APOCALIPSE: TEMA, RESUMO, CAPÍTULOS, ESTRUTURA E TEOLOGIA ATUAL...

12. Apocalipse 12.12 “Por isso, ó céus, e também vós, seus habitantes, alegrai-vos”.

Reflexão da semana:

Neste 12º capítulo João nos fala da perseguição do dragão à mulher que iria dar a luz a um filho homem que iria reger todas as gentes sobre a terra. Mais uma vez a vã tentativa do mal querendo defrontar o bem. Construamos o reino dos céus dentro de nós para que muralhas erguidas sob o alicerce do amor jamais sejam transpassadas por forças inferiores. ‘...alegrai-vos’ ‘...alegrai-vos’ ‘...alegrai-vos’, pois todo aquele que vive com o Senhor tem sua proteção. Procuremos nesta semana fortalecer nossa fé, e sobre tudo, que seu exercício e prova estejam no nosso dia a dia, e não somente da boca para fora. Caso venhamos a sucumbir, não nos culpemos e nem a ninguém, pois a lei é justa, a lei se cumpre. De nada nos servem palavras bonitas se nossas ações não condizem com elas.

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João Bosco envia sobre o Apocalipse: resumo, tema e estrutura do livro.

josé joao bosco pereira 04:27

Para: erminia.luz@hotmail.com

http://www.paroquias.org/biblia/?m=13

Apocalipse

Apocalipse é um termo grego que significa "revelação".

"Revelação" é, na verdade, o título com que o último livro da Bíblia aparece em algumas edições.

O estilo deste livro é estranho para a cultura ocidental, mas enquadra-se perfeitamente na mentalidade semita.

As raízes desta literatura encontram-se no Antigo Testamento (Isaías, Zacarias, Ezequiel e sobretudo Daniel), mas também em vários livros judeus que não entraram na Bíblia: Henoc, 2 Esdras e 2 Baruc.

Estes últimos já foram escritos depois da destruição do Templo.

Foi principalmente nestes livros que se inspirou o autor do APOCALIPSE DE JOÃO.

GÉNERO LITERÁRIO É uma literatura própria das épocas de crise e de perseguição, em que se procura "revelar" os caminhos de Deus sobre o futuro, para consolar e encorajar os justos perseguidos, dando-lhes a certeza da vitória final.

Era muito comum no fim do Antigo Testamento e mesmo no tempo em que foi escrito o Novo Testamento, pois vivia-se um ambiente apocalíptico.

Estava-se no "fim dos tempos", isto é, adivinhava-se uma revolução global, com uma radical mudança no modo de ser e de viver.

Para isso, muito contribuiu a decadência do Império Romano e as guerras da Palestina, que levaram à destruição do Templo e de Jerusalém, no ano 70.

Daí os três textos apocalípticos dos Evangelhos Sinópticos, direta ou indiretamente ligados à destruição de Jerusalém: Mt 24-25; Mc 13; Lc 21.

LIVRO

Caracteriza-se por imagens grandiosas e simbólicas, constituídas por elementos da natureza, apresentadas em forma de visões e "explicadas" ao vidente por um anjo.

Tais imagens são tiradas do Antigo Testamento, dos apocalipses judaicos, dos mitos e lendas antigas. Assim, o papel dos anjos (7,1-3); o livro selado (5,1); o livro para comer (10,1-11); as trombetas (8,2); as taças (15,7); os relâmpagos e trovões (4,5; 10,3).

Estas imagens sugerem mais do que descrevem, e grande parte delas nada tem a ver com a realidade.

Trata-se de puros símbolos (1,16; 5,6; 21,16), que podem referir-se a pessoas, animais, números e cores, deixando ao leitor um espaço para alguma criatividade e "inteligência" (13,18; 17,9).

As visões simbólicas são projetadas no Céu, para dizer que pertencem ao mundo espiritual, da fé e o que nelas se revela acontece também na terra.

Duas forças antagônicas estão em luta permanente: o Dragão - a possível personificação do império romano, no tempo de Domiciano (81-96 d.C.) - e o Cordeiro: Cristo, Cordeiro pascal, é o vencedor de todas as forças do Mal.

