O SAPO QUE NÃO VIROU PRÍNCIPE
Era uma vez uma linda princesinha, seu nome era Fantasia. Fantasia vivia no mundo da lua por causa das historias contadas pela sua avó, carinhosamente chamada pela neta de Mãe Rainha. O seu mundo era cercado de fadas, duendes e muitos príncipes encantados.
Certo dia Fantasia estava próximo ao lago e percebeu um sapinho numa pedra. Ela olhou, sorriu, logo percebera naquele minúsculo anfíbio uma coroa. Pronto, levaria-o para o seu castelo, pois aquele príncipe não poderia ficar ali, contrariando aos familiares que não conseguiam enxergar a tal coroa. E os conselhos surgiram de todos os lados:
- Fantasia, pense bem. Esse sapinho não irá se acostumar fora d’água. E ele não é príncipe. São seus olhos. Devolve-o para o lago!
- Menina, sapo não vai se acostumar com a sua vida de princesa. Acorde!
- Fantasia, cada animal pertence ao seu reino, você não pode modificar essa ordem...
Ela sorria e ficava preocupada, pois estava lá a coroa naquele sapinho, mas ninguém a notava. Com tranquilidade respondia:
- Fiquem tranquilos, amigos. Esse sapinho é um príncipe!
Levou o sapinho para seu quarto, mas a transformação não aconteceu, percebera que ele parara de coaxar. Depois o levou para a cabeceira da cama numa vasilha com água, o sapinho adormecia triste ao lado de Fantasia. Noite após noite...
E o tempo passava lentamente, Fantasia vigiava o sapinho a espera de uma mudança radical naquela vida de sapo. Ela sabia que ele era diferente pois ela também era especial, e os diferentes se identificam à distância. Até que numa noite foi acordada com um lamento:
- Croc! Croc! Croc! Croc!
Que susto! Na sua cama havia um sapo enorme com os olhos tristes. E duas lágrimas escorriam!
- Mamãe! Tem um sapo chorando e pulando na minha cama!
A mãe de Fantasia era a Sra. Sabedoria, tranquilamente esperava por esse momento para dizer-lhe:
- Fantasia, nós te avisamos que aquele sapinho recolhido do lago não era diferente dos demais... Ele só fez crescer um pouco mais... Vamos retirá-lo do seu caminho.
Fantasia tentava retrucar, pois ela sabia que o sapinho estava pedindo socorro...
- Mas mamãe... O sapinho está triste. Mas ele é um príncipe, sim!
Dona Sabedoria não quis mais argumentar com Fantasia. Cada uma na sua certeza absoluta não aceitava intervenção. Tratou de devolvê-lo ao lago, antes que a jovem mudasse de ideia e persistisse em acreditar que “sapo vira príncipe”.
À distância Fantasia observava a festa que os outros sapos fizeram com a chegada daquele sapo tão feio. E pode ouvir de um Sapo Rei para a sua parceira:
- Minha Rainha, alegre-se, nosso príncipe voltou!
E naquele ambiente tão natural e familiar, o sapo foi abraçado pelos seus. Sorrindo, Fantasia pensou em falar com sua mãe o que ouvira, mas ela não iria entender, guardou para si e voltou feliz para o seu castelo no “Mundo da Fantasia”.
Elisabeth Amorim
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toque mais que poético ( Elisabeth Amorim)