O BEIJO

 
                __ Bom dia! - Disse a professora Clarinha ao entrar na sala de aula.
                __ Bom dia, querida professora! - responderam os alunos.
               __ Hoje vou iniciar a aula de um modo diferente! Vou contar a vocês uma história para que possam refletir. Uma história que aconteceu na família de uns ratinhos.
               __ Oba!!! - Disseram alguns alunos.
               __ Para isso preciso de silêncio, não é? - Disse a professora.
               __ Éééééééé...
               __ Então ouçam: Havia uma família de ratinhos que vivia no porão de uma casa muito antiga e abandonada.
               Sr. Dongão era o pai, Donguinha a mãe, Rói-Rói o filho mais velho, Dentinho o do meio e Doquinha a caçula. Senhor Dongão era muito sério e por isso seus filhos o respeitavam muito. Já estava com idade avançada, ficava sempre em casa na companhia de Donguinha enquanto os filhos saíam em busca de alimentos.
                Um dia, caminhando os três à procura de alimento, Rói-Rói disse:
                Maninhos, vocês dois sempre tiveram facilidade para demonstrar seu amor ao nosso pai e à mamãe também! Vejo vocês sempre aos abraços e beijinhos com eles! Pode acreditar, sinto uma pontinha de inveja! Minha timidez é tão grande, que não consigo expressar meus sentimentos, chegar até eles e abraçá-los e dar aquele beijo gostoso neles.
                __Ora, Rói-Rói! É tão simples - eles nos amam - disse Doquinha. - Papai é severo com a gente, mamãe é doce como mel, eles nos amam! Não tem motivo pra tanta timidez!
                __Você sabia que um dia desses eu os ouvi falando de você?
                __Falando de mim? Sobre o que eles falavam?
                __Falavam de sua timidez em relação a eles, da frieza com que os trata. Eles estão preocupados com você!
                __Mas eu os amo! Só não consigo expressar meu amor!
                Certo dia, quando chegaram em casa, levaram um susto! Viram Dr. Bazuia conversando com sua mãe, que estava chorando.
                __Infelizmente - continuou Dr. Bazuia - , Dongão está morrendo.
                Todos começaram a chorar.
                __Doutor - disse Rói-Rói -, o que posso fazer para meu pai viver?
                __Não há nada mais o que fazer, Rói-Rói, tudo que deveria ser feito já foi feito. Dongão está medicado e tomando os melhores remédios!
                __O que posso fazer para meu pai não morrer?
               __Rói-Rói, eu já disse! Sinto muito! Devemos apenas esperar! O coração dele está muito fraco!
               Rói-Rói chorou, foi para um cantinho da casa e em silêncio pensava:
                __Nunca beijei meu pai! Nunca o abracei! E agora ele está morrendo! - Rói-Rói não hesitou, entrou no quarto onde estava seu pai, ajoelhou-se à beira da cama, inclinou até as faces de Dongão e lhe deu um longo beijo. Dongão sussurando disse:
                __Filho, senti seus lábios tocar minha face e o calor do seu beijo foi com tanto amor que me deu vida e coragem para viver!
                Rói-Rói o abraçou e assim ficaram por algum tempo até que Rói-Rói sentiu o coração de seu pai bater mais forte.
               __Oh! Meu pai, eu te amo! E o beijou novamente. Quando perceberam, estavam todos ali, inclusive Dr. Bazuia, que observava tudo em silêncio, e chegando à beira da cama disse:
                __Um beijo cheio de amor vale por muitas injeções e vidros de remédios.
                Todos ficaram em silêncio.
                __Apenas um beijo! Apenas um beijo! - Continuou Dr. Bazuia, - Às vezes apenas um beijo cheio de amor vale por uma vida!!!
               
                

  
Gercy Terrin Scacalossi
Enviado por Gercy Terrin Scacalossi em 14/05/2013
Código do texto: T4289679
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