Doce pra leão...
Depois de ver um filme bem realista, e de cunho humanitário, justamente sobre uma caçada de javali por um bando de felinos de sua espécie, o jovem leão entrou num processo de depressão e amargor. A cena dos javalizinhos órfãos, se definhando sem o leite da mãe, foi o que mais o marcou.
Sem chegar a ser cristão, ainda que leão, e criatura de Deus, resolveu o leão não mais matar um seu irmão, bichinho ou bichão. Passou a observar como as zebras, os gnus, as girafas, e tantos outros herbívoros se comportavam, em aparente harmonia, todos pastando noite e dia. E se ameaça sofriam era justamente dos felinos, dos caninos tão sedentos de sangue - e tão cruéis.
Quis o leão aproximar-se de um grupo de gazelas para tentar um diálogo com elas, mas não foi bem sucedido. Num átimo se debandaram todas - menos uma que um guepardo faminto e expedito pegou em emboscada.
Deu zebra também com as zebras, que, pressionadas queriam escoiceá-lo com seus cascos poderosos e afiados. Com o elefante então, por pouco a pior levou quando com ele trombou.
Assim, só de vê-los de longe é que passou a imitá-los, ou tentou, comendo uma graminha aqui, outra ali, pensando que era alface. Já no terceiro dia, o estômago lhe remoía, não digeria e a barriga ia ficando
pesada, inchada. Mas continuou fazendo um esforço danado para pastar. E se enfraqueceu a tal ponto, que andava tonto, e nem mais conto.
Bastou um outro leão faminto por ali passar. E pro papo o mandar.