se você tiver paciência de ler e tecer sua crítica, náo importa qual seja, o importante é saber se vale a pena seguir adiante.
grato.


O PEQUENO CAMINHEIRO - O LIVRO
(Sócrates Di Lima)

 



O PEQUENO CAMINHEIRO - O LIVRO
(Sócrates Di Lima)


A tarde caia num horizonte crepúsculoso,
Caminhava numa estrada de sentido longo.,
Um pequeno caminheiro e sua flauta doce,
Tocava sons líricos e sonhador.
Numa curva próxima ao sol.,
Viu uma borboleta que voava inquieta.,
De asas longas, coloridas feito o arco íris.,
Seguiu-a sem se preocupar por nada.
A borboleta pousou suas asas em um ramo,
Olhando a ele, exclamou em voz suave.,
- Para onde vai meu caminhador sereno!!
E assustado, ajoelhou-se e se viu perdido.
- Não se preocupe, sou eu a borboleta.
- Ah que coisa linda vejo em meus olhos.,
E diante desse deslumbrante miragem,
Chorou copiosamente á sua solidão.
- Não chora meu caminhador, olhe o infinito.,
É o seu caminho que não mais lhe é aflito,
Vim para te acompanhar e te fazer na vida.,
Homem, mas, eterno menino na lida.
Não chora, pois, daqui por diante,
Sou teu guia, teu sono, tua sede e tua fome.,
E não mais chorarás, por nada que lhe afronte,
Tem minha vida, minha felicidade, meu nome.
Deixa suas tristezas, angustias e descontentamentos,
Siga-me os passos, buscaremos nova vida, não o deixarei.,
Serás um novo ser se me deixar lhe servir.,
Pois nenhum homem sozinho na vida pode seguir.

PARTE II
Fazendo Amizades

Depois de um dia inteiro perambulando,
Brincando entre as borboletas,
Caminhou por entre os girassóis,
Brincando e correndo a sóis,
Se fazendo de beija-flores,
Sugando o mel das flores,
Saltitava alegre no seu pequeno mundo.
De repente ouviu-se um gemido,
Parou, olhou para traz,
Verificou os lados,
E ali estava uma margarida,
Num corpo desfolhado,
Que resmungava:
- menino peralta, viu o que fizeste?
- O que eu fiz margarida? Respondeu o menino.
- Batestes a mão e me desfolhastes.
- Perdão, perdão minha flor,
Eu não percebi, ah! Que desastrado eu sou.
Ajoelhou-se ao pé da margarida, e com lágrimas contidas,
Acariciou-a com cuidados.
- Ah! Minha bela flor, que mal eu lhe fiz heim!
você me perdoa!
- Claro que te perdôo, o que mais posso dizer, com tamanha delicadeza, fez por merecer.
Não há coisa mais bela, do que a humildade que despojastes.
Senti a franqueza do teu coração, e quem sou eu para não te perdoar.
Neste instante chegou a borboleta, era sua amiga flor voadora que já o seguia.
- Por que choras meu menino?
- Ah! Bela borboleta, eu machuquei esta flor.
- É mesmo, está desfolhada. Falou-lhe a uma borboleta.
- Já não me importo, retrucou a margarida,
já não há mais ferida, há um coração bom neste menino,
E a sua humildade sarou minha dor.
- Então estou feliz margarida, posso seguir meu caminho?
-Sim, claro que sim, eu me recuperarei, vá, siga com Deus, pena que não posso ir com vocês.
Saltitante e feliz, o pequeno caminheiro seguiu sorrateiro, seu caminho entre as flores.
Na sua companhia, borboletas e beija-flores seguiram seus passos.
Menino descalço peito nu, olhar radiante, viu um tatu.
Quando o tatu viu o menino, procurou seu buraco e não encontrou,
se encolheu todo, a cabeça sob a couraça,
ninguém podia machucá-lo, que belo disfarce.
- Hei seu tatu, pode sair agora, não vou te machucar. Falou o menino.
Um eco se ouviu, uma voz grossa surgiu.
- Eu heim... Você ta maluco, olha lá para cima, tem um predador me olhando.
- Ah, mais ele não se meta a besta, corto as asas dele. Disse o pequeno.
- Mas ele tem garras afiadas, quer me devorar. Resmungou o tatu.
- Espera ai, isto vai resolver.
Sentou-se ao lado do tatu, junto as borboletas e os beija-flores,
todos olharam para cima e chamaram o predador.
-Ei seu predador, desça aqui, falaram todos juntos.
E num rasante o predador desceu, e o tatu se encolheu.
- Não se aflija seu tatu, não vou te devorar, o menino aqui, não vai deixar. (disse a ave de rapina)
- É verdade seu tatu, ponha a cabeça para fora, cumprimente este "passarinhão".
Com a voz trêmula e olhando o falcão resmungou.
- È se não fosse o menino, você seria um assassino...
- É bem provável, mas, de hoje em diante, não comerei mais tatu.
Então estamos conversados, disse o menino.
Qual é seu nome, seu "passarinhão"
Ah! Eu sou o falcão, o maior dos predadores desse chapadão.
Prazer em conhecê-lo seu Falcão.
- Para onde vai o menino? Falou o falcão.
- Não sei, sigo o meu destino. Não sei para onde vou não.
Já se faz tarde, vamos andando, quem vai comigo?
Podemos ir contigo, disseram todos os companheiros.
Sim, podem vir comigo.
Todos levantaram, e seguiram o pequeno caminheiro.
Era tarde, o sol esfriava, e todos os companheiros, ali cantarolavam.
- Somos a nova companhia, batemos em retirada,
não importa se é noite ou se é dia, seguimos a caminhada,
Com o menino iremos, para onde ele quiser,
seu corpo o protegemos, pelo que der e vier....
E a noite chegou, sentaram ao pé de uma árvore, e logo uma coruja chegou.
Chegou também um urubu, mas, todos ficaram com nojo...
Ai o menino falou:
- Por que essas caras de nojo são todos iguais, cada um tem seu destino, não é porque ele não cheira bem, que não é um bom companheiro. Todos somos filhos de Deus, não importa de onde vimos e nem para onde vamos, o que importa, é como chegamos. Aqui estamos fazendo amizade, criando uma família de verdade.
Eu estava sozinho, agora tenho o carinho, de todos vocês que não me fizeram maldades.
- È verdade, respondeu o falcão, não sou melhor que ele não, vem cá urubu, me dê tua mão.
E todos unidos, acenderam uma fogueira, um abraçado ao outro, se abrigaram do frio e ficaram ali a noite inteira.
Já não era mais um que caminhava sozinho, ao longo do caminho, foi fazendo amizades, e todos seguiram a liberdade, cantando e gozando a vida, na maior felicidade.
Disse ao final o pequeno caminheiro:
- Sabem de uma coisa, a amizade não é difícil de se fazer, basta com o coração um ao outro receber. Todos têm as suas diferenças e responsabilidades, todos buscam a felicidade, o amor é o bem que une qualquer pessoa.
Ninguém é melhor que ninguém, todos nascemos de um mesmo Deus, por que as diferenças? Somos todos responsáveis pelas desigualdades, para ser feliz, ninguém pode ser sozinho, é preciso começar, com uma simples amizade e construiremos um mundo, nada é impossível, a vida é bela, o sol é para todos, portanto, amigos, estou amando cada um de vocês. Dou-lhes o meu coração, me amem também.

