliz casamento com uma tal de Julieta, tal e qual aconteceu... (música, enquanto ele sai. Tempo, retorna) Minhas senhoras, meus senhores... gostaria de lembra-los de que esta é uma obra de ficção, todos os personagens são falsos. Inclusive nós... (sai)
CENA I
(Aparece à janela da esquerda, com um regador, a vó da Julieta, cantarolando)
MAFALDA FERREIRA – Lá, rá, lá, rá... Ih, olha só! Lá está à janela a Rosa Oliveira. Velha encrenqueira! Não vou com a cara dela! Até porque eu tenho a minha...
ROSA OLIVEIRA – Bom dia, flores... bom dia, sol... bom dia, dia... (para Mafalda Ferreira, provocando) Mau dia, velha rabugenta! Ah, ah, ah...
MF – Ora, sua... sua velha gagá! Vem aqui para ver só uma coisa... se me provocar outra vez eu jogo este regador na sua cabeça!
RO – Ora, vá catar coquinho na descida e vê se me deixa em paz! (sai)
MF – Mas é muito cara de pau! Atrevida!
JULIETA – (entrando) O que foi, vovó?
MF – Essa velha desaforada, a Rosa Oliveira. Ela devia era mudar o nome, pois de Rosa não tem nada. Devia ser... Tiririca Oliveira! Pois é isso o que ela é! Uma erva daninha.
JULIETA – Não entendo porque tanta briga entre as duas famílias. Acho isso tudo uma grande bobagem. Nem motivos para brigar vocês têm. Vivem inventando histórias...
MF – Não torne a dizer uma tolice dessas, menina Julieta! Ninguém aqui está inventando histórias nenhuma! A rixa entre as nossas famílias vem de muito tempo e histórias atrás. Vem desde a época daquele moço, o William Shakespeare, passando por várias gerações e encenações no mundo inteiro, até chegar aos dias de hoje. E não vai ser a família Ferreira que irá perder essa guerra!
JULIETA – Francamente, vovó! Nessa idade e arrumando confusão!?
MF – O quê? Está me chamando de velha?
JULIETA – Não é isso. Eu só acho que vocês deviam parar com essas bobagens. Os vizinhos vivem comentando... O falatório é geral, na cidade inteira.
MF – Eu é que não vou dar o meu braço a torcer... até por causa do meu reumatismo! Não vou entregar os pontos, de jeito nenhum! Quem sabe assim, eles resolvem se mudar. Mas o que é que você tem, Jujuba? Você está tão borocoxô...
JULIETA – É que não tenho nada para fazer... E não estou com muita vontade de ir ao Shopping...
MF – Ah... espere um pouquinho, que eu vou até aí. (sai com a janela, depois aparece, somente com o regador) Eu não gosto de ver a minha netinha jururu desse jeito...
JULIETA – Logo passa, vovó... é que o dia, hoje, está um pouco chato, sabe...
MF – Não se preocupe! Vou fazer o seu dia ficar mais feliz!
JULIETA – Essa não...
MF – Vou lhe contar uma linda história. Afinal é para isso que as vovós servem...
JULIETA – Ai, vó... pára com isso... todo mundo está olhando...
MF – Psiu! Faça silêncio, para ouvir a história! Era uma vez...
JULIETA – Outra vez...
MF – Psiu! Silêncio, Julieta! Era uma vez, uma linda menininha chamada... Chapeuzinho Verde.
JULIETA – Era vermelho, vovó!...
MF – É... um belo dia, Chapeuzinho Verde...
JULIETA – Vermelho!
MF – É... estava brincando com seus amiguinhos da escola...
JULIETA – Era com os bichinhos da floresta...
MF – Isso mesmo! ...quando sua mãe chamou e disse: Chapeuzinho Roxo...
JULIETA – Vermelho, vovó, vermelho!
MF - ...leve essas batatas na casa da tia Maria.
JULIETA – Não eram batatas, eram docinhos, e para a vovó!
MF – Pois é... e lá foi ela, toda alegre, cantarolando aquela famosa musiquinha... nós gatos, já nascemos pobres. Porém, já nascemos livres...
