(9/40) Lolla é rica!
A fazenda não era mais a mesma. Depois de toda aquela novidade de herança para Lolla, era um tal de gente chegando perto da cerca para ver a ovelha rica e os comentários eram assim:
-Qual é a Lolla, a ovelha ricaça? - perguntavam sempre.
-É aquela lá, com o pelo da lã bem branquinho e uma pele de raposa sobre o lombo. - alguém respondia.
-É, ela nem parece saber da grana que tem!
-Provavelmente serão os donos dela que ficarão com tudo.
-Gostaria de casar com alguém da família para entrar nessa bolada.
-Fiquei sabendo que a Lolla deve ter até segurança para não acontecer nada a ela, senão: bye, bye herança!
- Eu quero mesmo é tirar uma foto com ela e ter um fiapo de sua lã.
-Dizem que ela tem sabedoria, por isso ficou herdeira da Sueli.
-Vocês estão é ficando doidos, da onde já se viu ovelha ser sábia? Elas são totalmente burras, precisam de pastor, seja homem ou cachorro, porque elas não têm a mínima idéia de onde ir ou o que fazer.
Do rebanho, Lolla observava aquelas pessoas das mais variadas, como objetos em vitrine.
-Eu não entendo essa mania dos humanos de repente alguma coisa ou pessoa passarem a ser importante só porque apareceu na mídia ou ganhou muito dinheiro. E antes, ela não existia? Não tinha seus valores, por que só são percebidas quando têm alguma coisa? - comenta Lolla com seu amigo Beto, o carneiro.
-Ora Lolla, vida de pessoas comuns não tem emoção! - responde Beto.
-Que história é essa?! Pois fique sabendo que as maiores emoções são os anônimos que vivem. Converse numa fila qualquer, tem histórias maravilhosas.
-Da onde você já conversou em fila?
-Que chatice, tudo você quer saber?
-Nesse instante, o susto! Eles vêem um jovem cair de cima da cerca que separava a fazenda da estrada.
Lolla sai correndo em disparada para ver o que aconteceu ao jovem. Encontra-o desmaiado. Dá-lhe uma lambida de carinho e vai correndo para a casa aos berros.
-Que foi Lolla? - pergunta irritado o Seu José.
-Corre, um rapaz caiu da cerca e desmaiou.
-Vou pegar o carro, pode ser que precisemos levá-lo para o hospital.
O grupo de curiosos fica sem ação, só observando quando são tomadas as providências de socorro do desajeitado jovem que queria ver melhor, e de cima, a ovelha rica.
-Seu José, eu quero ir ao hospital. - vai dizendo Lolla.
-Você não pode, é uma ovelha!
-Eu não entro, fico só no carro esperando. Pode ser que precisem de mim.
-“Coitada da Lolla tem hora que ela pensa que é gente”. - pensa Seu José.
Vão todos para o hospital. Lolla vai servindo de travesseiro para o acidentado. Depois de longa espera, dizem que é necessário fazer uns exames para ver se operam ou não. O jovem bateu com a cabeça no chão e constatam traumatismo craniano. Descobrem que o coitado não tem plano de saúde. Se for procurar por hospital público, vai demorar o atendimento e pode ter uma grande seqüela. Lolla fica sabendo e manda chamar Seu José.
-O que é necessário para fazer a cirurgia? - pergunta Lolla ao Seu José.
-Dinheiro, Lolla, dinheiro! - responde o homem revoltado.
-Espera aí, eu não recebi uma herança? E não posso gastar com o que eu achar que devo? Pois é, eu assumo as despesas da cirurgia. Afinal, eu me sinto responsável, se não fosse para me admirar ele não teria ido lá e muito menos teria caído. Tome as providências!
A notícia correu solta. Os jornais abrem as manchetes: “Lolla salva vida de jovem”, “Ovelha herdeira faz boa ação”, “Animal se responsabiliza por humano.”.
Enquanto isso, no aprisco...
-Lolla, em nome de todos, quero dizer que nos orgulhamos de você. - fala Beto cheio de emoção.
-Mãe, você disse que a Lolla é especial. - fala Cida, a caçulinha do rebanho para Rubenita.
-Ela é preciosa, filhota, ela é verdadeiramente rica! - responde Rubenita toda orgulhosa.