PARTE III

A Cobra Fumou

O dia seguinte amanheceu,
Todos ainda dormindo quando o Sol os acordou:
- E ai cambada... não vão acordar não?
O pequeno caminheiro abriu os olhos,
E a claridade do dia quase o irritou.,
Olhou ao redor, somente o bicho preguiça dormia.
O pequeno caminheiro olhou pro alto e se espantou.
- Quando esse bicho chegou?
E o Facão retrucou,
- Ele chegou assim que você dormiu, pediu para ficar e aqui dormiu.
- Acorda ele, pois, já vamos levantar acampamento.
- Para onde vamos meu amigo, estamos com fome, disse o tatu.
- Não sei, vamos seguir em frente.
E todos se levantaram, até o bicho preguiça concordou e seguiram o menino.
Já eram nove horas da manhã e nada de comida.
De repente o Falcão deu um pulo a apareceu com uma cobra no bico, que gritava feito louca.
- Socorro, alguém me ajuda, tira esse animal do meu pescoço.
O menino gritou.
- Larga ela Falcão, coitadinha, ela é velha...
O falcão largou a cobra que se esborrachou no chão.
- Velha é a vovozinha, falou a cobra para o menino.
- Oh! Resmungou o menino.
Logo surgiu uma árvore e fizeram uma roda e traçaram planos para o dia, onde iam arranjar comida.
O falcão levantou vôo e lá do alto gritou.
- Tem um milharal ali na frente, vamos pra lá.
Todos seguiram o Falcão, mas quando entraram no milharal, o menino pegou uma espiga de milho e ouviu um grito.
- Saiam da minha propriedade seus ladrões ou eu atiro na "bunda" de todos.
Nisso saíram correndo sem olhar para traz.
O menino parou e enfrentou o velho que tinha uma espingarda na mão apontando para ele.
- Senhor, nós estamos com fome, não queremos roubar nada que é seu, por favor, deixa a gente pegar umas espigas de milho para matar nossa fome, e nos dê um pouco de água. Disse o menino.
- Nada disso, vão embora, nem água nem comida, sumam daqui.
O menino cabisbaixo chamou os companheiros e foram embora.
Caminharam alguns quilômetros quando o céu escureceu.
- Olha, o céu está escurecendo, muita chuva vem ai, disse o tatu.
- Precisamos nos apressar, gritou a cobra para o bicho preguiça.
- Vão vocês, eu chegarei lá, resmungou a preguiça.
-Não, vamos todos juntos, disse o menino.
- É assim que se fala, gritou o urubu do galho de uma árvore.
Começou a chover e o Falcão do alto gritou:
- Tem uma casa ai na frente, vamos pra lá.
Ao chegar à porteira, a borboleta falou:
- Será que não vão nos matar?
- Não, não estamos vendo ninguém, vamos para o celeiro, está aberto. Disse o menino.
Dirigiram-se ao celeiro, entraram e deram de cara com o cavalo.
- Quem são vocês? Relinchou o cavalo.
- Queremos abrigo, tem um lugarzinho ai para nós?
-Entrem ali no feno ta quentinho, vão pra lá.
E, ali ficaram até a chuva passar.
Era treze horas, a tarde ainda escura, já não chovia e o sol começara a surgir.
Havia ao longe um arco-íris, e o dia ficara mais bonito.
-Para onde vamos, falou o tatu.
-Vamos voltar e seguir o norte, disse o menino.
- Mas, vamos passar lá onde aquele homem quis nos matar, falou o urubu.
- Não vamos mexer em nada que é dele.
Nesse momento chegou o dono da fazenda e uma menina.
- Pai, olha, tem um menino com aqueles animais, veja?
O pai olhou se assustou e foi até lá.
Todos ficaram com medo.
-Quem são vocês, perguntou o dono.
- Somos caminheiros, todos amigos, estamos indo para algum lugar. Falou o menino.,
- E onde é esse lugar?
- Não sabemos ainda, mas, estamos com fome, tem alguma coisa para nos dar? Disse o menino ao dono.
- Esperam, vou buscar comida.
Algum tempo depois, chega o dono com muita comida e todos se alimentaram menos a cobra que saiu de fininho e foi para de traz de uma pedra.
- Cadê a cobra, perguntou o menino.
O facão deu uma gargalhada e disse:
A cobra vai fumar.
- Fumar? como fumar! Indagou o menino.
- Melhor falando, a cobra foi fumar.,
- Credo, essa cobra é viciada, olha lá, ela ta fumando, falou o urubu.
- Você não tem vergonha sua cobra, larga esse vício, a senhora está sem cor, está pálida, vive com falta de ar, cansada. Gritou o menino.
- Largo não! Respondeu a cobra, eu fumo faz muito tempo e nem pulmão eu tenho mais, deve estar preto, mas, fazer o que, eles me viciaram.
-É verdade, deve estar da cor do seu urubu. Ê dona cobra, a senhora ta no fim do pito. Riu o cavalo.
- Ah! Tem uma lei ai que proibe fumar em lugares fechados e onde tem mais pessoas, disse o urubu.
- Riu a cobra, onde tem pessoas aqui, só o menino...
- Vai te catar sua cobra ignorante, você entendeu, disse a borboleta.
- Vamos parar com essa discussão, disse o menino.
- Mas a cobra vai fumar mais ainda, porque á vem um galo cego para pegar a cobra. Disse o Urubu.
- Socorro, socorro. Gritou a cobra, nem mais cigarro ela tinha na boca.
Nisso o cavalo parou diante da cobra, que já era amiga, e o galo colocou o rabo entre as pernas e saiu de fininho.
- Vamos embora, falou o menino.
Despediram-se, e acenando para o dono e a menina, partiram.
Caminharam os quilômetros de volta e depararam com o velho homem chorando, se descabelando, pois, a chuva que deu, foi de granizo e deitou todo o milharal, estragou toda a plantação.
O falcão logo falou:
- Bem feito, ele quis nos matar, nos negou uma espiga de milho e água fresca. Bem feito para ele.
- Nada disso senhor Falcão, não vamos rir da desgraça dele. Ele pode ser um avarento, mas, é um humano, e se foi castigo, não sei, ele vai repensar sua vida. A gente não pode julgar as pessoas e nem condena-las, pois, neste caso, só Deus e ELE sabe o que faz,.Disse o menino.
-Está certo menino, pela minha experiência de vida, você disse tudo. Disse a cobra.
O menino se aproximou do velho e falou:
- Senhor, podemos ajudá-lo?
O velho com os olhos cheios de lágrimas e voz trêmula falou:
- Estou envergonhado por ter negado água e comida para vocês. Talvez este tenha sido o meu castigo, porque li na Bíblia que Deus disse: Dá de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, e eu neguei comida e água para vocês. Disse o velho.
- Olha não se preocupe com isto, nós vamos ajudá-lo, estou vendo que o senhor não tem empregado aqui e eu posso ajudá-lo.
- Não é preciso menino, não é preciso, amanhã eu vou ver o que fazer, obrigado, aprendi uma grande lição, que por mais que a gente se ache auto suficiente, por mais que a gente se sinta dono da verdade e arrogante, existe algo superior ás nossas forças capaz de nos fazer repensar sobre nossas atitudes. Isto que aconteceu não é mais importante do que a lição que aprende de um menino e seus companheiros, que mesmos sendo maltratados por mim, viram o meu sofrimento e se prontificaram a me ajudar. Isto valeu por tudo. Disse o velho homem.
Então, já que o senhor não precisa da gente, vamos seguindo nosso destino.
E, em fila indiana, seguiram o menino a um destino que ele próprio não conhecia.

