O PORQUINHO PITOCO
Muito sapeca, fuçava todo o terreiro,
e quando mamava na mamãe gorducha,
era guloso e se banqueteava no leite farto,
brigando com os irmãozinhos menores,
disputando as tetas como se fossem só suas.
A mãe olhava de soslaio o filho briguento,
mas dele tinha uma estranha preferência,
por ser tão diferente, na cor preto e branco,
destoando da ninhada onde todos eram pretinhos,
e isso chamava a atenção da criançada vizinha.
Pitoco corria atrás das galinhas no terreiro,
roubando suas quireras derramadas no cocho,
espantando todas numa algazarra infernal,
e só se acalmava quando o galo lhe enfrentava,
pois tinha receio de suas esporas tão afiadas.
Quando estava farto de tanta gulodice
procurava um canto onde queria dormir,
e quando estava roncando vinham as crianças,
que carregavam no colo o porquinho bonito,
para tomar o bainho do dia que tanto adorava.
Pegavam shampoo até deixar a água espumosa,
esfregando seu couro espesso com a escova grossa,
tirando carrapichos que na pele grudavam,
e até carrapatinhos atrevidos chupando seu sangue,
e depois de limpinho Pitoco ficava uma gracinha.
Embrulhavam numa toalha felpuda seu corpo bonito,
para brincarem com o porquinho na sala de espera,
e como se fosse um cachorrinho bastante sapeca,
corria atrás de brinquedos e escondia atrás do sofá,
até que Pitoco era encontrado e todos gargalhavam.
Ficava depois ronronando no colo da criançada,
sabendo que logo teria o leitinho na mamadeira,
adoçado com mel e misturado com canela moída,
que vinha quentinho e Pitoco mamava guloso,
e nessa vida gostosa era o xodó das crianças.
30-01-2013