Continua amanhã...
A fazenda não era mais a mesma. Depois de toda aquela novidade de herança para Lolla, era um tal de gente chegando perto da cerca para ver a ovelha rica e os comentários eram assim:
-Qual é a Lolla, a ovelha ricaça? - perguntavam sempre.
-É aquela lá, com o pelo da lã bem branquinho e uma pele de raposa sobre o lombo. - alguém respondia.
-É, ela nem parece saber da grana que tem!
-Provavelmente serão os donos dela que ficarão com tudo.
-Gostaria de casar com alguém da família para entrar nessa bolada.
-Fiquei sabendo que a Lolla deve ter até segurança para não acontecer nada a ela, senão: bye, bye herança!
- Eu quero mesmo é tirar uma foto com ela e ter um fiapo de sua lã.
-Dizem que ela tem sabedoria, por isso ficou herdeira da Sueli.
-Vocês estão é ficando doidos, da onde já se viu ovelha ser sábia? Elas são totalmente burras, precisam de pastor, seja homem ou cachorro, porque elas não têm a mínima idéia de onde ir ou o que fazer.
Do rebanho, Lolla observava aquelas pessoas das mais variadas, como objetos em vitrine.
-Eu não entendo essa mania dos humanos de repente alguma coisa ou pessoa passarem a ser importante só porque apareceu na mídia ou ganhou muito dinheiro. E antes, ela não existia? Não tinha seus valores, por que só são percebidas quando têm alguma coisa? - comenta Lolla com seu amigo Beto, o carneiro.
-Ora Lolla, vida de pessoas comuns não tem emoção! - responde Beto.
-Que história é essa?! Pois fique sabendo que as maiores emoções são os anônimos que vivem. Converse numa fila qualquer, tem histórias maravilhosas.
-Da onde você já conversou em fila?
-Que chatice, tudo você quer saber?
-Nesse instante, o susto! Eles vêem um jovem cair de cima da cerca que separava a fazenda da estrada.
Lolla sai correndo em disparada para ver o que aconteceu ao jovem. Encontra-o desmaiado. Dá-lhe uma lambida de carinho e vai correndo para a casa aos berros.
-Que foi Lolla? - pergunta irritado o Seu José.
-Corre, um rapaz caiu da cerca e desmaiou.
-Vou pegar o carro, pode ser que precisemos levá-lo para o hospital.
O grupo de curiosos fica sem ação, só observando quando são tomadas as providências de socorro do desajeitado jovem que queria ver melhor, e de cima, a ovelha rica.
-Seu José, eu quero ir ao hospital. - vai dizendo Lolla.
-Você não pode, é uma ovelha!
-Eu não entro, fico só no carro esperando. Pode ser que precisem de mim.
-“Coitada da Lolla tem hora que ela pensa que é gente”. - pensa Seu José.
Vão todos para o hospital. Lolla vai servindo de travesseiro para o acidentado. Depois de longa espera, dizem que é necessário fazer uns exames para ver se operam ou não. O jovem bateu com a cabeça no chão e constatam traumatismo craniano. Descobrem que o coitado não tem plano de saúde. Se for procurar por hospital público, vai demorar o atendimento e pode ter uma grande seqüela. Lolla fica sabendo e manda chamar Seu José.
-O que é necessário para fazer a cirurgia? - pergunta Lolla ao Seu José.
-Dinheiro, Lolla, dinheiro! - responde o homem revoltado.
-Espera aí, eu não recebi uma herança? E não posso gastar com o que eu achar que devo? Pois é, eu assumo as despesas da cirurgia. Afinal, eu me sinto responsável, se não fosse para me admirar ele não teria ido lá e muito menos teria caído. Tome as providências!
A notícia correu solta. Os jornais abrem as manchetes: “Lolla salva vida de jovem”, “Ovelha herdeira faz boa ação”, “Animal se responsabiliza por humano.”.
Enquanto isso, no aprisco...
-Lolla, em nome de todos, quero dizer que nos orgulhamos de você. - fala Beto cheio de emoção.
-Mãe, você disse que a Lolla é especial. - fala Cida, a caçulinha do rebanho para Rubenita.
-Ela é preciosa, filhota, ela é verdadeiramente rica! - responde Rubenita toda orgulhosa.
Continua amanhã...