PARTE IV

Após longa caminhada,
Sentados a beira de uma fonte,
Beberam água cristalina,
Saciaram a sede,
E banharam-se na mina.
A cobra levantou-se esguia,
Olhou para o menino e perguntou:
- O que dizes, sobre o desdenho?
Respondeu-lhe o caminheiro.,
- Cara amiga, vos direi no entanto,
Que o desdenho é tão patético como o é a ironia,
E displicência é tão fútil quando a rebeldia sem causa.
Suspirou a cobra e disse:
O que dizes vos sobre o amor?
- Vos direi sobretudo:
- Olhe para dentro do teu coração, o que sentes por mim?
- Sinto um carinho sem fim, um gostar fora do comum,
olhos nos teus olhos e tenho ternura,
Nos teus atos, bravura,
E no teu falar a doçura do mel.
- E o que farias por mim?
- Faria o impossivel ao meu alcance para não te ver chorar.
Então finalizou o caminheiro:
- Ai está o amor, uma boa definição. Tu mesmo respondeste o que é o amor.
- Olha a natureza, a abelha na flor da laranjeira, o beija-flor sugando a flor...
Isso tudo é amor.
Fixando os olhos do caminheiro, insistiu a cobra:
- E o amor homem e mulher?
Respondeu:
- Ah! Minha cara amiga, ai, a coisa complica um pouco mais,
Mas, de qualquer forma, nos corações das pessoas, Deus depositou
a semente do amor e deu-lhes vontade e inteligëncia para que o ser Elas saibam como viver bem no amor.
E nem sempre elas conseguem a plenitude desse amor, porque o egoismo macula-o. O ciume rasga a pele fina do amor e o expõe ás intempéries das relações.
O amor entre seres humanos, tem conotação com o amor entre animais, a única diferença é que um é racional e o outro é irracional.
- Disse a cobra coçando o queixo:
- E quem é irracional?
Respondeu o caminheiro:
- O ser humano.
Silenciou a cobra, e o caminheiro encostou-se nos ombros da borboleta e dormiu profundamente.
E a cobra sorrindo, acariciou a face do caminheiro e o beijou a testa, deitando-se ao lado dele e suspirando, dormiu satisfeita.

PARTE V

Após algumas horas de vasão do cansaço,
O pequeno caminheiro levantou-se e pensou em vóz alta:
- Vou ali fazer xixi..
E a borboleta resmugou:
- Pois vá, não vou presenciar esse escândalo.
A cobra riu...
Saiu meio desajeitado, e logo adiante parou, abaixou o short e...
- Ei, voce tá maluco?
Ouviu-se uma voz estridente.
Olhou para baixo e viu uma flor se chacoalhando..
- Perdão minha bela flor...perdão.
- Vê se da próxima vez olha pra onde " mija" ora!
Isso é atentado violento ao pudor, vou pedir indenização.
Abaixou o pequeno caminheiro e falou:
- Que flor mais bela, como pode uma flor assim nascer, creser e ser tão viçosa no meio dessas pedras?
Respondeu a flor:
- Meu pequeno, há mais mistério na vida do que no espanto do seu olhar.
- Verdade, refletiu o pequeno.
- Como se chama?
- Sou um litófilo, sou natural dos rochedos, gosto das pedras, disse a flor.
- E proque gosta das pedras?
- Ah! Meu pequeno, elas não se movem, não "mijam" em mim, são frias e sólidas, com o frio elas me aquecem, com o calor elas me refrigeram...retrucou a flor.
Continuou:
_ aqui eu posso ver a beleza ao meu redor, as sergantanas passam por mim e descansam á minha sombra...
Interrompeu o pequeno:
- O que é sergantana?
- Pobre ignorante, retrucou a flor;
- É uma lagartixa oras!
Sorrio o menino...- pois, é, aprendendo e vivendo...
- Não é o contrário?, falou a flor.
- Pode ser que sim, mas, tanto faz...
- Estou encantado com tanta beleza no meio dessas pedras, disse o menino.
- É, mas, de vez enquando passa um cruel e arranca minhas amigas ali na frente.
- Você fica triste? disse o menino.
- Claro..respondeu.
- Eu não perdoaria, falou o rapazinho.
- Ah! meu caro amigo, a gente tem que perdoar sempre, por mais que erram, são seres humanos como voce, e todos vivem a maior parte de suas vidas errando, e tem que ser perdoados, senão morrem no pecado.
O pequeno menino pensou...
-É verdade.
- Presta atenção, falou a flor:
- Veja a árvore Sândalo, mesmo sendo cortada pelas serras, pelos machados, elas ainda perfumam quem os mata ou quem os fere. Não poderia ser assim, mas, o perdão é tão grandioso e deve estar nos corações de cada um, que mesmo assim, ferida, o sândalo deixa seu malfeitor perfumado.
- É verdade, não tinha pensado nisso, que flor sábia!
- Não é sapiencia meu querido, é vivência, a gente vive aprendendo...
- É, quanto mais cresço, quanto mais envelheço, mais sei que absolutamente nada sei, vivo aprendendo.
- Olha, adorei te conhecer minha linda flor, e fiquei feliz por saber que mesmo entre rochas no meio do nada, nasce e cresce tão linda flor e tão sábia flor.
- Adeus minha amiga, se cuida...
- Até breve meu amigo, lembre-se, " eu, você e a GLOBO, a gente se vê por ai....o carnaval está chegando e vamos morrer de alegria.
Riu o pequeno caminheiro, abaixou-se e beijou a flor suavemente e disse:
- Deus te proteja minha linda...Deus te proteja, tenho que voltar para os meus outros amigos e continuar minha caminhada.
- Adeus não é a palavra mais apropriada meu amigo, nunca diga adeus querido, diga sempre, - " Até um próximo olhar" , o adeus é muito triste e significa nunca mais voltar e eu quero que volte para me ver.
Novamente riu e partiu o pequeno caminheiro.

