O Pedido de Lanci

Sou uma pétala de flor, soprada pelo vento, sem local certo para ficar. Percorro longos caminhos, desde que me despreguei da haste de uma linda tulipa fincada às margens do rio.

Atravesso dias e noites, contemplo paisagens diversas e sofro a mudança das estações. Corta-me o frio do inverno, sufoca-me o sol de verão, vejo quando folhas de outras árvores - minhas primas - ficam amarelas no outono e tenho sentido o contentamento de todas as minhas amigas ao desabrocharem na primavera.

Impressionei-me com a marcha incessante das formigas levando consigo partículas de folhas de outras famílias, assustei-me ante as investidas de abelhas ferozes buscando a substância açucarada para o fabrico do seu mel.

Vislumbrei pessoas em suas aldeias construindo suas palhoças, homens e mulheres juntando palhas para fazerem sua coberta, ou ainda, mãos habilidosas trançando umas sobre as outras criando lindas peças de artesanato.

Meu nome é Lanci, devido ao meu formato igual ao desenho da ponta de uma lança e todos acham engraçado quando em conjunto compomos uma flor no estilo de um turbante de cabeça para baixo.

Durante a madrugada é o instante em que fico mais tristonha e solto a lágrima cristalina rolada por intermédio do orvalho.

Um dos momentos mais ternos que vivenciei foi quando observei um casal de passarinhos construindo um ninho, repondo pacientemente os raminhos em suas bordas e com as próprias penas o atapetaram ao redor para dar mais conforto e segurança ao bebê prestes a nascer.

Agradeço ao Papai do Céu por estar presente em várias passagens da vida mas, sabe?, eu preciso de um lar...

Você, por acaso, não me aceitaria para brincarmos e saudarmos à alegria?

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 28/09/2014
Código do texto: T4979304
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