JULIETA – Essa música é d´Os Saltimbancos, vovó...
MF - ...aí ela estava num parque de diversões...
JULIETA – Bosque!
MF - ...quando, de repente, encontrou uma girafa!
JULIETA – Era lobo!
MF – Então o cavalo...
JULIETA – Lobo!
MF – É! O lobo perguntou: Olá, menininha... Quanto é 6x8?
JULIETA – Mas que trapalhada a senhora está fazendo, vovó? Ele perguntou pra onde ela estava indo. E ela disse que ia pra casa da vovó...
MF – Deixe eu terminar. Aí ele disse que para chegar à casa da vovó, ela devia pegar a circular nº 045, descer no 2º ponto depois da 1ª praça e iria encontrar uma casa feita de tijolos com chaminé e janelas brancas, mas aquela era a casa dos três porquinhos, na casa ao lado ia ter uma calçada ladrilhada com pedrinhas de brilhantes, só pro meu amor passar, e que ela deveria deixar as pedrinhas no lugar, mas podia pegar a moedinha de 50 centavos e ir até a sorveteria comprar um picolé.
JULIETA – Ai, vovó... a sra. é muito bacana, mas não leva o menor jeito para contar histórias. Mistura tudo! Se bem que um picolé agora, até que ia bem...
MF – Então, o que é que está esperando, menina?
JULIETA – Tchau, vovó!
MF – Tchau, Chapeuzinho..., digo, Julieta! Espera! Mas onde é que você está indo? Por aí não! Não quero que passe na frente da casa desses... Oliveira! Vá pela outra rua!
JULIETA – Está bem, vovó... (vão saindo pelo lado oposto, enquanto entra o Saltimbanco)
SALTIMBANCO – Vamos agora dar um pulinho até a casa da família Oliveira, para saber o que acontece por lá... (sai)
CENA II
(entra a vó Oliveira)
VÓ OLIVEIRA – Romeu, Romeu! Onde estás, neto meu? Será que ainda está dormindo? Romeu, Romeu, acorda menino, pois já amanheceu!
ROMEU – (entrando) Bom dia, vovó...
VO – Bom dia? Por acaso está com piadinha? Perdeu o relógio, é? Já passa do meio dia!
ROMEU – Ai de mim, ai de mim, vovozinha... as horas desta história parecem tão longas...
VO – E por isso precisa dormir tanto? Nunca vi! Dorme mais que a cama e feito uma pedra!
ROMEU – É... se bem que nem as pedras conseguiriam dormir aqui. Estou acordado desde o início da história, pois não há meios de dormir com tanta gritaria. Brigou de novo com a sra. Ferreira, vovó?
VO – Briguei! Aquela velha coroca vive me provocando, por isso eu não posso deixar barato!
ROMEU – Sinceramente, vovó! Vocês deveriam era se envergonhar! Duas senhoras, mais de 60 anos nas costas, avós, respeitadas na sociedade e brigando na janela feito duas crianças...
VO – Ela é a culpada! Passa o dia na janela fazendo micagens para me provocar... qualquer dia desses eu perco a paciência e jogo a dentadura na cabeça dela!
ROMEU – Ai, vovó... quando será que a sra. vai crescer...
VO – Não tenho um pingo de pressa! Estou na melhor fase da minha vida... por falar nisso... já estamos quase na metade da história e você ainda não arranjou seu par romântico... Você tem que se apressar, Romeu! Isso aqui não é novela, que dura 6 meses. Daqui a pouco a história acaba e você fica aí, chutado para escanteio.
ROMEU – Não tenho um pingo de pressa! Estou na melhor fase da minha vida...
VO – Pare de repetir o que eu digo! Coisa mais irritante! Parece até que não decorou o texto! Por que não escolhe uma das moças da platéia? Olha só... aqui está cheio de meninas bonitas...
ROMEU – Pare com isso, vovó! Já está bagunçando a história, além do mais, não iria dar certo. Elas são de verdade e eu sou um personagem de teatro. Já imaginou os filhos que iriam nascer?
