O tempo e a gentileza
O tempo, com sua sabedoria,
Vinha ensinando a todos o que sabia,
Tudo alegava ter aprendido consigo mesmo.
O senhor tempo, impetuoso e sábio.
Sábio em si, sabia que ninguém sabia tanto quanto ele.
Enquanto cuidava de ensinar, ensinava para saber o que os outros saberiam, para que nenhum soubesse tanto quanto ele, o tempo.
Fazia questão de enfatizar:
- Ninguém sabe mais que o tempo. O tempo tudo ensina.
Em uma de suas aulas, a jovem dúvida lhe perguntou por que ele era o mais sábio de todos, ele respondeu:
- Porque eu sempre estarei presente em qualquer época. Sempre haverá tempo.
Então, o jovem inconformismo lhe disse:
- Mas Sr. Tempo, o tempo sempre passa, ele está sempre presente mas nunca é o mesmo. O tempo passa o tempo todo.
- Mas o tempo é eterno, sou eu que digo o tempo que cada um terá para aprender. Quando eu ver que alguém possa saber mais do que eu, eu tiro seu tempo de aprender.
Mas o jovem, inconformado, insistiu:
- Por acaso o senhor sabe Matemática, Sr. Tempo?
- Sim, toda a matemática do mundo.
Outro perguntou:
- O senhor sabe Filosofia, Sr. Tempo?
- Sim, toda a filosofia do mundo.
O pensamento perguntou assim:
- O senhor sabe retórica?
- Sim, e melhor que todos no mundo.
Foi quando a gentileza resolveu falar:
- O Sr. Sabe o que é não saber, Sr. Tempo? O senhor sabe como é a morte? O senhor sabe o que é sentir o tempo passar, envelhecer? O senhor sabe o que é não ter tempo, sr. Tempo?
O grande tempo então, impetuoso e soberbo, pela primeira vez se sentiu estremecido. Pela primeira vez, na sua eterna existência, pensou na possibilidade de que talvez não soubesse de tudo. Na sua angustia por ser derrotado por alguém tão simples, resolveu buscar tais saberes. Morreu tentando.
Moral: Ninguém sabe e nem precisa saber de tudo.