E adianta, o a de anta?
Era rechonchudinha, lustrosa e até dengosa, a antinha. Acompanhando dona Anta, e seu Anto, levava uma boa-vidinha, preocupação - sob materna e paternal proteção - é o que não tinha.
Mas chegou seu dia de se apartar da mãe e do pai, ir para a escola, se alfabetizar. Afinal, no mundo globalizado, tudo é letrado. Doeu-lhe um pouco a separação, chegou soltar um ou outro solucinho, porém
entendeu logo que aquele era o caminho: ilustrar-se e quem sabe um dia pra cidade mudar-se.
Na clareira da floresta, aquela festa: tanto bichinho querendo aprender, para na vida vencer: o macaquinho, a oncinha, o veadinho, a eminha, a cobrinha, o urubuzinho...
E a molecada ia aprendendo o seu beabá, dia após dia, contudo a antinha nada entendia, 'era uma anta' lhe diziam colegas, assim que em meio à refregas, bulying e os pegas, a antinha, de cabeça tão durinha, desistiu. Dizia consigo mesma: não 'dianta - sem se dar conta nem do a de adianta.
Num ato, voltou pro mato. E prazer voltou a sentir, já bem tapir.