AS LABAREDAS...
Ele olhava as labaredas admirado, pasmo, encantado
é que elas eram vivas, vivas por um pouco remoto tempo
era muito pouco o tempo de vida daquelas chamas
mas o suficiente para exercitar sua pequena imaginação.
Nisso... Via figuras estranhas que pareciam de outro mundo
via bicho - via o bicho, via bicho ruim
via assombração... As mesmas com que sonhou a noite passada
quando quase caiu da cama,
acordou molhado, ensopado
saiu correndo pra ninguém vê
lembrou quando mamãe que aos berros gritava:
Mexe com fogo não minino, senão ocê vai mijar na cama!
... Lembrar, lembrou
mas a magia das labaredas tanto o fascinou que voltou
e como um poeta tentando decifrar os encantos da natureza
ele, o menino de olhos arregalados e atentos aos movimentos
continuou a contemplar a figura que o detém, "pasmo".