Luna e o piano
Primeiro, o barulhinho parecia o de pingos de chuva caindo na calçada. Um depois do outro , devagar e baixinho. Pouco a pouco , o som aumentava, o plim- plom- plim-plom ficava mais rápido e se transformava numa melodia tão bonita!
Luna já estava preparada pra dormir, deitada em sua caminha; mas ouvia com gosto aquela linda música que entrava pela janela.
Ela não sabia de onde vinha aquilo e não precisava saber. Porque o importante mesmo era o que ela sentia: Viu-se, de repente, no meio de muitas crianças, num jardim, cada uma brincando , correndo, pulando. Às vezes, elas se sentavam na beiradinha de um lago lindo que havia ali, só pra descansar um pouquinho e comer um lanche bem gostoso.
O som musical continuava entrando pela janela e fazia o pensamento de Luna se transportar para a brincadeira. Para lá, ela tinha levado o seu mais querido brinquedo. Era uma boneca com longos cabelos loiros e um rostinho de porcelana com grandes olhos azuis que se abriam e fechavam. E ainda falava “mamãe!” Luna gostava muito também dos sapatinhos vermelhos com fivelas prateadas. Ela era encantada com aquela sua princesinha.
Mas enquanto se divertia, viu sentadinha a um canto do jardim uma garotinha. Era estranho porque ela não tinha brinquedo nenhum e nem qualquer pedaço de bolo ou fruta pra comer.
Luna correu e lhe deu um pedaço do seu bolo e mostrou-lhe a sua bonequinha.
A menina de pés descalços, vestido velho e olhos tristes, comeu depressa o lanche. E disse a Luna que nunca tivera boneca nenhuma , já que não tinha pai e a mãe era muito pobre.
Então Luna resolveu que daria de presente à pobre menininha a sua mais querida boneca. E assim fez. Com pena e também feliz por fazer a alegria daquela sua nova coleguinha.
Aquela delicada música já não se espalhava dentro do quarto , mas seu encantamento proporcionou um belo devaneio à sonhadora Luna.
É que alguém ali por perto, estivera executando ao piano “Le Lac de Come” (O Lago de Como), de Madame Galos.
E aí, parece que a magia encheu o ar!