VO – Tem razão... então vai passar um perfume, escovar os dentes e dar um beijo para acordar a princesa que comeu a maçã envenenada pela bruxa...
ROMEU – Está na história errada, vovó...
VO – Ai de mim, ai de mim... já me falta a memória...
ROMEU – E para não criar mais confusão entre as famílias, é melhor nem saber como vai acabar essa história... (vai saindo)
VO – O que será que ele quis dizer com isso? Romeu, Romeu! (vai saindo) Qual é mesmo o final de Romeu e Julieta?...
CENA III
SALTIMBANCO – Enquanto isso... no alto de uma torre... Êpa! Torre?
RAPUNZEL – Olá, Saltimbanco!
SALTIMBANCO – Oh, não acredito no que os meus olhos vêem e meus ouvidos ouvem... Rapunzel? É você? Rapunzel, Rapunzel, que tem as tranças cor de mel e que mora pertinho do céu?...
RA – Sim, sou eu! Em carne e osso! Ou melhor, torre, tranças e papel machè!
SAL – Desculpe, mas não estou entendendo mais nada! Não sei se eu, ou você, mas um de nós está na história errada.
RA – Desculpe interromper, mas eu precisava protestar!
SAL – Contra a bruxa malvada que te aprisionou nesta torre?
RA – Não! Contra o príncipe que não vem me libertar! Já faz tanto tempo que eu espero... Ouvi dizer que príncipe está em falta no mercado. Andei até beijando sapo para ver se dava resultado...
SAL – E deu certo?
RA – Não! Era um sapo desencantado. A única coisa que eu consegui, foi ficar com a boca cheia de “sapinho”.
SAL – É só passar uma pomadinha, que sara!
RA – Já passei... mas o problema é que eu não sei mais o que fazer!
SAL – Ah, Rapunzel, eu gostaria muito de poder ajudar, mas o que posso fazer? Sou apenas um pobre saltimbanco trapalhão. Mas está feito o seu protesto.
RA – Muito obrigada... bom... já vou indo.
SAL – Não quer ficar para ver o final da nossa história?
RA – Não posso! Vou dar um pulinho até a história da minha amiga Cinderela, para ver se tem algum príncipe sobrando por lá, ou talvez até experimentar o sapatinho de cristal...
SAL – Então adeus, Rapunzel!
RA – Adeus, Saltimbanco! Muito obrigada... (sai)
SAL – Pobre Rapunzel... bom, eu sei que o espetáculo tem que continuar, mas vamos dar uma paradinha, para a nossa história organizar. Sendo assim: By by, pessoal! Voltaremos em 1 minuto, logo após nosso intervalo comercial. (sai)
VOZ EM OFF – Estamos apresentando... A verdadeira história de Romeu e Julieta!...
CENA IV
SAL – Pois é, meus amigos... (aparece Romeu e fica a caminhar, no mesmo lugar, enquanto o Saltimbanco fala) Naquela mesma tarde, Romeu passeava pelas ruas da cidade. E caminhava... caminhava sem imaginar que logo o seu coração seria atingido pela flecha do Cupido (Romeu pára, sentando-se) um menino levadíssimo que faz os jovens se apaixonarem perdidamente, cometendo inúmeros desatinos... Ei! O que você está fazendo sentado aí? Você devia era estar caminhando pelas ruas da cidade imaginária.
ROMEU – Mas acontece, meu caro apresentador, que ficar andando por aí, cansa minha beleza!
SAL – Ai, ai, ai... é nisso que dá trabalhar com “estrelo”.
ROMEU – Além do mais, confesso que estou um tanto quanto... como eu diria... desmotivado...
SAL – Desmotivado? Essa é boa! Eu não sabia que preguiça tinha mudado de nome. Deixe de frescuras e levante logo o bumbum daí. Você está atrapalhando a história.
ROMEU – Não vou a lugar algum!
SAL – Vai!
ROMEU – Não vou!
SAL – Vai!
ROMEU – Não vou e pronto! (aparece Julieta. Música)
SAL – Eu desisto...
