No Parque da Água Branca, bem perto do laguinho dos patos, morava a Lagartinha.
Ela, sempre quietinha , era assunto diário dos outros bichinhos do Parque, que não se cansavam de comentar como é que podia um bichinho comer tanto e não fazer mais nada da vida.
Até a dona Tanajura, uma formiga muito cordata, reclamava da comilança da Lagartinha. Parece uma fera, dizia ela ,no que era acompanhada pelos outros bichinhos.
Dia após dia, era a mesma história; a Lagartinha comia sem parar e os bichinhos reclamavam na mesma medida.
Numa manhã ensolarada, os bichinhos se preparavam para falar mal da Lagartinha, quando o Tatu-bola, rolando morro abaixo gritou:
—Venham rápido! A Lagartinha ficou presa na teia da Tecedeira!
—Isso que dá comer tanto - rebateu logo a Tanajura.— Decerto a Tecedeira encontrou um belo almoço!
Mesmo reclamando , os bichinhos foram correndo para o local onde o Tatu-bola havia encontrado a Lagartinha toda enrolada e foi logo gritando para a Tecedeira :—Solta a Lagartinha que ela não incomoda ninguém!
—Quem ?Eu? Não fiz nada com a Lagartinha! Vocês não sabem a diferença de um casulo para um novelo de minha teia? Logo vi que não, pois vocês, ao invés de buscar informações de qualidade, ficam aí falando mal da vida alheia! Deu as costas ao grupo reunido e foi providenciar um almoço menos substancial, afinal ela estava de dieta.
Enquanto isso, os bichinhos, arrependidos de falarem tanto da Lagartinha, ficaram ali, parados, olhando para aquela casa enrolada, onde estava a Lagartinha.
Dias se passaram e os bichinhos continuaram olhando para o casulo, a espera de um milagre, só saindo, um de cada vez, para buscarem comida.
Foi numa manhã ainda mais ensolarada e brilhante que o milagre aconteceu.
O casulo foi se rompendo lentamente e ,de dentro dele, saiu uma bela borboleta com as cores do arco-íris.