Reescrever, editar e remixar na era digital: novos conteúdos?

Natalia Zuazo e Mirta Castedo (novaescola@fvc.org.br)

Natalia Zuazo

Cientista política argentina e

jornalista especialista em

Novas Mídias

Mirta Castedo

Especialista argentina em Didática

da Leitura e da Escrita,

é docente e pesquisadora

da Universidade Nacional de La Plata

Os historiadores da escrita defendem que ela passou por três grandes fases: manuscrita, livro impresso e eletrônica, cada uma definida por diferentes materiais e instrumentos. Também advertem que cada uma sobrevive ilimitadamente nas seguintes, se adequando a diferentes áreas de uso. Ao mesmo tempo que nascem novas práticas, nada desaparece, tudo se reorganiza.

Portanto, se apresentar as culturas escritas às crianças e aos jovens é fundamental, nos encontramos diante de um desafio: a cultura escrita é diversa. Ela existe de um modo manual, tanto a impressa como a digital. A questão não se reduz a deixar de escrever no papel para fazê-lo no computador. Quando se usam papel ou computador, são mantidos, em parte, os conteúdos a ensinar, mas se impõem novos e isso nos faz reformular o ensino.

Este trabalho retoma um texto publicado e disponível na internet1 e traz novos exemplos e reflexões, centrados na leitura e na escrita nos meios de comunicação na prática de cultura letrada e cidadã. Ele não pretende dar um panorama completo dos saberes atuais sobre as práticas com computadores. Para isso, recorra ao artigo de Delia Lerner A Incorporação das TIC à Aula (2012, p. 23-88).

Para incorporar as tecnologias de informação e comunicação (TIC) à aula, é preciso realizar duas operações: entender profundamente as novas práticas e construir formas de ensiná-las, sem esquecer que também no ensino muito do anterior sobreviverá no novo.

Como em qualquer instituição, nos meios de comunicação se desenvolvem práticas específicas com os textos e elas possibilitam a construção sobre as diversas versões de mundo que a cultura escrita permite2. Em grande parte, as instituições se definem por seus textos e pelo uso particular da linguagem que cada uma desenvolve. Por isso, os textos não têm sentido a não ser no contexto das práticas em que são produzidos e circulam. Talvez a última afirmação possa soar exagerada. Para contra-argumentar, um exemplo:

Recentemente um fato alterou a imprensa argentina: a presidente começou a se encarregar pessoalmente da comunicação por meio das redes sociais. Depois de uma primeira reação criticada por quase todos, ela, ao usar suas redes para falar de política, para provocar discussões em nível nacional sobre determinados temas, para recordar líderes políticos, para fazer anúncios… fez com que todos os meios se dessem conta de que a mudança na comunicação era um espaço a mais (o online) que ela ocupava no mundo da construção e do debate e, mesmo contra a vontade, tiveram de falar dos temas que ela determinava.

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1 Culturas escritas y escuela: viejas y nuevas diversidades, de Mirta Castedo e Natalia Zuazo. Revista Iberoamericana de Educación. Número 56/4. RIE digital. ISSN: 1681-5653. www.rieoei.org/deloslectores/ 4843Castedo.pdf.

2 Entrevista com Roger Chartier, Las nuevas tecnologías se acercan al siglo XVI y XVII, por Silvina Friera.

www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/espectaculos/17-18286-2010-06-13.
Enviado por J B Pereira em 04/10/2013
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