O ursinho casmurro
Era uma vez um ursinho branco.
Frio.
Gelado.
Se chegasse perto, pegava um resfriado,
De tão zangado...
Achava que José pegava no pé.
Achava que Vanessa dava dor de cabeça.
Achava que Hortência enchia a paciência.
E mais...
Achava que Joana tinha cara de banana.
Achava que Tião tinha cara de mamão.
Achava que Maria tinha cara de melancia.
E vivia.
Cheio de mania.
Mania de não ver o sol nascer.
Mania de não ver o girassol crescer.
Mania de não ver a flor se abrir.
Mania de não ver a couve-flor servir.
Até conhecer Serena.
Até admirar o sereno.
Até conhecer Inocêncio.
Até admirar a inocência.
Serena e Inocêncio faziam arte.
Em qualquer parte...
Viajavam nos barquinhos de papel.
Levantavam voo nas pipas do céu.
Rodopiavam nos piões de madeira.
Giravam nos bambolês.
Iam e voltavam nos iô-iôs.
Serena e Inocêncio pintavam o sete.
O oito.
O nove.
Eram nota dez.
Os artistas encantaram,
Fascinaram o ursinho branco,
Que todo dia mudava de cor...
Azul, para o amigo Raul.
Amarelo, para o amigo Otelo.
Marrom, para o amigo Nelson.
Lilás, para o amigo Tomás.
E, finalmente, arco-íris para a amiga Íris!
Casmurrice ?
Nem com a amiga Ana Alice!
Acabou-se a mesmice...
O ursinho branco mudou por inteiro:
Virou arteiro!...
Fazia bagunça no coração de toda criança!
E você?
Não vai entrar nessa dança?...