O SAPO E A SABIÁ
Você sabia que a sabiá
sabia assobiar?
Seria satírico saber
se o sábio não soubesse.
Só se sabe sobre o sábio,
é de sua sevícia cegueira
e seus sofrimentos cerebrais.
Serei sério e sincero,
se o sereno suave,
sair sem ser sentido.
A sabiá sabia assobiar,
sabia sussurrar e soletrar.
Só, o sapo só sabia saltitar.
Sentia se sem sucesso.
Sua sombra saltava, saltava...
Sobre os saltos dos sapatos,
sensibilizavam os sapateiros,
que sapateavam com seus sapatos,
as sortes de suas sobrevivências.
O sábio sabia sobre a sabiá.
Sabia sobre o sapateiro,
sobre o sapato e sobre o sapo.
Já o sapo solitário e sem serviço,
saltitava, saltitava, saltitava...
Saltitava até sair o sal
sobre o seu suor.
Sonhava sonhos de sapo.
Sonhava ser sedutor.
Sonhava com a sabiá,
que só sabia assobiar,
com seus sonhos secretos.
Seria simples sonhar,
os sonhos que se semelhavam aos dos cisnes?
Seria certo ser sapo, semi-analfabeto,
que só sabia saltar sem-fim, sobre semicírculo?
Saltava, saltava, saltava...
Saltava e sapateava o sapo,
sobre o som sonoro e sedutor,
dos sussurros satisfeitos da sabiá,
que só sabia assobiar,
mas não sabia sapatear.
Nova Serrana (MG), 11 de agosto de 2010.