A FORMIGUINHA FIZUNGA


Na orla de um bosque, estendia-se um campo enorme, cheio de formigueiros. Aos quais as formigas chamavam de “Reinos”.

Em um desses reinos das formigas, morava uma formiguinha de nome Fizunga. Era como suas coleguinhas, muito trabalhadeira. Trabalhavam dia e noite o ano inteiro. Só tiravam férias durante o inverno, quando ficava muito frio. Ela era uma formiguinha que morava bem ao sul do país, onde no inverno até cai neve.

Ela tinha uma diferença das demais, era muito inteligente, persistente e de bom coração. Ajudava muito suas amiguinhas e as demais formigas.

Fizunga e suas coleguinhas, no reino, eram chamadas de operárias, porque eram responsáveis para trazer alimentos para o reino e alimentar - a Grande Formiga Rainha, que era a mãe de todos . Tratavam dos “formiguinhos” que viravam soldados do reino, das formigas velhas que não podiam mais trabalhar, cuidavam dos ovos e alimentavam os filhotes. Eram além de trabalhadoras, também babás.

Os soldados eram aqueles de capacete grande, que os deixavam cabeçudos e cresciam neles ferrões parecidos com alicatinhos. Os “meninos-formigas” eram treinados para defender o Reino contra os inimigos. Quem já tomou uma picada de formiga sabe que dói e arde bastante.
Pois bem, conhecendo a vida de Fizunga e seu reino, vamos à sua aventura:

Estava chegando os ventos frios do inverno e as coleguinhas de Fizunga já haviam abandonado o carreiro – que é aquela filinha que elas fazem para buscar comida -, mas nossa heroína, queria ainda continuar, mesmo sozinha ir bem longe buscar comida. Ela pensava: - Preciso ir para pegar um bom pedaço daquele caqui que caiu do pé, e está amassado no chão...

As formigas adoram caqui, porque eles são docinhos, e a família de Fizunga estava com fome. Tinha ela uma irmãzinha e um irmãozinho, além de seu papai e mamãe, já velhos. Geralmente sobra pouco para as operárias por causa da grande fome da Rainha que é muito grandona. Então, apesar de sua mamãe falar: - Não vá Fizunga, todas as outras meninas já voltaram para casa porque pode nevar. Ela respondeu: - Não se preocupe mamãe, eu vou e volto depressa, antes que a neve caia.

Acontece que, quando Fizunga voltava, só com um chalezinho no pescoço, começa a cair neve sem parar. Ela apressa os passos para chegar logo ao reino. Vai ficando cada vez mais difícil andar na neve. Seus pezinhos estão afundando cada vez mais, até que ficou presa na neve. Seus pezinhos começam a gelar, apesar das botinhas que a mamãe a fez calçar.

Aí ela se lembra: - Ah! Vou pedir para o senhor Sol, esquentar e derreter a neve que meu pezinho prende.            E fala assim: “Seu” Sol, o senhor está me escutando?            Ele responde: - Sim, claro, estou lhe escutando formiguinha! Ela fala: “seu” Sol, o senhor poderia esquentar e derreter a neve que meu pezinho prende? Fala o Sol: - Minha querida formiguinha Fizunga, eu queria tanto poder ajudá-la. Mas eu não posso!                                                                      
- Por que o senhor que é tão quente e forte não pode “seu” Sol? – Fala Fizunga.                                                            - Porque a “Dona” Nuvem muito grande e cheia de chuva, está parada na minha frente.  Responde o Sol.                      
- Que faço então “seu” Sol ?                                                 - Ele diz: - Peça para a Dona Nuvem sair de minha frente Fizunga!                                                                            
A formiguinha fala com a nuvem: - Dona Nuvem, por favor, estou morrendo de frio, meu pezinho está gelado, a senhora poderia sair da frente do Sol para ele esquentar e derreter a neve que meu pezinho prende?

A Nuvem responde: - Queridinha Fizunga, eu gostaria muito de poder ajudá-la, mas eu não posso!
Fizunga em desespero: - Quem pode! Quem pode então Dona Nuvem?
- Quem poderá ajudar-lhe será o senhor Vento que pode soprar forte afastando-me do sol.                                       - Obrigada Dona Nuvem. - Agradece Fizunga.

