O que as manifestações populares organizadas nas redes sociais têm a ver com arte?

A exposição 140 caracteres, que acontece entre os dias 28 de janeiro e 16 de março deste ano, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, busca mostrar a relação entre arte e manifestações em redes sociais.

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"Folíngua", obra da artista Lia Chaia

O MAM, além de um espaço expositivo que mantém exposições temporárias, é um espaço de reflexão que possui salas de aula, biblioteca e cursos sobre arte, moda, fotografia e outros temas.

A exposição 140 caracteres é resultado de um desses cursos, o Laboratório de Curadoria, ministrado pelo curador do museu, Felipe Chaimovich. O objetivo do curso, para além de apresentar um panorama histórico de modelos de curadoria, era que os participantes pudessem juntos elaborar uma curadoria para as obras do acervo do MAM.

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"Telhado", obra do artista Marepe

Cento e quarenta caracteres é o máximo de caracteres que uma pessoa pode utilizar para divulgar uma ideia dentro do Twitter. Cento e quarenta caracteres é pouco mais do que este parágrafo!

A rede social Twitter exige que seus usuários sejam sucintos, que consigam reduzir, sintetizar em poucas palavras aquilo que desejam comunicar aos outros usuários, e a exposição de arte, que faz referência a essa rede social, apresenta 140 obras que são parte do acervo do museu divididas em duas salas, a primeira e maior, que apresenta uma série de retratos e máscaras produzidas pelos artistas que integram o acervo, e a outra, um pouco menor, que apresenta obras mais políticas.

Enquanto os retratos e máscaras mostram aos visitantes do espaço as diversas formas de representação de um indivíduo, as obras políticas, com imagens fotográficas do tempo da ditadura militar, ou instalações com entulhos, fazem referência às principais reivindicações das manifestações populares brasileiras organizadas no meio do ano de 2013: maior infraestrutura para as cidades, maior atenção aos mais necessitados, educação e saneamento básico para toda a população.

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"Transestatal", obra de Marcelo Cidade

A mostra coletiva, que reúne obras do acervo do MAM, sintetiza visualmente em 140 obras e artistas o desejo por mudanças que os jovens, principais organizadores das manifestações do ano passado, mostraram inicialmente em redes sociais, utilizando no máximo 140 caracteres.

Por se tratar de uma curadoria coletiva, fruto de um curso proposto pelo próprio MAM, mais uma vez, agora, nas artes visuais, o coletivo de curadores construiu uma única exposição que integrou o desejo de todos os participantes do curso. Em uma única voz, como nas manifestações de junho passado, a arte se fez presente.