Imaginação
O pequeno Arthur, sempre ouvia seu pai sair para trabalhar e dizer que tinha que matar um leão por dia. Ele ali em seu mundo, ficava imaginando seu pai como o homem mais forte do mundo enfrentando o leão e matando. E pensava, porque meu pai mata leões? Ele sempre diz que é pecado matar.
Na escola seus colegas perguntavam onde seu pai trabalhava e ele dizia que não sabia, mas ele matava um leão por dia. Os amigos ficavam impressionados com o pai do amigo, e perguntavam se ele era muito forte.
Ele respondia que sim, ele era muito alto e forte e tinha um belo sorriso. Os amigos não entendiam como um homem que mata leões poderia ter um belo sorriso? A cara de mal seria obrigatória para um matador de leões.
Um dia a professora estava perguntando o que cada pai fazia e a criançada empolgada falava com orgulho o que o pai fazia por menor que fosse a profissão. Para a criança o pai é sempre seu herói, seu protetor.
Cada um falava o que seu pai fazia.
_ o meu pai faz pão bem cedo pra todos tomarem café de manhã.
_ meu pai passa o dia inteiro no hospital ele é médico.
_meu pai constrói casas para as pessoas morarem.
_meu pai corta cabelo.
E assim cada um falava com orgulho o que o pai fazia.
Quando chegou a vez de Arthur, ele ficou até de pé e falou com peito estufado.
_ Meu pai mata um leão por dia.
Um amiguinho que tinha um pai policia florestal disse:
_Meu pai disse que não pode matar animais.
A professora que já sabia que o pai de Arthur não matava leões e sim era um delegado disse:
- Não se preocupem o pai do Arthur é delegado, ele coloca ordem na cidade.
Se ele diz matar um leão por dia não é porque ele realmente mata um leão por dia. Apenas quando a pessoa tem muitos problemas difíceis para resolver todos os dias. Problema difícil é como matar um leão por dia. Assim como morrer de rir é apenas uma expressão quando rimos demais.
Arthur chegou da escola muito feliz, pois agora entendia o que seu pai falava e disse:
_Mamãe as provas irão começar e tenho que matar um leão por dia porque as provas são difíceis.
Quando seu pai chegou, ele o abraçou feliz, agora sabia que seu pai não matava leões e disse:
_ Descobri que o senhor é o melhor homem do mundo, não mata animais.
A mãe que já havia conversado com a professora disse:
Vou correndo para o trabalho, porque se eu chegar atrasada terei que engolir sapo.
Agora ele sabia que os adultos usavam frases estranhas para se expressar. E quis saber também o que era engolir sapo.
_ Engolir sapo é quando alguém fala o que você não quer escutar e você tem que ficar calado.
Arthur se sentiu quase adulto, pois agora sabia muita coisa sobre a maneira que os adultos se expressavam e não precisava imaginar tanta coisa.
Pegou seus carinhos colocou os bonecos dentro e deixou que sua imaginação o transportasse para seu mundo criança.
Débora Dantas