ROMEU – Oh, mas o que vejo... que linda moça... Será que o meu coração realmente tinha amado até agora? Pois eu nunca vi menina mais linda até esta tarde...
SAL – (assoviando) Muito menos eu!
ROMEU – Pode ir tirando o seu pangarezinho da chuva. .. mas me diga, quem é aquela moça?
SAL – Não digo!
ROMEU – Como não! Diz logo!
SAL – Não digo!
ROMEU – Diz!
SAL - Não digo e pronto!
ROMEU – Mas é mesmo um abusado... é nisso que dá trabalhar com amadores... (Julieta sai)
SAL – É... mas também tenho meus momentos de estrelismo!
ROMEU – Mas não importa! Eu descubrirei seu nome, endereço e telefone e então, declararei todo o meu amor para o meu doce amor...
SAL – Mas... em plena luz do dia?
ROMEU – Tem razão. Esperarei o anoitecer, é mais romântico...
SAL – Mas... em plena luz da noite?
ROMEU – Deixe de ser palhaço. Agora preciso ir, tenho que ensaiar alguns versos para tocar o seu coraçãozinho...
SAL – Já estou até vendo...
ROMEU – Uma garota precisa ouvir palavras bonitas e cheias de doçura... Ó linda moça, você é o granulado do meu brigadeiro, o creme do meu sorvete... (vai saindo)
SAL – Ihhh... isso vai dar confusão! Mas enfim, viajaremos agora nas peripécias amorosas de Romeu no seu feliz encontro com a mocinha Julieta...
CENA V
ROMEU – Ó lua, que sempre está presente, quando o sol não está. Ó lua, ó lua... graças por seus raios solares! Pois assim poderei ver a minha adorada. Agora pularei o muro de sua casa e seguirei pelo jardim que leva até sua janela, onde poderei ver o meu amor... (sai.ouve-se cachorros latindo e Romeu dizendo “passa” “passa”... entra Julieta)
JULIETA – Ó luar! Teus raios límpidos, tão brancos como um manja,
Iluminam meus suspiros, o telhado e o portão e o pé de manacá (passos)
Quem vem lá? O tintureiro? O gringo da prestação? Ou será que foi o vento que num sopro bem certeiro derrubou um Jamelão?
Vai ver são gênios da noite, duendes, assombração,
Mula sem nenhuma cabeça, ou mesmo o bicho-papão!
ROMEU – (aparecendo, fugindo dos cachorros, depois para ela) Passa, vira latas duma figa! Sou eu!
JULIETA – Eu quem?
ROMEU – Eu, o filho caçula da família Oliveira... você deve ser a caçula...
JULIETA – É. Da família Ferreira!
ROMEU – Minha avó detesta a sua!
JULIETA – E meu avô detesta o seu!
ROMEU – Minha mãe não gosta da sua!
JULIETA – E o meu pai não suporta o seu!
ROMEU – Mas você é linda...
JULIETA – Puxa, e você é um pão! (riso envergonhado)
ROMEU – De ló ou francês?
JULIETA – Doce, bem doce... você é tão lindo... devia ser artista de televisão.
ROMEU – Agradeço por querer-me tanto bem, mas confesso que televisão não me encanta, pois confesso que televisão não me encanta, pois apesar de galã, não fotografo bem...
JULIETA – Deixe de tanta modéstia, meu xodó, meu desatino, você é um lindo moçoilo. Mais pintoso que o Tom Cruise, o BraDUENDEPitt, o Tiago Lacerda, ou o Rodolfo Valentino.
ROMEU – Oh, amore mio...
JULIETA – Oh, mio amore... qual é o seu nome?
ROMEU – E o seu?
JULIETA – Ora, o que é um nome, perante a beleza, grandeza desta noite, este momento...
ROMEU – Um nome é como nos chamam depois que lá no cartório ganhamos um papel chamado certidão de nascimento.
JULIETA – O meu nome é Julieta!
ROMEU – E o meu nome é Romeu!
JULIETA – Nem artista de cinema tem nome mais bonito que o seu!
