A Princesinha Solitária
Era uma vez, numa terra bem distante... Existia um lindo castelo. Seus moradores eram muito felizes. Havia uma Rainha e um Rei muito bondosos. Nascera neste reino para a alegria de todos, uma linda Princesinha, seus pais lhe deram o nome Amor. Era adorada por todos pois era um bebê lindo e sorridente. Cabelos negros ,pele clara e rosada e os seus olhos amendoados. A Rainha Felicia e o Rei Justus, estavam muito felizes com a formosura que havia naquela linda criança.
Os anos se passaram e a princesinha adquiriu um dom muito especial, além de ser amiga de todos os súditos, podia conversar com os animais, borboletas e pássaros do reino. Quando havia algum animalzinho doente, logo levavam par a princesinha e ela cuidava. Dava muito amor e ele logo sarava.Tinha muita amizade com os passarinhos que a rodeavam por todo o tempo e onde quer que ela estivesse, cantavam muito para alegrar o seu dia. Sua bondade e formosura eram comentadas pelos quatro cantos da terra .
Porém chegou também aos ouvidos de uma bruxa muito má, cujo coração era de pedra. Não gostava de crianças, nem de animais.Morava numa montanha encantada e de lá podia ver tudo que se passava naquele lindo Reino. Ficou furiosa ao ver tanta alegria e tanta beleza natural. Havia muitos jardins e uma cascata, que parecia uma visão celestial.Os pássaros eram cantores natos,cada um cantava mais lindo que o outro. Até o bentivi cantava por ali .
-Não gostei nada em saber que que este reino existe em minhas redondezas. Vou destruí-lo o mais rápido possível. Mandou a princípio uma peste malígna, que infelizmente devido a este feitiço muitos morreram e os animais adoeceram. Sua maldade fez baixar a morte naquele reino. Porém a Princesinha continuava sendo bondosa e cuidava dos animais que eram muitos. Nem sempre conseguia sucesso em salvá-los e ficava muito triste.
Um dia uma fatalidade aconteceu. A Rainha Felicia e o Rei Justus foram contaminados pela peste. Não suportaram e morreram. Nesta ocasião a Princesinha Amor completara doze anos. Não houve festa, apenas tristeza. Aquela bondosa Princesinha, agora sempre triste, não saia mais para passear pelos bosques, não brincava mais pelos jardins e esquecera seus amigos. Até que um dia seus súditos, convidaram a Senhora Coruja que no reino animal é vista como muito sábia e inteligente. Muito cabisbaixa a Princesinha Amor ouviu os conselhos de Dona Coruja e resolveu convidar todos os moradores daquele reino, para anunciar um decreto.
-Amigos estive errada por muito tempo, não podemos mais trazer de volta o que perdemos. Mas vamos lutar pelo que nos restou. E eu, a princesa Amor, digo-vos hoje nosso Reino voltará a ser como antes. Farei uma festa onde todos poderão vir. Faremos muitas comidas e guloseimas e nunca mais a partir de éntão nunca mais haverá tristeza, seremos muito felizes e haverá punição para quem ousar ficar triste!
Amor já era uma linda moça.
E ainda havia no seu rosto a cor rosada de outrora. Pediu para que fizessem um lindo vestido azul cor do céu. Dançaram, comeram e beberam por vários dias. Todos estavam felizes inclusive os animais, que agora podiam visitar a Princesa Amor com mais frequência. Os pássaros fizeram um lindo dueto e havia novamente alegria no olhar da Princesinha. Porém essa noticia chegou também aos ouvidos da Bruxa má –que exclamou:
-Maldição! Não quero ninguém feliz por aqui.
Mas como a Princesa Amor agora era muito forte, pois sua bondade havia aumentado, todos a amavam e a admiravam, a Bruxa má não tinha mais tantos poderes contra ela. Porém um lhe restava. E gritou bem alto:
-Você há de ser solitária e nunca irá se casar...
