DONA ARANHA! ACEITA UMA CASTANHA?
De um buraco feito no tronco de um castanheiro, o esquilo Dentinho observava uma aranha que construía a sua casa. Ela puxava o fio, esticava e ia tecendo a teia entre dois galhos de uma amoreira. O que mais encantava o esquilo era a perfeição. Ele pensava e falava ao mesmo tempo:
- Aranha não voa. Como consegue colar os fios no outro galho?
Um esquilo mais velho que morava no mesmo castanheiro, dois buracos acima da moradia de Dentinho, ouviu e respondeu:
- Amigo, ela vai andando pela árvore carregando atrás de si o fio, sobe no segundo galho e lá ela prende o fio que é viscoso.
E ficaram os dois amigos olhando para aranha trabalhando. Um coelho que passava por ali ficou intrigado:
- Dentinho, por que está olhando para a amoreira?
- Estou vendo a dona aranha construir a sua casa.
- E o que tem isso demais? – perguntou o coelho.
- Arte, muita arte. Veja o desenho, a perfeita colocação dos fios. Não há emenda entre eles. Dá gosto de ver.
O coelho, enquanto o esquilo falava, prestava atenção no vai-e-vem da aranha. E vendo muita beleza naquela obra, saiu em disparada para avisar os outros bichos. Em menos de dez minutos já não havia lugar para tanto curioso. A aranha já havia terminado o seu trabalho quando desabou uma grossa chuva acompanhada de vento forte. Os bichos procuraram abrigo em troncos e tocas. Enquanto eles esperavam o temporal passar, diziam que o trabalho da dona aranha seria desfeito pelo vento e pela chuva.
Depois de um tempo, o temporal passou e os animais foram saindo de seus abrigos para ver como estava a casa da dona aranha. Imaginavam que iam encontrá-la chorando pela casa destruída. Qual nada! A casa lá estava no mesmo lugar com uma diferença.
- Olhem! – gritou uma cotia – A casa está enfeitada com bolinhas de cristal!
- Cara amiga cotia, não são bolinhas de cristal, são as gotas da chuva presas pelo visco do fio de seda. Se você olhar atentamente verá que a luz do sol criou um arco-íris dentro de cada uma delas. – disse o coelho.
- Acho que a dona aranha devia ganhar um prêmio pelo seu belo trabalho de arquitetura. – falou a capivara.
- E que prêmio nós podemos dar? – questionou o coelho.
- Ora! Pergunte ao esquilo Dentinho. – respondeu a capivara.
A aranha, que ainda ajustava alguns fios da teia, ouviu a falação:
- Nossa! Eles querem me dar um prêmio. Seria bom que fosse uma mosca... – pensou ela.
Então, Dentinho caminhou para a amoreira e, olhando para cima, disse:
- Dona aranha, por votação unânime, os bichos, aqui presentes, decidiram premiá-la pelo seu magnífico trabalho. O prêmio é simples, mas concedido com muito amor e sinceridade. Por isso eu lhe pergunto: Dona aranha! Aceita uma castanha?
E a aranha escorregou por um fio indo se juntar aos animais para comemorar a premiação. Se ela comeu a castanha ninguém sabe. O que se sabe é que a amoreira virou atração turística com excursões, programadas pelos macacos, para visitação à casa da dona aranha que ficou famosa na floresta.
22/05/07.
(histórias que contava para o meu neto)