- “Seu” Vento, por favor, estou com meus pezinhos gelados, acho que vou morrer!                                                          
O vento que gostava demais de Fizunga disse assim: - Minha querida formiguinha Fizunga, lamento muito (quase chorando) eu queria fazer tudo para te ajudar, mas eu não posso!!
Fizunga quase ao desespero diz: - “Seu” Vento, o senhor que é tão forte, quando fica bravo derruba árvores e telhados, faz grandes ondas no mar, e não pode ajudar uma pobre formiguinha? O senhor não pode soprar forte para a Dona Nuvem que está pesada, sair da frente do Sol, para o senhor Sol, esquentar e derreter a neve que meu pezinho prende?     O vento então fala: - Eu não posso, mas tem quem pode, é a mamãe Natureza!                                                                - Obrigada, muito obrigada “seu” Vento o senhor é mesmo meu amigo! - Fala Fizunga.

E Fizunga estão fala com a mamãe Natureza:                         - Mamãe Natureza, a senhora que é tão bondosa, cuida de todos os animais, das árvores, das fontes, não vai deixar que eu morra gelada não é mesmo?                                            
A mamãe Natureza, medita um instante e diz: - Minha querida e linda formiguinha Fizunga, vou te explicar, é com grande sentimento no coração, mas eu não posso te ajudar, mas tem quem pode...!

Fizunga começa a chorar, percebendo que iria morrer de frio e gelada, pois nem a mamãe Natureza a podia ajudar...!! Quando então mamãe Natureza lhe diz: - Fizunga meu amorzinho, quem pode lhe ajudar é a mamãe Terra, peça para ela te escutar!
- Obrigada – diz Fizunga enxugando os olhinhos.                   - Mamãe Terra, ô mamãe Terra! A senhora está me escutando? Já estou muito fraquinha... A senhora poderia me ajudar: dando poder à mamãe Natureza, para que ela possa deixar o senhor Vento forte, para que ele possa soprar a Dona Nuvem, que está tapando o senhor Sol, pra que ele possa esquentar e derreter a neve que meu pezinho prende? - E... aguarda esperançosa!
Aí a mamãe Terra diz: - Formiguinha, formiguinha Fizunga, eu gostaria muito de poder dar ordens à mamãe Natureza para que ela ficasse poderosa para deixar o senhor Vento muito forte e soprar a Dona Nuvem para longe, destapando o senhor Sol para ele esquentar e derreter a neve que o seu pezinho prende, mas desculpe-me, eu não posso. Mas vou dizer-lhe quem, com toda a certeza pode!

Quase sem forças, com a voz fraquinha, mesmo assim já desanimada, Fizunga agradece à mamãe Terra e pergunta: - Quem poderá me ajudar agora mamãe Terra? – Mamãe Terra diz:
- Quem pode ajudar sem dúvidas é o Papai do Céu! Peça a ele que comanda com sabedoria e bondade a nós todos e Ele vai ajudar- lhe minha queridinha Fizunga.
Então Fizunga olha para cima e diz bem alto:
- PAPAI DO CÉU! PAPAI DO CÉU, O SENHOR ESTÁ ME ESCUTANDO? E o Papai do Céu então imediatamente responde: - Claro Fizunga, minha formiguinha querida, estou te escutando muito bem. Diga-me o que tu queres?

Fizunga sem conter as lágrimas de alegria e agradecimentos diz: - Papai do Céu, eu queria que o Senhor pedisse para a mamãe Terra, fazer a mamãe Natureza poderosa, para que ela deixasse bem forte o senhor Vento e ele pudesse soprar para longe a Dona Nuvem, para ela sair da frente do senhor Sol, para que ele possa esquentar e derreter a neve que o meu pezinho prende!!

O Papai do Céu pergunta: - Só isso queridinha formiga Fizunga?
- Sim Papai do Céu, é só disso que eu preciso, para poder levar esse pedacinho de caqui, para meus irmãozinhos e meus pais que estão com fome!

O Papai do Céu diz para Fizunga: - Você é uma boa menina, tem um coração de ouro, pensa mais nos outros que em si mesma, você e seu reino serão abençoados e lá nunca haverá fome ou perigo. Vá, com meus Anjos Protetores, querida formiguinha Fizunga e obedeça a seus pais contra os imprevistos da mamãe Natureza .

E ela e sua família então foram felizes para sempre.


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N. Esta história é do domínio popular da Contação de Histórias, classificada como domínio público de autoria desconhecida, talvez há mais de século. Esta recontagem foi feita de modo inédito, sem similar ou parecença com qualquer outra existente ou  já contada.  

 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 04/01/2014
Reeditado em 07/12/2014
Código do texto: T4636698
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