O GALINHO DESOBEDIENTE

Tinoco era um galo muito garboso. Tinha uma grande crista vermelha. E penas avermelhadas e pretas. Antes de aparecer o sol, era ele o primeiro a anunciar com o seu canto, a chegada do grande astro para iluminar e aquecer as colinas.

E todos os habitantes dali, já iam despertando para os seus afazeres. Logo depois do café com leite e bolo e do pãozinho com manteiga e queijo, uns iam para as plantações , outros iam carregar água do rio e outros iam varrer e limpar o quintal, tendo também que jogar milho para as galinhas. E tirar leite das vacas.

Tinoco era o pai de outros dois galos que viviam naquele terreiro. Um deles, vivia lhe pedindo que o deixasse ir para o outro lado da colina. Estava cansado de só viver ali. Mas o pai não permitia de jeito nenhum. Dizia que ele conhecia o mundo. E sabia que para além da sua casa havia muito perigo. Por exemplo, havia homens que pegavam os galos e os punham pra brigar um com outro, até um deles morrer. Eram os donos de rinhas. Poderia também dar de cara com alguma raposa. Se isso acontecesse, ele não teria qualquer chance de se salvar. As raposas são astutas e pegam suas presas com grande facilidade. Elas brigam até com cães selvagens ou cães de caça, quando estão sendo perseguidas por eles. E, se não for pela espingarda do caçador, ela é capaz de escapulir, levando os cães pra lugares cheios de obstáculos até poder escapar. Não. Era mais seguro ficar ali naquela vidinha de sempre.

No entanto, o filho não se conformava. E todos os dias pedia a mesma coisa ao papai. Insistia. Argumentava. Dizia que saberia se defender. E que já era grande o bastante.

Até que um dia, Tinoco não aguentou mais e permitiu que ele fosse. Quando estivesse na dificuldade, o pai já não poderia fazer nada. Mas se era o que ele queria, que fosse.

E assim , todo contente, deixou a casa de seu pai e foi embora. Sem medo. Foi encontrando pelo caminho, bichos a ele inofensivos, como borboletinhas, passarinhos, coelhinhos. E pensou como o pai estava errado achando que o mundo era perigoso. Que nada! Passou por um tamanduá, mas tudo bem. Ele gosta é de formiga. Já tinha caminhado bastante e estava bem longe de casa, quando uns homens passaram por ele. Não aconteceu nada de ruim. Continuou. Ia comendo alguns farelos de pão que encontrava ou algumas folhas. Ia bicando o que encontrava. Todo feliz!

De repente, eis que ele avista uma raposa. Tentou se esconder e se lembrou do pai.

- Ah! Agora estou perdido! Meu irmão é que foi esperto. Entendeu tudo o que nosso pai falou.

Enquanto isso, a raposa ia se aproximando com a animação dos que sabem que têm uma presa às mãos. O galo , desesperado, não sabia o que fazer, a não ser pular, dando voltas. E pulava e dava voltas. E a predadora chegando cada vez mais perto. Mais perto...até que, de um salto , abocanhou o pobre e indefeso galinho, que à última hora, só se lembrou que deveria ter ouvido a sabedoria de seu pai.

Não sei se foi coincidência, mas desde esse dia, o canto do garboso galo, anunciando o raiar da aurora, a chegada das manhãs, ficou tão triste!..Parece até que ele sabia que seu filho nunca mais iria voltar.

Ah! Gente! Sempre devemos ouvir com atenção as palavras do papai e da mamãe. E obedecer !

Esther Lessa
Enviado por Esther Lessa em 29/07/2013
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