Luiz Bazé
O Luiz Bazé é a lembrança mais remota que tenho de vendedor ambulante de pães no Brumado. Balaio às costas, coberto com uma lona amarelada, ele era frequente, de casa em casa, exibindo sua sortida pãozada.
Chegava lá vindo do Pitangui, a sede municipal e a distância que cobria não sei se de trem ou de jardineira fazia. Estou que preferisse esta última que era mais ágil, até no sacolejar e mais frequente que a maria-fumaça com tanta volta a dar.
Depois do Bazé, vieram vindo outros, como a carrocinha verde do Adair Carvalho, uma gracinha de veículo metalizado, com portinha atrás, de onde o pão era tirado. O Varisto também, embora Evaristo de certidão,
recebia pães na sua casa, onde às vezes, com travessa à mão, a gente ia buscá-lo.
Mas até ruir o império do Bazé, ele era absoluto, ainda que um tantinho bruto. Duma feita, estávamos só a gurizada em casa, numa manhã e quando à porta ele bateu, uma chama em nós acendeu. Era beleza demais aquele balaio abaixado, destampado exposto à nossa cobiça...
Mana Bebel, nos seus sete anos, pega enquanto escovava os dentes, não hesitou em lançar-se à apalpação, ainda que por um átimo, que era aquela a ocasião. O resto de pasta dental que trazia na ponta dos dedos logo se lhe escapou para uma bisnaga ou um sovadão...e o Bazé, quando deu fé, foi só palavrão.
Nem a chegada tempestiva de papai - que estava no quintal - aplacou a irá fulminante do padeiro ambulante:
- Essa minina breiô o pão de dentifrisco.
Papai desembolsou pra minimizar o risco. E o Bazé tornou-se mais arisco.