O Tesouro das Areias Douradas

A vida simples dos moradores de Areias Douradas inspira muitos viajantes a cantar em prosa e verso a felicidade que desfrutam. Gente humilde e sossegada trabalha arduamente arando os campos ou pastoreando seus animais domésticos. Da terra extraem a subsistência e a vida corre serena como as límpidas águas de seus regatos.

Naquele lugarejo pacífico, a manhã saúda a todos sob o canto dos pardais e o sol surge em meio à névoa fria da corrente de ar que lhe banha as areias semiadormecidas. As ruas sinuosas rapidinho se enchem de mercadores, a freguesia desperta ao soar das vozes dos feirantes.

As barracas se estendem ao redor da praça principal e, no meio delas, a bela Naiara marca sua presença vendendo verduras e legumes com sua voz adocicada e a beleza de tirar o fôlego.

“Bom dia, minha pérola!”, saúdam-lhe respeitáveis senhoras.

“Deus te felicitará com uma ótima renda!”, profetizam nobres senhores.

Naiara é filha de lavradores e muito dedicada ao trabalho, pois dele retira todo o sustento para amparar seus pais, já avançados na idade, inválidos para a dureza dos campos na luta diária batendo terra.

Suas verduras são colhidas na própria horta que mantém no quintal da casa, regadas pela água salobra da cacimba, todos os dias, com habilidosa paciência.

Certa feita apareceu no local um militar buscando moça prendada para casar e se deparou com a beleza fascinante e o desprendimento pelo trabalho peculiares de Naiara.

Durante alguns dias passaram o tempo conhecendo-se um ao outro, até que, resolvida, resolveu entregar-se e contrair matrimônio ao homem que lhe prometera felicidade até ao final dos dias, mas sob uma condição: seus velhos morariam com eles.

O oficial aceitou a proposta e se uniram perante as leis de Deus.

As leis do coração deram mais sentido à vida, pois mantiveram ao seu lado os pais queridos, e o homem que a desposara se orgulhava muito deste amor proporcionado por Naiara, o tesouro das areias douradas.

Para sempre! Foram felizes!