BELINHA, A ABELHINHA, E O URSO DUM DUM
Belinha era uma abelhinha operária que, junto com as companheiras, trabalhava muito na fabricação de mel. Mas a colméia, a qual pertencia Belinha, tinha um problema. Toda vez que a colméia estava cheia de mel, vinha o homem espantava as abelhas com uma fumacinha e levava tudo deixando as abelhas sem casa. A rainha já não sabia mais o que fazer. Foi aí que Belinha fez uma sugestão:
- E se fôssemos construir nossa casa lá no fundo da floresta aonde o homem não pode ir?
- Boa idéia! Exclamou a rainha concordando.
E lá se foram voando, para o meio da grande floresta, as abelhas e sua rainha. Chegaram. Escolheram uma árvore bem alta que, de tão antiga, tinha o tronco cheio de nós, e alguns dos nós eram ocos, bons para a construção da colméia. Começaram o trabalho. Belinha não parava servindo de exemplo para as outras abelhas. Sem parar o trabalho, ela dizia para as amigas que ali estavam livres do homem e não seria preciso mudar mais.
Dias depois a colméia estava pronta. As abelhas coletavam néctar das flores para a produção de mel. Tudo corria tranqüilamente quando ecoou no ar uma voz que era mais um zumbido.
- Ó de casa!
Uma das abelhas guardiãs, pondo a cabeça para fora da colméia, perguntou:
- Quem é?
- É o marimbondo, seu vizinho de árvore. Preciso falar com a responsável.
Belinha se apresentou, perguntando:
- Estou aqui. Qual é o assunto?
- Senhora dona abelhinha, agora que já estão instaladas precisam tomar cuidado com o urso Dum Dum. Ele adora mel e, quando por aqui aparece, come tudo... Não reparou que não há outras abelhas por aqui? Todas foram embora porque toda vez que a colméia estava cheia de mel, Dum Dum vinha e comia tudo deixando as pobrezinhas sem teto.
- E por que o urso tem este nome de Dum Dum? – perguntou ela.
- É porque ele é tão pesado que quando pisa no chão faz: dum dum dum dum.
Belinha agradeceu ao marimbondo e entrou com a carinha triste e pensativa.
- Viemos para cá fugindo do homem, agora tem um urso...
Foi falar com a rainha para, juntas, encontrarem uma solução. Fizeram reuniões e mais reuniões e a única solução a que chegavam era a mudança. Naquela noite Belinha não conseguia dormir só pensando no trabalho que tiveram para construir a colméia e por causa de um urso teriam de abandonar tudo e procurar outro lugar. Ela não ia permitir. Estava envolvida nesses pensamentos quando surgiu a idéia.
- É isso! Isso mesmo! Como não pensei antes! – exclamou entrando para dormir.
Mal o dia clareou, Belinha foi à presença da rainha para expor a sua idéia. A soberana das abelhas perguntou:
- Tem certeza que vai dar certo?
- Sim, majestade, certeza absoluta. Esperemos o urso aparecer.
Lá pelas nove horas da manhã chegou o urso Dum Dum farejando tudo sentindo o perfume saboroso do mel. Olhou para o tronco e, vendo a colméia no oco da árvore, ficou em pé para arrancá-la com as suas garras. Neste momento todas as abelhas se puseram em guarda na porta da colméia. Belinha, cheia de coragem, falou bem alto:
- Bem-vindo, caro urso Dum Dum! Nossa colônia está feliz em conhecer tão valente morador da floresta.
- Deixe de bobagem abelhinha! Eu quero o mel que está nesta sua casa. – disse o urso com o seu vozeirão fazendo as abelhas tremerem.
- Calma! Vamos fazer um acordo. Todos os dias nós lhe daremos dois favos de mel e você não destruirá a nossa casa. – propôs Belinha.
- Eu não preciso ficar em pé e me esticar todo para pegar os favos? – perguntou Dum Dum.
- Não. Você senta no chão e nós jogamos os favos no seu colo. – respondeu Belinha.
- Oba! Eu não gosto de me espichar para pegar nada. – reclamou o urso.
E assim foi feito. Todos os dias Dum Dum ganhava favos de mel enquanto as abelhas, seguindo o plano de Belinha, construíam outra colméia bem perto da copa da árvore para se instalarem definitivamente. E quando acabasse o mel da primeira colméia, o urso que fosse procurar onde ele bem quisesse, porque mel da colméia de Belinha ele nunca mais provaria, já que urso adulto e gordão não sobe em árvores.
E assim terminou a história com todas as abelhas felizes, pois, graças a inteligência de uma delas, nunca mais ficariam sem teto.
01/06/07.
(histórias que contava para o meu neto).