NATAL - MENSAGEM CRISTÃ E PESSOANA (O guardador de rebanhos - VIII - Fernando Pessoa (Alberto Caeiro).)

Obrigado pela mensagem tão linda enviada, amei demais o sentido espiritual no eu lírico registrado no poema pessoano.

Quero abraçá-los e tê-los em meu coração. Se não os amei como devia - perdoem-me porque ainda não sou tão bom e santo como gostaria de ser - de ser como Jesus.

Vivamos cada dia como uma gota de eternidade, um segundo como um lírio de esperança, uma violeta como a flor de nossa fragilidade existencial.

Na gruta, o Salvador nos espera: na cruz, Cristo todo nos ama, na ressurreição, Jesus nos eleva ao Pai bondade sem igual.

Pense na Mãe Maria que o gerou e testemunhou nos pés da Cruz um amor incondicional por Jesus e por nós: como João A conduzamos à casa do nosso coração para sempre de tal modo que Ela nos ajude forjar o homem novo em nós na história em vista da vida Futura, sem medo, sem fim, sem morte... Amém.

"Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa." (João 19:26,27)

Feliz Natal com Jesus, Maria e José.

Feliz Ano vindouro.

João Bosco

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.

Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.

Ele é o humano que é natural,

Ele é o divino que sorri e que brinca.

E por isso é que eu sei com toda a certeza

Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina

É esta minha quotidiana vida de poeta,

E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,

E que o meu mínimo olhar

Me enche de sensação,

E o mais pequeno som, seja do que for,

Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo

Dá-me uma mão a mim

E a outra a tudo que existe

E assim vamos os três pelo caminho que houver,

Saltando e cantando e rindo

E gozando o nosso segredo comum

Que é o de saber por toda a parte

Que não há mistério no mundo

E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.

A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.

O meu ouvido atento alegremente a todos os sons

São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro

Na companhia de tudo

Que nunca pensamos um no outro,

Mas vivemos juntos a dois

Com um acordo íntimo

Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas

No degrau da porta de casa,

Graves como convém a um deus e a um poeta,

E como se cada pedra

Fosse todo o universo

E fosse por isso um grande perigo para ela

Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens

E ele sorri, porque tudo é incrível.

Ri dos reis e dos que não são reis,

E tem pena de ouvir falar das guerras,

E dos comércios, e dos navios

Que ficam fumo no ar dos altos-mares.

Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade

Que uma flor tem ao florescer

E que anda com a luz do sol

A variar os montes e os vales,

E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o

Levo-o ao colo para dentro de casa

E deito-o, despindo-o lentamente

E como seguindo um ritual muito limpo

E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma

E às vezes acorda de noite

E brinca com os meus sonhos,

Vira uns de pernas para o ar,

Põe uns em cima dos outros

E bate as palmas sozinho

Sorrindo para o meu sono.

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Quando eu morrer, filhinho,

Seja eu a criança, o mais pequeno.

Pega-me tu no colo

E leva-me para dentro da tua casa.

Despe o meu ser cansado e humano

E deita-me na tua cama.

E conta-me histórias, caso eu acorde,

Para eu tornar a adormecer.

E dá-me sonhos teus para eu brincar

Até que nasça qualquer dia

Que tu sabes qual é.

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Esta é a história do meu Menino Jesus,

Por que razão que se perceba

Não há de ser ela mais verdadeira

Que tudo quanto os filósofos pensam

E tudo quanto as religiões ensinam?

08-03-1914

Uma visão breve sobre a vida e a obra do maior poeta da língua portuguesa:

- 1888: Nasce Fernando Antônio Nogueira Pessoa, em Lisboa.

- 1893: Perde o pai.

O guardador de rebanhos - VIII

Fernando Pessoa

(Alberto Caeiro)

1925: Morre a mãe do poeta.

- 1934: Publica Mensagem.

- 1935: Morre de complicações hepáticas em Lisboa.

Extraído do livro "Fernando Pessoa - Obra Poética", Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 209.

J B Pereira e http://www.releituras.com/fpessoa_guardador.asp
Enviado por J B Pereira em 23/12/2015
Reeditado em 23/12/2015
Código do texto: T5488536
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