As Aventuras do Estrelinho Azul
Aventura de hoje: “O pardalzinho da praia”
Num lindo dia de Sol, um Estrelinho Azul que brincava no parquinho de sua cidade, de nome Constelação, lá no Céu, sentiu uma vontade muito grande de subir no muro de flores que separava o Céu, lá em cima, da Terra, lá em baixo.
O Estrelinho Azul era uma criança muito sapeca, por isso ele subiu no muro se pendurando em um galhinho de uma roseira e ficou sentado em cima do muro, balançando o corpinho para lá e para cá. Todo feliz da vida.
Lá de cima do muro, o Estrelinho Azul ficou olhando para a Terra, lá em baixo, se divertindo a valer com os banhistas que andavam para lá e para cá na praia, tomando banho nas águas do mar, azulzinho, azulzinho... Da cor do Estrelinho Azul.
De tanto se balançar, para lá e para cá. O Estrelinho Azul perdeu o equilíbrio e caiu em direção à Terra.
O Estrelinho Azul foi caindo, caindo, caindo... Até chegar nas areias da praia.
Como o Estrelinho Azul era muito forte, ele não se machucou.
O Estrelinho Azul muito esperto, limpou a areia das pontas que serviam de braços e pernas, e depois correu até o mar, azulzinho, azulzinho, e deu vários mergulhos. Brincou com as ondas e disse “Olá!” para um peixinho dourado que passava por perto, todo contente com o dia de Sol que iluminava tudo, e depois, voltou para a areia e foi beber água de coco debaixo do guarda-sol.
O Estrelinho Azul estava deitado na areia de barriga para cima, todo contente, cansado de tanto nadar no mar azul quando ouviu uma voz bem pequeninha, falando baixinho.
-Socorro! Socorro!
Muito preocupado com o pedido de socorro, o Estrelinho Azul deu um pulo e ficou de pé, olhando para todos os lados procurando o lugar de onde estava vindo o pedido de socorro.
Um pouco distante de onde o Estrelinho Azul estava, ele viu um pardalzinho coberto de suor e vermelhinho, vermelhinho de tanto calor em cima de um montinho de areia que brilhava à luz do Sol muito forte. Então, o Estrelinho Azul correu até o pardalzinho e perguntou, muito preocupado.
-Oi, amiguinho! Quem é você? Foi você que gritou por socorro? – o pardalzinho respondeu com a voz bem fraquinha:
-Oi, amiguinho! Eu sou o Pardal Zinho! Foi eu sim, amiguinho! Você pode me ajudar a voltar para o meu ninho? Cai do ninho porque eu estava sentado na beirada dele me balançando e aí, eu me descuidei e cai aqui na areia. – o Estrelinho Azul assentiu com um sorriso amarelo:
-Hiiii, amiguinho! A mesma coisa aconteceu comigo. – e depois de dar risadas divertidas pela coincidência dos desastres, o Estrelinho Azul completou: -Posso sim, amiguinho! Onde fica o seu ninho? – então o pardalzinho respondeu, cheio de esperança:
-Fica bem ali pertinho, naquele galho de castanhola. – e apontado para cima, o pardalzinho indicou com a ponta da asinha coberta com ralas penugens para uma árvore que estava pertinho dali.
O Estrelinho Azul olhou para a árvore, viu que o galho estava muito alto e, desolado, falou para o pardalzinho:
-Amiguinho, eu gostaria muito de lhe ajudar, mas, eu sou muito pequeno e não tenho força suficiente para te carregar nas costas até o teu ninho.
E então, ficaram os dois amiguinhos, muito tristes, sem saber o que fazer, até que o Estrelinho Azul, com um grito de alegria, todo contente, falou para o pardalzinho:
-Já sei, amiguinho! Vou pedir ajuda para o meu Tio, o Sol. Ele vai nos ajudar.
E aí, o Estrelinho Azul olhou para cima e falou para o poderoso Sol:
-Ei, Tio! O meu amiguinho aqui, está precisando de ajuda. Você que é tão forte, tão poderoso, pode me ajudar a ajudar o meu amiguinho?
O poderoso Sol, olhando para o Estrelinho Azul, com seu vozeirão, respondeu:
-Meu jovem sobrinho, eu gostaria muito de lhe ajudar a ajudar o seu amiguinho, porém, se eu sair do meu lugar, a Dona Luz que é muito fujona, vai embora e tudo vai ficar escuro e as pessoas e os animais que estão aproveitando o Domingo de Sol vão ficar muito tristes. Desculpa, Estrelinho Azul, mas agora eu não posso lhe ajudar. Quem sabe mais tarde... Está bem?
O Estrelinho Azul era persistente, não queria desistir ainda... Então, ele olhou novamente para cima e viu uma de suas Tias mais bondosas, a Nuvem Cumulus, que gostava de ficar bem baixo, perto da Terra. E aí, o Estrelinho Azul gritou bem alto para a Tia Nuvem:
-Tia Nuvem! Ei, Tia Nuvem! Você está me ouvindo, Tia? – então a Nuvem Cumulus respondeu:
-Estou sim, menino levado! O que é que você está fazendo aí em baixo, tão longe de casa?
O Estrelinho Azul respondeu para a Tia Nuvem Cumulus;
-Hiiii, Tia! É uma longa história, não dá para contar agora... Desculpe-me, Tia! O negócio é o seguinte, Tia! O meu amiguinho aqui... – e o Estrelinho Azul apontou para o pardalzinho – está precisando de ajuda para voltar para o seu ninho... Ele está sentindo muito calor e está suando muito. Acho que ele vai pegar uma insolação... A senhora pode ajudar a gente, nos carregando até o ninho do meu amiguinho? – a Nuvem Cumulus então, respondeu:
-De que jeito, meu filho? Eu não tenho braços e nem mãos... Nem sequer posso chegar aí em embaixo...
