A PISADA DO GIGANTE

Quando o gigante pisou,

a terra estremeceu.

Quando pisou novamente,

esmagou,

depois chutou,

limpou o sapato

e quis examinar:

a barata.

O gigante não gostava de baratas felizes,

embora pensasse que se baratas tivessem nomes

talvez não as esmagasse.

Um nome ajuda muito,

por isso a rua Maria de Jesus

é mais do que uma rua

porque é Maria

e é de Jesus.

Baratas são mais fáceis

porque baratas não tem nome,

nem são de ninguém.

O Golias bateu o pé no vão da parede.

Saiu uma barata.

O gigante lembrou:existe no Rio de Janeiro,

a rua “Barata Ribeiro”.

Então aquela outra barata

era mais do que uma barata,

porque era Ribeiro e já era uma rua.

Poderia ser nome de lagoa com pedalinho

ou o Sedan com motor 1.0.

O gigante pensou,

pensou tanto que a barata fugiu

DO LIVRO: "O ÚLTIMO FOGUETE"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 02/03/2016
Reeditado em 13/10/2020
Código do texto: T5561023
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