PARTE VI



...E, de volta á fonte, lavou o rosto com a água fria,
Tirou a camisa e lavou as axilas quando ouviu:
- Que você ta fazendo criança?
- Quem falou?
- Eu...
- Eu quem, fala logo?
- Você está impaciente menino...sou eu, a água...
- Água!!! e deu um salto para traz.
- Volte, banhe-se, desfrute de mim, mato tua sede, banho teu corpo com minha frescura, eu sou a tua vida, tu podes viver por vários dias sem comer nada, mas, não pode ficar sem mim, se não me tomar pelo menos dois litros e meio todos os dias, teus órgãos silenciam e tu há de morrer.
- Verdade!! Indagou o pequeno espantado.
- É verdade, se todo mundo ingerisse essa quantidade de água todos os dias, os rins agradeceriam e todo corpo feliz ficaria.
- Então vou beber água toda hora.
Riu a fonte e silenciou.
Olhou para traz e viu seus companheiros quase morrendo de tanto beberem água.
- Calma ai gente, tem que beber água pra não morrer e se continuarem assim voces morrerão de tanto beberem água!
Em coro responderam:
- Ta bom...ta bom....não temos mais sede.
Nesse momento o menino vestiu a camisa e falou para os amigos:
- Vamos embora? Já dormimos, já tomamos água, já tomamos banho...vamos em frente que o Sol está quente.
E seguiram pela trilha rumo ao Sol.
A tartaruga estava mais lenta naquele dia, o bicho preguiça então, nem se fala, a única esperta era a cobra que em zig e zag tentava acompanhar o perqueno caminheiro. A borboleta cortava o céu pra lá e pra ca, o Urubu sentiu cheiro de comida e logo gritou:
- Ei...olha lá meus parentes, tem comida ali.
- É mas nós não vamos lá não, credo, que cheiro horrivel...o que será?
- Que nada gente, vamos lá sim, vamos ver o que será, tapemos os narizes...
O Urubu olhou para o céu e relatou:
- Estao vendo aquele lá, é o Urubu Rei de pescoço pelado, é ele quem abre o caminho. A gente não enxerga muito, e quando encontramos comida, marcamos o território, voamos em circulo da carniça, ou ficamos nos moirões de cerca esperando por ele. E quando ele chega, ele quem enxerga tudo e tem o bico mais forte e afiado, se a carcaça é dura, ele quem rompe com o bico para que nós possamos continuar.
- Interessante disse o pequeno, eu não sabia disso.
- Nem eu, disse a cobra,
- Nem eu, disse a borboleta,
- Muito menos eu, disse a tartaruga.
- E eu então, nem sonhava disse o bicho preguiça.
- OLha lá disse o menino, é uma anta...tadinha.
Estavam á beira da estrada e viram que ela fora atropelada.
- É uma anta mesmo, retrucou o Urubu, onde já se viu atravessar a estrada assim. Vamos denunciar ao IBAMA.
- Que nada, o IBAMA não vai fazer nada, estamos na estrada, no meio do do mato, eles não tem interesse politico nisso. Bobeira..
- É mas se a gente não botar o bico" no mundo ninguém vai fazer nada mesmo e todo dia vai morrer nossos amigos na estrada. Hoje é a anta, amanhã o veado, depois...
- Cala a boca, disse a tartaruga, isso está me irritando...
- Não se irrite..não se irrite tartaruga, disse o cavalo.
- Está bem, está bem...vou me acalmar.
- Está calminha agora está...disse a borboleta.
- Agora tô...resmungou a tartaruga.
O Urubu falou:
Outro dia meu irmão estava voando ali na frente, perto do aeroporto, e foi colhido por uma hélice do avião, sabe o que aconteceu?
Meu irmão morreu em pedaços e o avião caiu, morreram o piloto e o dono do avião.
- Nossa, disse o menino, imagina se fosse um avião da TAM, cheio de gente? Teria morrido muito mais.
- É que aqui perto tem um lixão, e toda minha familia vai pra lá, a prefeitura joga o lixo a céu aberto e nós vivemos do lixo, ai não tem jeito, avião com urubu não combina. Enquanto os responsáveis por isso não tomarem jeito, cuidarem melhor da natureza e depositar os resíduos urbanos onde tem que colocar, vai continuar morrendo gente e Urubu. Falou o Urubu.
- È verdade, falta muita vontade politica e os politicos improbos não estão nem ai com a sociedade onde vivem.
O pior, os politicos sem vergonhas, surrupiadores do herário, fraudulam licitações para supeerfaturar o lixo com transbordo para outras localidades particulares só para faturarem alto e o povo quem paga o preço da ganância politica, e com isso falta dinheiro pra saúde da pulação, merenda escolar e melhorar a vida do povo.
E tem mais, a própria população ajuda os prefeitos, tornando a cidade suja, na calada da noite jogam detritos aliamentares, lixo hospitalar e restos de construções em qualquer lugar.
Se os prefeitos cuidassem mesmo da população, planejariam e estruturariam aterros sanitários e ganhariam dinheiro com o gás produzido pelo lixo e não poluiam os manaciais e nem colocariam em risco a saúde da população.
- Falou bonito seu Uribu. Aplaudiram.
- Credo, que horrivel, eu odeio politicos e pra falar a verdade, não salva nenhum, são todos farinha do mesmo saco, em qualquer escalão da politica nacional. falou a borboleta.
Ficaram ali por alguns minutos, rezaram uma prece pela vida morta e continuaram sua estrada.
- Em marcha, gritou o cavalo.
- Eu vou..eu vou..pra casa agora eu vou...cantava a tartaruga.
- Cala a boca sua cascuda, falou a cobra.
- Não me ofende não, sua cobra venenosa...
- re..re..re... to morrendo de " meda" , falou a cobra.
- Voces querem calar a boca, resmungou o Urubu.
- Ô seu Urubu, voce vai tomando no c...onta do caminho, vai vendo ai de cima como está a trilha e fica na sua... falou o cavalo.
-Óhhhhhhh a mão no fucinho heim!
- Ra..ra....ra.... que " meda" !
- Vamos parar ali pra pedir comida, disse o menino.
- Vamos..gritaram em coro.
Toc...toc..toc...
- Tem gente em casa, chamou o menino.
Saiu uma criança correndo e viu aquele bando ali e correu mais ainda...
- Pai..pai..pai..corre aqui, abriram a porteira do mundo...
- Calma filha, que foi?
- Olha lá...
Olhando a turma o pai acalmou-a.
- Fica tranquila filha, são amigos, já estiveram aqui outra vez.
- Oba...eba..eba...eu quero um pra mim. Gritou a menina.
- ô querida, está cheio de animais, esquece que moramos na fazenda?
- Verdade pai...
Foram ao encontro da turma e convidaram para entrar, sentaram-se, e ali ficaram horas papeando, até a noitinha chegar.