ROMEU – E o seu! Quero ser minha namorada?
JULIETA – Se quero?...
VF EM OFF – Julieta! Julieta! Mas onde será que está esta menina? Julieta!
JULIETA – Ai, é a minha avó. Tenho que ir!
ROMEU – Espere! Ainda não me respondeu!
JULIETA – Boa noite, boa noite! Partir é uma dor tão doce que ficarei dizendo boa noite até amanhã... (sai)
ROMEU – Oh, ela se foi... e agora uma tristeza invade o meu peito... tenho a impressão que nunca mais a verei... pois ela disse o texto na versão original... (vai saindo, triste. Música. Pára, olha para trás) Oh, vejo um vulto na janela. Só pode ser minha Julieta! Sim, é ela!É ela! (corre para a janela e olha) Ai, caramba! Não é ela! Não é ela! (volta correndo e se esconde)
VF – (aparecendo na janela) Ouvi um barulho por aqui... Quem está aí? Quem está aí?
ROMEU – (imitando gato) Miau... miau...
VF – Ah... é só um gatinho... (sai)
ROMEU – Miau... (latidos. Romeu corre para perto da janela) Passa! Vai deitar! (Julieta aparece na janela)
JULIETA – Romeu! (Romeu se assusta, sai de cena correndo, ouve-se latidos e ele volta, sempre correndo)
ROMEU – Oh, Julieta, é você?!... Pensei que já estivesse dormindo...
JULIETA – Pulei da cama assim que minha vó saiu do quarto. E achei que já tivesse ido embora.
ROMEU – Eu voltei. Pois precisava te ver...
JULIETA – E eu corri para a janela, porque eu queria te dizer...
ROMEU – Dizer...
JULIETA – Oh, meu amor, eu hoje estou contente
Pois o mundo, de repente,
Ficou lindo, ficou lindo de morrer!
Eu hoje estou me rindo, nem eu mesma sei de que
Talvez seja porque acabei de te conhecer...
ROMEU - E... se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada você poderia ser...
Se você quiser ser somente minha,
Exatamente essa coisinha que ninguém mais pode ter
Você tem que fazer um juramento...
De só ter um pensamento...
JULIETA - Qual?
ROMEU - Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você.
E de repente, me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê...
JULIETA – Que lindo...
ROMEU – É do Vinícius de Moraes...
JULIETA – Mas... acabou, não tem mais?
ROMEU – Então, quer ser minha namorada?
JULIETA – Quero sim! Ora se quero!
ROMEU – Oh, meu amor...
JULIETA – Oh, amor meu...
ROMEU – O meu coração te pertence...
JULIETA – E o meu é todinho seu... Espere aí! E as famílias?
ROMEU – Vão bem, obrigado.
JULIETA – Não é isso... é que elas não vão gostar desse namorico de portão, você me dando beijinhos e eu lhe entregando a mão...
ROMEU – Mas você não me entregou sua mão...
JULIETA – Ah é! Esqueci! Então toma!
ROMEU – Não me importam as famílias, eu quero é casar com você...
JULIETA – Vamos morar em Paris ou Verona?
ROMEU – Prefiro morar por aqui mesmo, é mais sossegado...
JULIETA – Numa cobertura, ou um palacete dourado?
ROMEU – Não! Numa linda palhoça com teto de sapê!
JULIETA – Teto de sapê? E se chover?
ROMEU – Se chover a gente compra um guarda-chuva, ora!
JULIETA – Oh, Romeu...
ROMEU – Oh, Julieta...
SALTIMBANCO – E assim acaba a história de Julieta e Romeu.
O casamento foi ontem, na igreja de São Judas Tadeu...
E as duas famílias, emburradas com o casório da cria
Acabaram no altar, chorando de tanta alegria...
Se por acaso já ouviram essa história diferente,
Saibam que na nossa história,
Quem inventa o final, é a gente!!
*TODOS DIREITOS RESERVADOS. ENTRE EM CONTATO COM O AUTOR PARA ADQUIRIR OS DIREITOS DE REPRESENTAÇÃO.