NINA E BADO EM: O VERDADEIRO TESOURO
NINA E BADO EM: O VERDADEIRO TESOURO
Nina e Bado são gêmeos. E esta é a história deles. Pelo menos uma das várias histórias que temos pra contar. Muitas coisas que são contadas aqui são verdades e outras, inventadas. Mas todas são possíveis, afinal trata-se de gêmeos e eles são impossíveis!
Bado e Nina moravam em um apartamento numa cidadezinha do interior. Eles tinham muitos amigos. Eram alegres e arteiros. E a mamãe sempre presente, brincava junto com todos eles. Porém, mamãe tinha um compromisso profissional, por isso precisaria viajar. Era a primeira vez que ela saía, mesmo que fosse só por um dia. Mas antes de ir, preparou-lhes uma aventura: deixou um caça- ao- tesouro. Várias pistas cheias de enigmas e surpresas. O papai os ajudaria a achar o tesouro.
Quando a mamãe saiu disse que a primeira pista eles iriam encontrar no café da manhã. Deu-lhes um beijo de boa noite e partiu.
já manhã seguinte, embaixo do travesseiro estava lá um bilhetinho:
“Os alimentos fortificam o corpo, e os pensamentos alimentam a alma.
Comam tudo, fiquem fortes, e depois procurem dentro do açucareiro; a primeira pista encontrarão, para se ocuparem o dia inteiro.”
Bado, calmo como sempre, esperou o fim do café para que o pai lesse a pista do açucareiro, mas já Nina estava ansiosa e quase nem comeu. Ela repetia:
- Leia papai, leia a pista papai. Leia por favor! Repetia sem parar, parecia uma maritaca. (matraca?)
Finalmente, papai pegou dentro do açucareiro uma papelzinho enroladinho como carta de garrafa de pirata. E lá estava escrito:
“ Nina e Bado. Vocês são a alegria da minha vida, com vocês posso sorrir e gargalhar. Por isso para que possam sorrir, a vocês o circo chegará. Só papai sabe como lá os transportar. Vão correndo por que lá na sala há palhaços a esperar.”
E eles foram correndo ver o que na sala havia, e acharam toda espécie de objetos circenses: peruca de palhaço, nariz de palhaço, uns malabares muito maneiros, perna de pau, ali quase estava um circo inteiro. Ficaram horas brincando de circo. E passaram a manhã fazendo tudo como se faz em circos. Como eles escovariam os dentes no circo? Soltando bolinhas de pasta de dentes no ar. E como era andar como no circo? Claro que em cima de algum sofá. E assim brincaram até a hora do almoço quando já começaram a se perguntar o que mais iriam passar.
Papai que havia saído para trabalhar, voltou agora para almoçar. Antes mesmo que ele dissesse como todos os dias:
- Quem chegou? Quem chegou? Papai chegoooooouuuu!
Nina já estava a sua espera na porta da cozinha.
- Diga papai, a mamãe já mandou outra pista? Perguntou.
- Ah, você está curiosa. Mas desta vez, não lerei nada; pelo telefone terá a resposta.
Nina comeu tudo, mas nem prestou atenção. Só queria escutar o tilintar do telefone. Até que finalmente mamãe fez a ligação. Bado falou primeiro, queria saber se procurava novamente no açucareiro. E Nina disse que estava com saudades, mas que aquela brincadeira era boa de verdade. E mamãe falou que era na cozinha que a pista estava:
“o valor de uma amizade é o que aquece o coração.
A pista está onde é frio, mas não neva de verdade, onde há guloseimas de sobremesa; de chocolate, o preferido, mas lá no fundo e bem no fundo é que estará escondido. Um pedaço poderão comer, mas depois, só depois poderão ler. Ali estará a pista cuja tarde lhes ocupará. Uma grande brincadeira que só com os amigos curtirão.
Pois não há nada mais doce e que traz mais esperança na vida, do que brincadeira de criança”.
- Essa é a pista? Não entendi nada, disse Bado.
- Claro que é difícil, mas se prestarmos atenção, vamos matar a questão. Frio mas não neva e ainda tem guloseima, só pode ser a geladeira.
- Isso mesmo Nina, e a sobremesa eu como primeiro.
E eles acertaram. Lá na geladeira, na última prateleira, estava um bolo cheio de recheio, mas bem no meio estava a pista com as instruções da próxima brincadeira. Mamãe era quase poetiza e escreveu assim:
“Quando criança brinca, o mundo inteiro se agita. Quando criança gargalha, as estrelinha brilham mais forte. Quando crianças canta, a todos encanta. Na ciranda da vida, o que fica é a amizade que fizemos na infância. Mais pura e bonita que existe”.
“Lá na área de serviço estão: corda, bolinha de gude, bola, elástico, músicas de roda e o carrinho de rolimã do Bado. Chamem os amigos do prédio, e brinquem, meus amores. Porque a vida é um circo, cheio de alegria e magia. E cheio de brincadeira e esperança. Cheio da vontade de ser criança!”
E prontamente à mãe obedeceram, chamaram os amigos e, no play-ground, desceram. E ali embaixo as crianças do prédio brincando, cantando, pintando o sete.
Cacá era a mais meiga das crianças, era ela quem coordenava as brincadeiras das meninas. Nina e Aninha só acompanhavam a desenvoltura da amiguinha mais velha e animada. Pulavam amarelinha, elástico e cantavam Ciranda-Cirandinha.
Murilo, Bado e Marquinhos voavam no carrinho de rolimã. Murilo era o mais velho, boleiro, zagueiro. Marquinhos, um arteiro; e Bado, o companheiro. Depois bola de gude e de meia, bola queimada e
Ao entardecer, para casa voltaram. Na penteadeira da mamãe, mais um bilhetinho acharam. De frente para o espelho, os três: papai, Nina e Bado estavam ansiosos, mas agora era mais saudade do que curiosidade. As aventuras foram ótimas, mas a saudade bateu de verdade. E ela escrevera:
Papai, Nina e Bado, cada enigma trouxe uma brincadeira para que vocês se ocupassem a tarde inteira. Assim, o dia passaria rápido e a saudade seria esquecida. Agora, contudo, quero lembrar que vocês são os amores da minha vida, minha família. Olhem para o espelho e verão que a caça ao tesouro acabou. Então, vendo vossa imagem refletida, perceberão que são vocês três os tesouros de minha vida”.
E assim, de pijama, dormiram juntos como família, papai lendo sua historinha, sabendo que pela manhã a mamãe voltaria. A saudade até passara, ficara só a alegria, por que sabiam que nenhum outro seria como aquele dia!