A casa voadora

Zuza e Tita eram duas crianças abandonadas pelos pais. Eram muito pequenos e já lutavam sozinhos para sobreviver.

Ele era apenas dois anos mais velho que sua irmã, mas já sabia pescar e muito bem, pescando até seis peixes por dia. Acordavam cedo e já iam para o rio pescar, depois vendiam e sobreviviam do pouco que ganhavam.

Certo dia, mesmo com um forte temporal, o corajoso Zuza e sua irmã Tita saíram para pescar. Os raios clareavam o caminho e depois ficava tão escuro que não conseguiam nem saber em que direção caminhar.

Eles ficaram a manhã toda a beira do rio e nada pescaram. Já estavam tão molhados que se os torcessem encheriam um barril d’água. Titã insistia que seu irmão fosse embora, quando de repente o teimoso Zuza gritou animado.

-Tita, peguei um peixe e pelo jeito é dos grandes. A menina ficou muito contente e ao mesmo tempo assustada, pois nunca pescaram um peixe tão grande.

-Zuza, quer ajuda? Perguntou a menina.

- Preciso sim, está pesado é dos grandes mesmo.

Depois de algum tempo e com muito esforço, conseguiram a enorme façanha. Sorriam alegres por terem conseguido uma boa pesca, mas ainda não conseguiam ver o que pescaram. Mas, logo um relâmpago iluminou todo gramado ao redor do rio e eles tiveram uma grande surpresa. Não era um peixe e sim uma enorme garrafa como jamais viram antes.

Ficaram se perguntando, seria de algum gigante ou de um monstro beberrão? Admirados e incrédulos com o que seus olhos viam, permaneceram em silêncio e paralisados.

Quando em meio aquele silêncio ouviram alguém dizer:

-Não tenham medo, abram a garrafa e terão uma boa surpresa. Eles se olharam e devagarinho começaram a puxar a grande rolha que tampava a garrafa.

Tita tremia de medo e Zuza apenas rezava para que fosse realmente algo bom. Quando destamparam nada aconteceu e ficaram muito decepcionados, mas foi por pouco tempo. Logo ouviram uma voz muito grossa pedindo que eles fechassem os olhos e contassem até três. Contaram até três e quando abriram os olhos estava a sua frente uma casa muito bonita, como jamais imaginariam tê-la um dia.

Ficaram tão felizes, que entraram na casa correndo para admirá-la. Parecia um sonho nunca viram uma casa tão bonita. Havia um quadro na parede e Tita ficou admirando a paisagem que era muito bela e logo acima tinha algo escrito e a menina muito curiosa, pediu para seu irmão ler e Zuza leu em voz alta ... Kalazunga. Acabou de dizer a palavra e a casa começou a voar. Correram até a janela e começaram a sorrir, era muito bom poder voar como os patos selvagens. Sempre tiveram vontade de ser um deles.

A casa voou, voou e quando já estava anoitecendo a casa começou a baixar e perceberam que estavam em outro lugar. Era a terra dos pavões, um lugar lindo onde tudo era azul. As árvores eram azuis, as águas do rio, tudo era azul cintilante. Tinha pavões para todos os lados exibindo suas plumagens azuis.

Ficaram muito tempo na terra azul, mas queriam voltar para casa. Ganharam um envelope azul de lembrança antes de partir. Eles disseram a palavra mágica e logo estavam de volta.

Quando abriram o envelope, tinha várias penas azuis que aos pouco foram se transformando em dinheiro. Então pintaram sua pequena casa de azul e ao pintá-la, ficara tão linda quando a casa voadora e sempre que precisavam de ajuda o pavão azul sobrevoava sua casa e deixava cair suas penas azuis.

Débora Dantas dos Santos