PARTE VII

O NOVO AMIGO

A casa ficava entre morros verdes e floridos, lindo o lugar, parecia uma fazenda de contos de fada.
A noite caia no mato, sorrateira,
Enquanto todos dormiam,
A tartaruga resolveu sair ao léu,
Pegou um lampião, sua bengala e lá se foi.
Subiu a montanha onde existia a árvore mais bela,
E lá chegando, deparou som o urso panda:
- E ai seu urso, posso me chegar?
- Claro tartá...posso te chamar de tartá?
- Claro que pode.
- Por que esse olhar triste seu urso?
- É que eu to aqui sozinho, nesta montanha,
sou guardião dessa árvore amiga e tão bela.
- E onde está sua família?
- Não tenho mais família, passou por aqui os caçadores e levaram todos.
- Levaram pra onde?
- Para um circo.
- E por que você ficou?
- Eu me escondi, mas estou arrependido.
- Hum...arrependido de que?
- Agora to sozinho aqui, sem pai, sem mãe, sem irmãos..
- Que triste isso seu urso.
- Vamos sentar nessa pedra ai, disse o urso.
- Vamos sim... Você tem um nome?
- Tenho sim, meu nome é Pandolé.
- Pandolé...riu a tartaruga.
- Ah! Olha ai, você também está rindo de mim...respondeu o urso com um olhar de piedade e tristeza.
- Desculpa Pandolé...desculpa..é que é engraçado.
- Tá bom, vou te desculpar. Você quer ser meu amigo?
- Quero sim, você está sozinho e precisa de amigo. Lá embaixo estão os outros meu amigos, Estão dormindo.
- E você não teve medo de sair a noite assim sozinho?
- Que nada.
- Estou com vontade de chorar, disse Pandolé.
- Então chora meu amigo, então chora, faz bem...lava a alma.
Olha, não é toda hora que se encontra um amigo, tem muito bicho ai falso demais,
Muito bicho invejoso, maldoso, inconfiável.
- Eu sei...eu sei....Ta vendo essa árvore, ela é minha amiga, tem lindas flores e seu fruto se abre e tem muita sementinha dentro dela. Tem muitos pássaros que vem aqui buscar sua semente e sai por ai plantando pela planície. Eu também, quando estão maduras eu arranco e fico jogando aqui de cima.
A gente conversa muito, ela me entende e chora comigo.
- É um amigo tem não tem que ter vergonha de chorar com outro amigo, a amizade é como uma estrela guia, ilumina e mostra a nossa direção.
- Eu devo confiar em todo mundo? falou Pandolé.
- Voce deve confiar desconfiando, até saber se o seu amigo é amigo de verdade.
- Posso confiar em você?
- Pode, mesmo porque voce é grandão e pode me massacrar se eu for desonesto com você.
- Você pode passar a noite aqui comigo, disse Pandolé.
- Posso, se eles lá embaixo sentirem minha falta eles vem me procurar, pois, são meus amigos de verdade.
- Então um amigo é como um irmão?
- Mais do que um irmão, as vezes por egoísmo, ambição, um irmão trapaceia, engana e mata o outro. Como Caim matou Abel. Já o amigo de verdade não engana, não trapaceia, não cobiça a mulher do próximo e não mata. O amigo é uma dádiva de Deus. Graças a Deus tenho muito amigos.
Sabe seu Urso, um amigo aquece o outro quando o outro está com frio, ajuda a procurar comida, chora com a gente na triste e da gargalhada na alegria.
- Então você é meu amigo?
- Sim, e você é meu?
- Agora eu sou seu amigo e eu quero conhecer os seus outros amigos.
- Então, amanhã bem cedo você vem comigo.
- Mas eu não posso abandonar minha árvore, ela é tão bela, tem uma sombra tão gostosa e me perfuma.
Você pode levar seus frutos e na caminhadas plantares várias outras árvores e ser amigo dela também.
- É verdade.
Então Pandolé levantou-se, ajoelhou ao pé da árvore e disse:
- Minha linda amiga, eu preciso partir, encontrei novos amigos e nunca vou te esquecer, pois, você me alimentou, me aqueceu, me deu sombra e me perfumou, então você é minha amiga de verdade.
- Vá com Deus meu amigo Pandolé, vou sentir muito sua falta, suas brincadeiras e subir em mim, seus roncos na madrugada...foi bom ter você como amigo.
- Um dia eu voltarei pra te visitar, e muitos por aqui haverão de passar para descansar á sua sombra.
- É verdade Pandolé, é verdade....então durma que amanhã cedo você tem que encontrar com seus novos amigos...
Então vamos dormir....até amanhã minha querida.
- Até amanhã Pandolé, hoje vou ouvir pela última vez o seu ronco horrível...
Juntos ali, deram boas gargalhadas e foram dormir, felizes com seu novo amigo Tartá, para na manhã seguinte seguirem a vida com os outros que estarão ás suas esperas..
- Só mais uma coisinha:
-Diga então, essa coisinha.
- Vocè será responsável por mim?
- Não, nesta vida, ninguém é responsável por ninguem, cada um tem a sua missão, cada um recebe o que Deus lhe dá e deve sozinho buscar os seus sonhos. É claro que sozinho, sozinho, dificulta, mas, sabendo se conduzir, um amigo sempre pode ajulgar-lhe a sobreviver. Você é responsável por você mesmo, agora, eu não sou responsável por você, mas, sou responsável pelos meus atos e atitudes em relação a você. Tudo que eu fizer contra você,, estarei fazendo contra eu mesmo e pagarei por isto quando Deus me chamar.