OCASIÃO, FINALIDADE E AUTOR

A perseguição a que se refere o APOCALIPSE poderia ser a que açoitou as igrejas da Ásia no tempo do imperador Domiciano, por volta do ano 95.

Também havia as perseguições internas, isto é, as heresias, sobretudo os nicolaítas (2,6.15), os marcionitas e os que prestavam culto ao imperador.

O livro pretende responder à questão: "Quem manda no mundo? Os tiranos, os senhores da Terra, ou o Senhor do Céu?"

Este paralelismo entre o Céu e a Terra assegura aos crentes que Deus os acompanha a partir do Céu, e a História segue o seu curso na Terra sob o controlo de Deus e não sob o controlo dos poderes maus.

O "vidente" vive na terra, mas vê o que se passa no Céu e transmite aos seus irmãos sofredores a certeza de que Jesus está com eles e a sua vitória está para breve.

O simbolismo, por vezes irracional, de que o autor se serve para transmitir esta esperança aos perseguidos, assegura aos cristãos que o Reino de Deus ultrapassa a História que eles estão a viver, e ao mesmo tempo é uma linguagem secreta para os perseguidores.

O autor apresenta-se a si mesmo como João e escreve em Patmos - pequena ilha do Mar Egeu - onde se encontra desterrado por causa da fé (1,9).

A tradição identificou este João com o Apóstolo João, mas não existem argumentos suficientes para o comprovar (Mt 4,21; Jo 21,1-14).

ESTRUTURA E CONTEÚDO

O APOCALIPSE apresenta diversas hipóteses de estrutura.

Propomos uma divisão em duas partes, depois de uma Introdução (1,1-20):

Introdução (1,1-20):

Introdução e saudação: 1,1-8;

Visão do Ressuscitado: 1,9-20.

I. Cartas às Sete Igrejas (2,1-3,22):

Sete cartas às igrejas: Éfeso, Pérgamo,

Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.

II. Revelação do sentido da História (4,1-22,5):

O trono de Deus: 4,1-11;

Sete selos: 5,1-8,5;

Sete trombetas: 8,6-11,19;

Sete sinais: 12,1-15,4;

Sete taças: 15,5-16,21;

Queda da Babilônia: 17,1-19,4;

Triunfo de Cristo. Nova Jerusalém: 19,5-22,5.

Epílogo ou fim do livro (22,6-21).

TEOLOGIA cristã atualizada

O APOCALIPSE exprime a fé da Igreja da "segunda geração cristã", isto é, do tempo dos discípulos dos Apóstolos. A doutrina do Corpo Místico (Jo 15,1-8; 1 Cor 12,12-27) recebe aqui nova dimensão: Cristo está no meio dos sete candelabros (1,13) e tem na mão direita as sete estrelas (1,16), símbolos das sete igrejas, que personificam a Igreja universal; Ele é apresentado no mesmo plano que Javé e com os mesmos atributos: é "o Senhor dos senhores e Rei dos reis" (17,14; 19,16), aquele que tem um "nome que ninguém conhece" (2,17; ver 1,8.18; 2,27; 3,12; 14,1; 15,4; 19,16).

Deus é o único Senhor da História, apesar das forças conjugadas de todos os senhores deste mundo; por isso, acontecimentos do Antigo Testamento, como o Êxodo, as pragas do Egito, teofanias, destruições... servem de pano de fundo das novas intervenções de Deus na História do presente.

No meio desta História, a Igreja aparece como espaço litúrgico onde o Cordeiro tem presença permanente, fazendo da comunidade "o céu" na terra.

Isso não impede que as forças do Mal estejam em luta constante com ela (e com o Cordeiro: 2,3.9.10.13; 3,10; 6,9-11; 7,14).

Por isso, o APOCALIPSE não pretende predizer nem "revelar" pormenores sobre o futuro da Igreja e da Humanidade, mas conferir a certeza absoluta na bondade de Deus, que se manifestou em Cristo.

Também, não "fecha" a Bíblia; mas abre diante do leitor crente um caminho de esperança sem fim: "Eu renovo todas as coisas." (21,5) "Eu venho em breve (...). Vem, Senhor Jesus!" (22,7.20).

http://www.paroquias.org/biblia/?m=13
Enviado por J B Pereira em 02/12/2014
Código do texto: T5055646
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