Sem desistir, o Estrelinho Azul ainda teimou: -Então, Tia! Faz um pouco de sombra para ele... O coitado está com muito calor. Olha como ele está vermelhinho!
A Nuvem Cumulus, muito nervosa e consternada, respondeu:
-De que jeito, meu filho? Eu não tenho pernas e nem pés... Eu só posso andar quando o seu Tio, o Vento, me empurra com o seu sopro... E falando no seu Tio Vento, olha ele passando aí do seu lado... – então, o Estrelinho Azul ficou gritando, pulando e agitando as pontas de estrela para chamar a atenção do poderoso Vento, seu Tio.
-Tio Vento! Ei, Tio Vento! Tio Vento, ajuda aqui, Tio!
O poderoso vento que agita as ondas, sacode a areia, balança as palhas dos coqueiros e espanta o calor nos dias de muito Sol, interrompeu a sua corrida por cima das ondas do mar e se aproximou do Estrelinho Azul para ouvir o que ele queria falar.
-Tio Vento, o meu amiguinho aqui, o Pardal Zinho, está precisando de ajuda para voltar para a casinha dele... – e o Estrelinho com a ponta direita indicou um ninho engatado num galho bem alto da castanhola – é aquele ninho ali, ó...
Porém, o poderoso Vento respondeu que, naquele momento, não poderia ajudar o Estrelinho Azul e seu amiguinho, porque estava indo soprar as velas da jangada de uma família de pescadores. No entanto, o poderoso Vento se dispôs a chamar a sua filha, a delicada Brisa do Mar para ajudar os dois amiguinhos.
Daí a instantes a delicada Brisa do Mar chegou mansinha do alto mar e, enquanto pedia ajuda do seu agitado irmão, o Redemoinho, para refrescar o calor intenso, soprou a Tia Nuvem para ficar por cima dos dois amiguinhos, fazendo uma sombra bem refrescante. No mesmo instante, o agitado Redemoinho, que tinha o apelido de Pé-de-Vento, soprou o Pardal Zinho e o Estrelinho Azul para cima do galho de castanhola e os deixou em segurança dentro do ninho do Pardal Zinho.
Depois que deixou os dois amiguinhos, o Redemoinho, apelidado de Pé-de-Vento, deu uma cambalhota e saiu agitando areia, folhas e toalhas que estavam espalhadas pela praia e foi embora, dançando e dando gostosas risadas e fazendo “Fuuuuschhhh! Fuuuuschhhhh!
O Estrelinho Azul e o Pardal Zinho, bem seguros em cima do ninho, ficaram conversando e brincando com os outros pardaizinhos até que a noite chegou... E aí, quando a Lua Cheia apareceu por cima das águas do mar, o Estrelinho Azul se despediu de seus novos amiguinhos, desceu do galho de castanhola até a areia e chamou a Lua Cheia, uma das tias mais queridas do Estrelinho.
-Tia Lua Cheia! Ei, Tia Lua Cheia! Você pode lançar um raio de luz prateada
até aqui em baixo...
Muito surpresa, a Lua Cheia olhou para baixo e perguntou ao Estrelinho Azul antes de lançar o raio de luz:
-Menino levado, o que é que você está fazendo aí embaixo, na Terra, criança? A sua mãe, a Estrela Dalva, sabe que você está tão longe de casa, sabe?
-Sabe não, Tia! Quando eu voltar para casa eu conto tudinho para ela, Tia! – e o Estrelinho Azul cruzando as pontinhas de estrelas diante da boca, jurou muito sério: “Eu prometo!” – e aflito porque estava de noite e ele ainda não tinha voltado para casa, o Estrelinho Azul, impaciente, perguntou para a Lua Cheia – Tia, você pode jogar um raio de luz bem depressa para mim? Por favor?
Aí, a Lua Cheia, compreendendo a aflição do Estrelinho, jogou um raio de luz prateada que se estendeu do Céu até a Terra. Então, o Estrelinho se despediu mais uma vez dos amiguinhos Pardal Zinho e seus irmãos, e mais do que ligeiro, subiu pelo raio de luz, chegou ao Céu e foi correndo até a sua casa.
Quando o Estrelinho chegou em casa, a sua mãe, a Estrela Dalva, perguntou muito zangada:
-Estrelinho, onde é que você estava o dia todo sem dar notícias, menino?
-Hiiii... Mamãe! Eu estava brincando no parquinho, subi no muro de flores e sem querer, escorreguei e caí na Terra, lá em baixo. – baixando a cabeça, todo encabulado de vergonha, o Estrelinho Azul, de olhos baixos, falou para mãe dele - Desculpe, mamãe, por ter deixado você ficar muito preocupada comigo. Prometo que não faço mais isso.
Percebendo que o Estrelinho tinha agido muito mal por ficar tanto tempo fora de casa sem dar notícias, a Senhora Estrela Dalva, determinou que ele ficasse dez minutos sentados no “Banquinho de Pensar” até aprender a não fazer mais esse tipo de aventura. Depois disse para ele ir tomar banho e trocar de roupa para poder jantar, bem limpinho e cheirosinho, enquanto pensava:
“Esse Estrelinho tem muita imaginação... Onde já se viu, uma estrela cair na terra e depois voltar para o Céu? Criança diz cada uma...”