Sábados infantis
Aos sábados a rotina da casa se alterava. Era dia de se preparar para o domingo santo do Senhor. Encerar a casa e engraxar os sapatos entravam na ordem do dia, de antemão já se sabia. A relutância inicial dava lugar à conformação final, a partir da convicção de que não havia substituto à mão para cuidadar da tal obrigação.
E na faina nos púnhamos, não raro cantarolando algum sucesso dos anos cinquenta. Mas melhor nisso era a vizinha Terezinha do Duca, que lavava roupa sem parar, mas tinha voz encantadora de se escutar. Seu Lencinho branco, versão nacional do Pañuelito blanco, para ser franco, era o carro chefe de suas exerções vocais.
Embora fosse dia normal de trabalho na fábrica de tecidos, onde alternavam horários, entre primeira e segunda turma, papai e mamãe, não deixavam de dar sua participação nessa sessões sabatinas, sempre encorajando, educando e a mão dando. E a gente ia levando, na expectativa do Dies Domini, que ia vesperando.
E o melhor de tudo é que havia algo no ar, gostoso de se provar. Quem um sábado de expectativas viveu, imagino que pense como eu.