Se eu cativo a sua amizade, eu tenho que ter a responsabilidade de ser teu amigo e cuidar para que essa amizade floresça, corra como a água cristalina no remanso do rio.

A responsabilidade de cada um, está dentro de si, da sua missão, e como tal, teremos que ser cautelosos para não magoar a ninguiém, não fazer ninguém chorar, não matar, não roubar, não furtar e não ser mesquinho, vingativo ou traidor
A melhor palavra é aquela que o caração diz, tanto no riso largo, quanto no choro suluçante. a melhor mão é aquela que afaga sem pedir nada em troga. O melhor sorriso é aquele espontâneo no começo de um dia.
O melhor olhar é aquele com ternura e não com piedade.
O melhor presente, é ser você mesmo quando alguém estiver precisando não de tesouros, mas de um ombro que possa amparar, de ouvidos que possam ouvir sem questionar, de paciência, tolerância quando já não as tem mais.
Enfim, amigo, eu não sou responsável por você e nem por ninguém, mas, sou responsável pelas minhas atitudes e pelas palavras que digo. A vida de cada um pertence a Deus e nossas emoções ao mundo. Sabendo cuidar da gente, saberemos viver em paz, sem esperar que alguém seja responsável por nós.

- OBRIGADO COMPANHEIRO...OBRIGADO.

O ENCONTRO SECRETO COM O LEÃO:



A tardinha caia e os amigos estavam todos reunidos esperando o anoitecer.
Então o menino caminheiro subiu a um monte, onde morava o Leão, o leão guardião, que não fazia mal a ninguém que o ameaçasse.
Então ao aproximar-se o Leão, paciente, olhando firma para o menino disse:
- Venha cá meu menino, para onde vão?
- Não sabemos, ainda, seu Leão, estamos em busca da nossa liberdade, de uma vida melhor.
- Mas, tão novo, onde está sua família, disse o Leão.
- Ah! Seu Leão, a vida para mim estava sendo triste, minha família está longe e a gente não estava se entendendo e eu resolvi ir embora.
Então disse o Leão:
- Meu jovem, não há lugar melhor do a que a casa de nossos pais, eles são os únicos que cuidam da gente, que lutam pela gente e que nos ensina a viver. O mundo fora de lá é muito violento, e sós os nossos pais para nos defender.
- Eu sei, disse o menino.
-Então volte pra casa, tenha uma longa conversa com seus pais, quem sabe as coisas melhoram, disse o Leão.
- Eu entendo, seu Leão, mas, ainda não é hora, meu pai batia muito em mim, não me defendia, por isto que eu sai.
-Ele deve ter tido suas razões meu menino. Disse o Leão.
- Eu vim aqui pedi a sua permissão para a gente atravessar o descampado, o senhor nos ajuda?
- Sim, claro meu filho, pode ir em paz, nada vai atrapalhar vocês, sigam com Deus. Lembre-se, por mais que a vida caminhemos em busca de soluções para os nossos problemas, eles estão em casa, junto com a família, é lá que você vai se fortalecer, crescer e com o mundo aprender mais. Mas, nunca esqueça, a escola é o berço da vida, feliz do homem que tem um estudo, que tem conhecimento, esse homem poderá dominar o mundo se souber da sua capacidade, pena que alguns tomam isto ao pé da letra e se tornam maus, matam e roubam e nunca se arrependem. Preste muito atenção na sua vida meu filho, preste muito atenção.
Enquanto sua voz ecoava no descampado, o menino voltou ao encontro de seus amigos para seguir em frente á sua nova jornada.



PARTE VIII

O ENCONTRO COM O HOMEM TRISTE E OS PÉS DE DEUS.

