O padrinho verde
Beu já tinha visto arco-íris, mas se impressionou mais foi com o padrinho Benedito, que volta e meia lhe significava a esperança de um agrado.
Benedito Vicente de Paula era ferroviário, vicentino como papai e à missa dominical nunca omisso por sinal. O resto do domingono modorrento povoado do Brumado, gastava-o com visitas de cortesia e casos de pavor, contava-os com maestria que a meninada até tremia. Mas ao cabo, esquecia, dormia.
Afro, aprumado e arrumado, dono de numerosa prole, tampouco à do lar dava mole, embora vivesse a adular, com carinho invulgar. Terno e chapéu de feltro compunham-lhe a imagem domingueira.
Nos 3 anos de Beu, e 45 de papai contavam-se razões de sobra para um reencontro de amabilidades, quando se manifestou um pressuroso Beu naquela tarde dum sábado qualquer:
- Ô papai, quando é que o padrim verde vem me visitar?