Fui Presidente
De meu mandato, mais mandado do que sufragado, não consigo ainda estabelecer causa e efeito. Mas vamos aos fatos: corria o ano de 1960, em que o América do Rio iria ganhar seu único, primeiro e derradeiro, campeonato fluminense, e, no terceiro ano escolar, a dinâmica mestra Aparecida Fornero, nos estimulou a criar um Clube de Leitura na sala de aula. Os livros de que dispúnhamos então não perfaziam quorum, mas para tudo há um começo, e muitas vezes, nem um endereço para se dirigir o eventual apreço.
Dariam uma dúzia, entre compêndios escolares e algum romance dignificante de uma estante - e da cobiça dalgum estudante? Não, nada, era tudo embrionário, ou embriovário, sem ao menos um dicionário...
As meninas, sendo maioria, poderiam perfeitamente ter reivindicado o posto, a o alcançado com graça e gosto. Mas, em seu efervescente bulício, talvez já andassem mais tendentes a um romance do vida real. E o termo Presidenta, que dilma vez se faria era futuro distante à riviria. Mas viria um dia...
E sem relutar, aceitei aquela grave incumbência. Nutria-me da certeza que mana La Toya me comporia um discurso abafante. E não deu outra. Brilhei na sessão inaugural.
O semestre do mandato passou a jato. Sem um projeto ou realização sequer. A biblioteca permaneceu em seu estado virginal, casta, em nada gasta. E a inação, se me comprometeu a repetição, assegurou-me a sucessão. Deu Péricles, o irmão da professora. E saí sem jamais ter ouvido, ganhado, ou mesmo haver escutado o vocábulo propina. E olhem que eu, sem botar a mãe no meio, era páreo duro pra Todo Feio.