O dia amanheceu.
Todos estavam ao redor do pequeno caminheiro,
Quando de repente:
- Socorro, gritou o bicho preguiça.
Todos acordaram assustados...
- Um urso...um urso...vai nos comer...
- Calma ai dona preguiça, o urso é amigo, ontem a noite enquanto vocês dormiam, eu o encontrei sozinho e triste, então trouxe ele pra cá, disse a tartaruga.
- Está bem, está bem, junte-se a nós seu urso.
- Obrigado, obrigado, meu nome é Pandolé...obrigado....
Então todos se reuniram, cercaram o urso e...
- Eu sou a borboleta, bem vindo...
- Eu sou a tartaruga, agente já se conhece,
- Eu sou o bicho preguiça, bom dia...
- Eu sou a falcão, fica com a gente,
- Eu sou o Urubu, legal ter você aqui.
- Eu sou a cobra, vamos vencer juntos,
- Eu sou o cavalo, carrego todo mundo quando estão cansados, mas, você é pesado, não vai dar não, mas, vem com a gente.
- Eu sou o pequeno caminheiro, junte-se a nós, e aumente nossa família de amigos.
- Obrigado gente...obrigado. Falou o urso com lágrimas nos olhos.
- Bom, então vamos andando....o sol já se levantou, “ simbora” povo meu.
Seguiram então cantando e brincando uns com os outros, até que!
Parou o menino, fez sinal para todos e falou:
- Olha lá, aquilo é um homem?
- É sim, falou o urso. – E ele está chorando, vamos lá.
- Homem...seu homem...bateu o menino ás costas do homem.
Virou-se e viu todos os animais, deu um pulo de susto e gritou:
- O que é isso? Quem são vocês?
- Calma seu homem... “ vá ca carma” falou o bicho preguiça.
- Olha, eu sou um caminheiro e esses aqui são meus amigos, não temos destino, seguimos o sol, a lua e as estrelas, estamos sós no mundo e assim vivemos.
- Está certo, respondeu o homem enxugando suas lágrimas.
- Porque o senhor está chorando? Perguntou a borboleta.
- Eu hoje sou um homem infeliz, meu coração está triste, minha vida está acabada, respondeu o homem.
- Ora..ora...senhor, porque sua vida está acabada, o que aconteceu?
- Depois de tantos anos de vida mal acompanhada, encontrei um amor, o grande amor da minha vida, vivemos juntos por um longo tempo, fizemos loucuras de amor juntos, e eu fiquei doente do corpo e da cabeça e a deixei. Então, ela é linda, tem os olhos azuis tão belos que meus olhos cintilavam quando os viam. Tem um sorriso tão lindo, tão alvo que parece nuvens, tem as mãos tão macias que nem sei o que é rudez. Ela tem a fala tão doce que parece uma melodia, e o seu jeito de ser, uma simplicidade tão intensa que nem parece um ser humano. Ah! Meus amigos, que mulher...que mulher...Falou o homem com lágrimas nos olhos.
- ô meu amigo, o que poderemos fazer para você não chorar mais, falou o menino.
- Nada, não podem fazer nada, eu fui egoísta, fui tolo, fui arrogante, bobo, fui intolerante e deixei que ela fosse embora da minha vida. Ela não queria ir, chorou na despedida e eu tive a certeza do quanto amor e dedicação ela teve para comigo. Fui injusto com ela, ingrato, pensei só em mim, nos meus problemas financeiros e preferi renunciar ao meu amor que levei meio século para encontrar.
Um silencio profundo e todos estavam lacrimejando...
- Que triste isso seu homem...mas, cadê ela?
- Não sei, seu último soluço ainda está na minha mente, mas, ela foi embora, não sei por onde está.
- E você não falou mais com ela, vejo que o senhor tem um telefone celular ai na sua cintura, porque não liga pra ela?
- Eu tentei, mas, só dá caixa postal...e não vou tentar mais, não vou mais ligar, já se passaram 3(três) dias e não vou mais chorar por amor algum.
- è tão bom chorar por amor, falou a borboleta?
- Como você sabe borboleta, você já chorou?
- Eu não, mas, já li nos contos de fada, e o amor é tão lindo.
- É verdade, borboleta, é verdade, o amor é lindo. Disse o homem.
Todos se sentaram ao redor do homem e ali ficaram horas discutindo sobre o amor, e o homem paciente com eles dividia sua experiência de amor e os ensinava um pouco sobre o amor.
O cavalo um tanto triste manifestou-se:
- Eu amei uma “ potranca” linda, uma égua de dar inveja. Tinha a crina longa e branca e a calda longa até o chão....
- Calda? Égua tem calda seu cavalo? Perguntou o Urso.
- É que eu não quis dizer “ rabo” acho essa palavra feia. Mas, é verdade, ela tinha um rabo de causar pânico, quando ela passava. Levantava o rabo e sacudia de um lado ara outro, a galera ficava alucinada e eu tinha que sair dando patada em todo mundo para defender minha “ potranca”.
- E o que aconteceu com ela? Perguntou a cobra.
- Ela morreu, foi ficada por uma serpente...
- Por isso que o senhor queria me quebrar a cabeça não é seu cavalo? Disse a cobra.
- É verdade. Mas, já passou e eu não tenho que generalizar, nem toda cobra é peçonhenta. Sofri muito, por isso entendo o homem ai, eu sofri igual a ele.
Sabe, o amor é uma doação tão grande, que a gente depois de um certo tempo fica dependente. O amor é uma luz intensa e a gente tem sempre que estar tomando cuidado para não apaga-la, pois, é ela quem ilumina a vida, quer seja um amor de mãe, que é incondicional, o maior amor do mundo, também o amor de irmãos, até mesmo por um animal de estimação O amor é sagrado, vem de Deus, e nós aqui, amamos uns aos outros. Mas, o amor de homem e mulher, quando sincero, verdadeiro, é também, um amor infinito enquanto durar e esse amor deve durar para sempre, mesmo que as pessoas se separem. Eu ainda a amo, apesar de saber que nunca mais a terei de volta. Disse o cavalo.
- É verdade meu amigo, o meu amor ainda está vivo, lá fora e dentro de mim, queima feito fogo, dói feito uma carne rasgada, e com isso, se fez uma saudade tão louca que rasga meu coração, enche meu peito e sai pelos olhos. Eu sou dono da minha tristeza, eu quis assim. falou o homem chorando.
- Olha, seu moço, seja forte, pensa no que foi bom, nos momentos maravilhosos que vocês dois viveram, nas loucuras que disse que fez, no carinho, na ternura...pense somente no lado bom do amor, não se entedie com isso, e nem se odeie por ter feito o que fez. A vida segue seu destino, você segue o seu e ela o dela. Provavelmente cada um de vocês encontrará um novo caminho, e um novo começo do amor, o importante é nunca desistir, nunca deixar de amar e nunca esquecer o amor vivido. E quando lhe perguntar se você o esqueceu, diga simplesmente que não chora quando se lembra dele. E, se chorar, diga que chora, pois, nunca devemos deixar de fazer aquilo que o coração manda, nunca deixarmos de ser nós mesmos em qualquer situação. Vem conosco, siga nosso destino, vamos em frente, você é nosso amigo, vem ....
- Não, seu sábio caminheiro, não posso, tenho ainda muito que fazer por aqui, não posso seguir um destino assim, não sou livre para ir, tenho muito que fazer. Vão vocês, adorei conhecê-los, vocês serão inesquecíveis. Vão, eu estou bem, minhas lágrimas não secarão, mas, serão amenizadas e eu ficarei com minha tristeza até meu coração suportar e minha alma permitir. Deus acompanhe vocês meus amigos....Até um próximo olhar, até um próximo encontro nesta vida que Deus nos deu.
Então em acenos e lágrimas, deixaram o homem e seguiram em frente...
Num derradeiro ato o caminheiro parou e gritou:
- Qual seu nome?
- Me chame apenas de um sonhador, um sonhador.
- Está bem...adeus....e sem olhar para traz, foram embora e o homem ficou sentado sobre á sua pedra, chorando seu amor perdido.
Num dado momento o pequeno " andarino" caminhante menino, mandou que o cavalo fosse á frente para observar o caminho.
Enquanto isto, subiu até uma pedra e pôs-se a olhar o horizonte, quando seus olhos inocentes puderam ver os pés descanços de Deus caminhando sobre a terra.
Mas, só os olhos da sua inocência poderiam enxergar e ali ficou estático olhando o infinito e os pés de Deus com o corpo encoberto pelas nuvens e sobre a planicie natural da vida, da terra criada por ELE.
Quis ele ter o poder de ver a face de Deus, mas, nem ele pode, apesar de sua alma se leve e protegida por DEUS.
Teve tanta vontade de apresentar seus amigos e caminharem logo atrás, mas, não pode, ainda tinha muito que viver, sonhar, aprender, conhecer o amor e ser feliz.


