A Doce Lembrança
O pequeno Rodolfo e a família resolveram visitar a avó Risoleta, que morava na região dos campos. Ao aproximarem-se da pequena fazenda, logo avistaram a velha chaminé expelindo fumaça a céu aberto.
Todos aplaudiram a esplêndida visão ao mesmo tempo em que mentalizavam o sabor das guloseimas preparadas pela amável senhora.
A estrada era de barro e o carro passava rente à cerca de pau-a-pique que servia de proteção aos animais de sua criação.
A casa tinha um aspecto de bem cuidada, pintada recentemente a cal, e tinha como segundo plano uma linda moldura montanhosa azulando ao longe.
Ao chegarem, o pai de Rodolfo buzinou festivamente e, logo após, uma senhora toda sorriso assomou no alpendre:
“Ora, ora, ora, se não são meus queridinhos!”, e saiu abraçando a todos, pedindo desculpas pelo avental estar “ensopado” de legumes.
A vaquinha Mococa deu as boas-vindas com um sedoso mugido - múuu, múuu! e todos desataram em risos quando o porquinho Rifinha e o galo Grinaldo com toda a sua parentela formaram um corredor para render-lhes as homenagens.
Após as devidas cortesias, todos fizeram um passeio pelos arredores, banharam-se no rio, deliciaram-se com suculentas frutas e contemplaram uma paisagem de encher os olhos.
“Vovó, conta aquela história do vaqueiro que perdeu seu cavalo e, quando foi procurá-lo na mata, não mais voltou”, solicitou Rodolfo em meio à roda formada pela família, quentando o frio da noite sob o clarão de uma fogueira a arder no meio do terreiro.
E vovó Risoleta foi tecendo o fio daquela história, de mais outra, e outra, várias, enchendo o coração daquela gente de temor e alegria frente ao inesperado.
Acima, pontinhos luminosos bordando um céu atencioso e mudo davam um certo ar de mistério ao espetáculo que ficou gravado para sempre na mente de Rodolfo.