Passaram-se muitos anos e realmente a Princesa estava sempre só. Apenas os pássaros e quando necessário os súditos a procuravam. Ela era uma boa administradora dedicando-se assim a administrar seu reino, porém nunca mais estivera triste,mas a solidão estava sempre presente , pois faltava-lhe algo. Não queria admitir mas precisava de um companheiro para dividir tantas tarefas, a noite em seu quarto sentia um grande vazio em sua alma , porém nunca deixou que ninguém percebesse.
Engano seu, todos no Reino sabiam da solidão da Princesa Amor. Mas naquelas redondezas nunca aparecera nenhum cavaleiro.
Certa noite, muito fria e chuvosa, apareceu por ali um andarilho de uma aparência horrenda. Tinha um olho só era ,corcunda e mancava de uma perna. Já bem tarde com uma chuva torrencial, relâmpagos e trovões, ele resolveu pedir abrigo naquele vilarejo. Bateu em uma pequena e modesta casa.
-Por gentileza, preciso de abrigo, está muito frio e a chuva me impede de continuar viagem.
-Um momento. - respondeu Senhor Coração Mole, dono da casa.
Abriu a porta e levou um susto. Porém o visitante o confortou:
-Sou apenas feio, mas não lhe farei nenhum mal. Só preciso me aquecer e passar a noite. Ao amanhecer irei embora.
Senhor Coração Mole o convidou a entrar, serviu-lhe algo bem quentinho e Dona Alegria, esposa do Senhor Coração Mole, lhe trouxe umas rosquinhas de manteiga. O visitante se deliciou e perguntou:
-Posso me instalar no celeiro?
-Sim meu amigo!
No dia seguinte fazia uma linda manhã e o Sol despontava orgulhosamente seu esplendor. Quando o Senhor Coração Mole chegou ao celeiro teve uma grande surpresa. O andarilho corcunda havia arrumado tudo no seu devido lugar. Ele era muito bom em organização, coisa que Senhor Coração Mole não era.
-Meu amigo, você fez um ótimo trabalho!
-Obrigado! Agradeço a hospitalidade mas o dia já está claro e eu vou continuar minha viagem.
O Senhor Coração Mole perguntou-lhe:
-Amigo, qual é o seu nome e de onde vens?
-Meu nome é Paciência sou um viajante e estou na estrada há muitos anos. Perdi meus pais quando era crinça e aí passei a andar sem destino e aqui estou.
- Você deve ter muitas histórias para contar.
-Sim! Já estive em muitos lugares, já ví de tudo e já passei por diversas experiências.
-Caro amigo – disse Senhor Coração Mole, tome um bom café da manhã conosco. Será um prazer.
Dona Alegria já havia posto a mesa. Bolo de milho, leite de cabra, mel silvestre e um gostoso café. Comeram e durante o café Senhor Paciência contou-lhes uma linda história. Ao finalizarem o café Senhor Coração Mole lhe indagou:
-Já ouviu falar da nossa Princesa Amor? Ela é muito famosa por sua bondade.
-Sim, muito! Por onde passo todos a admiram! As notícias correm, e dizem que neste reino há muita harmonia.Quem dera eu... Um corcunda e andarilho, nem ouso pensar. Conhecê-la seria bom demais!
-Pois fique você sabendo que ela o receberá.
-Não tenho coragem de olhar nos olhos de tal Princesa sendo eu tão asqueroso e feio.
-Minha Princesa tem um dom muito especial, e vai gostar de você, pode ter certeza.
Chegando no castelo, fora anunciado:
-Senhor Coração Mole e Senhor Paciência desejam falar-lhe Princesa.
-Mande-os entrar!
A Princesa estava sentada no trono o qual havia pertencido a sua mãe. Porém nunca seria Rainha, a não ser que viesse a se casar. Senhor Paciência e Senhor Coração Mole entraram lentamente.
-Em que posso ajudá-los? Perguntou a Princesa.
- Senhora, abriguei em minnha casa esse senhor. O seu nome é Paciência, e senti que gostaria de ouvir as varias histórias que ele tem para contar, assim se distrairá um pouco. Senti que ele é um bom homem e respeitoso.
A Princesinha disse:
-Chegue mais perto Senhor Paciência!