PARTE FINAL:

VOLTANDO PARA CASA



A tarde termina e o pequeno caminheiro feliz pelo seu dia,
Caminhou pelos campos juntamente com o cavalo, pois, os demais amigos resolveram ficar só na "vóia" junto com o bicho preguiça.
Não muito longe dalí, o mar bramia contra as rochas, com a violência de costume, esparramando espuma branca trazidas pelas suas ondas.
Havia uma maresia ao final da tarde, o cheiro do mar transfixava as narinas a pele arrepiava com o friozinho vindo de longe.
Então, o Sr. cavalo sugeriu:
- Meu amigo, vamos galopar na orla?
- Não é má idéia, vamos.
- Então suba aqui no meu dorso, agarre firme nas minhas crinas e vamos nós a galope sentir a liberdade do vento roçando nossas caras.
- Espera ai resmungou o menino:
- Cara tem você, eu tenho rosto!
- Deixa de ser bobo, cara, rosto, face, tudo é a mesma coisa, o que você tem eu tenho, só que em formatos diferentes, você é humano e eu sou animal.
- É verdade, seu cavalo, o Senhor tem razão, afinal, só somos diferentes porque voce tem quatro patas e eu tenho dois pés, braços e mãos.
- É, mas você nasceu num berço e eu numa cocheira.
- Lembre-se seu cavalo, Jesus nasceu numa manjedoura bem numa junto aos animais, não nasceu num berço e nem numa casa.
- Irado voce,gritou o cavalo, vamos deixar essa conversa e sinta a liberdade...
-Bom demais isso seu cavalo, corra...corra...corra mais, quero sentir o vento bater no meu peito e eu vencer sua barreira como se atravessasse o túnel do tempo.
- Segura ai seu rapaz....lá vamos nós....
E o cavalo saiu numa desabalada carreira, como se estivesse nos campos, correndo...correndo com seus pares.
- Ei menino, você já tomou banho de mar?
- Eu não, não quero não, a água é fria e eu tenho medo de me afogar.
- Você não sabe nadar?
- Não.
Enquanto corria o cavalo pensava em fazer uma brincadeira com o menino e jogá-lo na água. Ficou meio apreensivo, mas, decidiu fazer o que pensava.
Enquanto corria distraia o menino com suas gritarias, até que adentrou pelo mar e parou de repente.
Nem deu tempo, e o menino foi lançado ao mar com a parada brusca do cavalo.
- Socorro..socorro..seu maluco...seu doido, eu te falei que não sabia nadar...
O cavalo ria que se matava, e gritava:
- Levanta ai seu moleque, levanta, que vai ver que a água vai estar abaixo do teu trazeiro.
Levantou-se e viu que realmente a água estava na sua cintura. Mas, como já estava ali dentro, resolveu ficar e se divertir, pulando ondas. Só que com a queda na água, o menino ficou sem o shorts e nem percebeu e lá fora a bicharada ria e pulava ao ver o menino plantando bananeira na água com a "bunda"de fora.
Com as ondas, o shorts ficou boiando e o falcão voou até lá e pegou-o.
- Vem cá seu falcão safado, traz meu shorts aqui....esbravejava o pequeno.
Depois de muita gozação, muita folia, o falcão soltou o shorts e o menino se vestiu, saindo da água,
- Adorei nadar no mar, gritava o menino chutando a água, já na areia.
A tarde caia ligeiro, e a turma precisava encontrar um lugar para passar a noite.
Saíram ainda com dia claro e foram procurar abrigo.
Encontraram uma gruta e ali acenderam uma fogueira e passaram a noite.
Ao amanhecer o dia, todos se reuniram e o menino falou:
- Preste atenção, já andamos muito por ai, viajamos por muitos lugares, e chegou a hora da gente voltar pra casa.
- Como é? Perguntou a tartaruga.
- Que é isso menino, espantou-se o urso.
- É isso, não temos mais pra onde ir, rodamos tanto e acabamos perto de casa, não estou muito longe de casa não, estão vendo aquele morro ali, pois é, se a gente sair logo, a noite chegaremos la, temos que atravessar toda essa mata ai.
- Nossa, parecia perto, resmungou o Urubu.
- Então, vocês vem comigo?
- Claro que vamos, não temos pra onde ir, iremos com você pra onde você for.
- Todos concordam?
- Simmmmmmmmmmmmm....responderam em coro.
Então vamos embora pra casa.
Andaram o dia todo, estavam famintos e com sede, e nunca que chegava o tal morro que o pequeno caminheiro mostrou.
Depois de andarem muito, atravessarem os campos de girassóis, belos roseirais, plantações de milho, soja, atravessarem riachos, chegaram a uma porteira onde tinham dois pés de flamboyant florido. Era primavera, tudo era verde e colorido.
- É aqui que eu moro, falou o menino.
- Nossa que lugar lindo, mas está muito quieto aqui. Disse o cavalo.
- Verdade, alguma coisa aconteceu.

(continua)
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 13/02/2013
Reeditado em 14/02/2013
Código do texto: T4138546
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