A MENINA QUE TINHA ASAS

Numa bela tarde de início de primavera, em meio a um jardim ainda sonolento de inverno, nascia uma menina.

Pequena demais para os padrões habituais, quase não podia ser vista a olhos nus... apenas com lupas.

Seus pais, pobres jardineiros daquela região, olhavam-na assustados, porque aos poucos, além de muito pequenina, perceberam também que a menina tinha asas, e então, a esconderam entre as flores. Chamaram-na JOANA.

Mas, como é próprio das cidades pequenas, a notícia logo se espalhou.

Todos queriam ver a ocorrência incomum, e o povo da cidade já a chamavam de Joana-“asinha”.

No jardim o fato não era novidade. A natureza já aguardava pelo acontecimento, pois aquela menina viria para enfeitar as flores.

Já esperavam pela beleza, pela poesia, e pelo colorido do seu vôo.

Carinhosamente, naquele jardim, havia nascido a primeira Joaninha.

O tempo passou e Joaninha se negou a crescer. Apenas seus sonhos cresciam. Queria voar alto, conhecer o mundo, mas suas asinhas não permitiam. Queria chegar às copas das árvores gigantes que tocavam o céu.

Certa vez, muito triste, conversou com um pardal:

-Senhor pardal, poderia me emprestar suas asas para eu enxergar o mundo? Sou leve, não lhe causarei nenhuma dificuldade...

Então, o passarinho gentilmente lhe cedeu suas asas e joaninha pousada sobre elas, alçou ao seu sonho.

Lá de cima, Joaninha pode ver o mundo cá embaixo.

-Nossa, que mundo! Nunca pensei que fosse tão confuso...

Desde aquele dia, Joaninha nunca mais saiu do seu chão.... preferiu fazer apenas seus pequeninos saltos rasantes, entre o mistério colorido das flores.