TIROLIRO, O FANTOCHE

Tiroliro fantoche charmoso

Mora numa caixa de sapato

À noite ele levanta a tampa

É hora do grande espetáculo.

Fica em pé na borda da caixa,

Gesticula, canta, dança e recita

Para a platéia alegre e agitada,

Os brinquedos do armário das crianças.

Para os soldadinhos azuis

Faz continência marchando imponente:

Um, dois feijão com arroz,

Três, quatro feijão no prato,

Cinco, seis arroz japonês.

Batem palmas bonecos e bonecas

Para os quais ele canta uma canção

Lá das terras frias do Tirol.

Bravo! Gritam todos ao final,

E ele, se curvando, agradece.

Dança, como se estivesse na corda bamba,

Na beirinha da caixa que é sua casa,

Convida a abelha de feltro sem uma asa

Para ser sua parceira no bailado.

Faz uma pausa para tomar fôlego.

Depois tira do bolso um papel escrito,

E diz alto, quase num grito,

Que é um poema dedicado

A mais linda boneca do armário.

E recitou os mais sublimes versos

Que os outros nunca ouviram,

E nos olhos de bonecas e bonecos

Surgiu uma lágrima de emoção

Quando o fantoche estendeu a mão

Apontando para a boneca Lili,

A melhor amiga que ele já teve.

Agradeceu a todos e voltou para a caixa

Fechando, por cima de si, a tampa

Para descansar e esperar a próxima noite

Porque o espetáculo não pode parar.

24/04/07.