-Sim Senhora! É verdade o que diz nosso amigo. É uma honra falar-lhe pessoalmente, e digo mais; a sua fama se propaga a cada dia.
-Então conte-me mais sobre suas viagens. Venha todas as tardes e narre suas histórias para mim.
-Combinado! Disse o Corcunda. Ficou curioso porque ela não se espantou com sua feiúra.
E assim sucederam várias tardes, era servido chá e ele se sentava ao lado da Princesinha Amor. Com o passar dos dias ele lhe havia contado muitas histórias, e ela ia notando que ele era muito culto e refinado para ser um simples andarilho. Tinha ótimas idéias sobre o plantio, sobre a colheita, falava várias linguas, inclusive hebraico. A Princesa estava feliz com sua companhia, porém uma tarde ele lhe disse:
-Senhora, agradeço a hospitalidade, porém preciso continuar viajando.
A Princesa caiu em prantos.
-Não podes ir, preciso de você aqui, não suportarei a sua partida! Faço-lhe uma proposta: Case-se comigo. E poderemos juntos reinar e trazer ainda mais alegria para o meu Reino.
-Princesa, sou feio e Corcunda, deficiente de uma perna.
-Não me importo com sua aparência e nunca mencionarei tal fato.
-Se queres assim, aceito.
-Sei que me farás muito feliz, disse a Princesa.
Foi marcado o casamento. O dia ensolarado, cantos de pássaros. ela estava deslumbrante, linda, radiante ,vestia um vestido branco como a neve, uma coroa de flores silvestres lhe enfeitava a cabeça. Nas mãos um buquê de flores do campo. Seus cabelos longos formavam um lindo véu. O Corcunda estava bem vestido e também elegante, mas longe de ser um noivo o qual uma Princesa sonha em ter.
A cerimônia era simples. Os pássaros cantavam uma canção especial.
Havia um pastor na região, o qual casava todos do vilarejo. Ele disse:
-O Amor é paciente, é benígno não se envaidece, não se irrita tudo sofre tudo crê. O que for ligado na terra será ligado no céu. Eu os declaro marido e mulher.
O Corcunda havia feito uma linda aliança e colocou no dedo da Princesa. Quando ela colocou o anel no dedo do noivo apareceu uma linda fada - madrinha e disse:
-Eu o trouxe até este reino pois sabia que a Princesa Amor se apaixonaria por você, pois conheço seu coração . Hoje desfaço todos o males que aquela Bruxa Malvada os fez!
E ele se transformou num lindo Príncipe. Olhos azuis como o céu, cabelos negros como a noite e seu porte fisico muito elegante. A Fada então se despediu desejando muitas felicidades ao casal e disse:
-Rei Paciência, não precisarás mais viajar, seu feitiço foi desfeito.
Eles se olharam, a Princesa parecia estar nas nuvens, e exclamou:
-Oh! Meu amor, como sofreste!
-Sim meu amor, também sofrestes muito! Há muito fui enfeitiçado por uma bruxa má, a qual mandou uma peste assolar o meu Reino. Após meus pais morrerem e todos adoecerem não ficou satisfeita pois odiava a minha bondade e beleza. Condenou-me a ser feio e nunca ter uma esposa ,minha Rainha! Mas como o bem sempre vence, te encontrei e o seu amor e bondade me libertaram da maldição. Agora prometo fazê-la muito feliz. Proponho unir nossos Reinos!
-Sim meu Rei. Nossos Reinos serão um só.
A festa durou três meses. Agora a Princesinha era a Senhora Rainha Amor com seu Rei Senhor Paciência.
Todos estavam presentes: a Senhora Alegria, Senhor Coração Mole, Senhor e Senhora Bondade, Senhor e Senhora Justiça, Senhor e Senhora Caridade, as crianças Benevoléncia e Dualidade, Senhor Cordialidade e Senhor e Senhora Juventude. Não faltou ninguém. Até os animais vieram de todos os cantos para parabenizar o casal.
Rainha Amor e Rei Paciência reinaram com muita sabedoria e todos foram felizes para sempre!
FIM!