OS VISITANTES DA GALÁXIA

   Numa clareira, no meio da grande floresta, estavam reunidos vários bichos e aves. Olhavam para o céu e perguntavam, uns aos outros, que coisa seria aquela parada n o ar. Avião não era, disso tinha certeza a garça. Ela já vira muitos no ar e eles pareciam grandes pássaros de metal, só faltando bater as asas. Aquilo era redondo lembrava uma enorme bacia de boca para baixo.

O zunzunzun continuava. A bicharada opinava sobre o objeto sem chegar a nenhuma conclusão. De repente as luzes da grande bacia se acenderam e uma porta foi, lentamente, se abrindo deixando passar um raio que sugou os bichos para o bojo do objeto. Eles, assustados, perguntavam:

- Tem alguém aí? Quem são vocês? Por que nós estamos presos aqui?

Silêncio absoluto. O macaco deu sua opinião: eles estavam numa grande jaula de um circo, com o que concordou o leão e o tigre completando que só estava faltando o domador.

Como não aparecia ninguém, os bichos começaram a prestar mais atenção ao lugar onde estavam. Era engraçado, dizia o lobo, havia pequenas janelas iluminadas, uma em seguida da outra. Foi aí que ele tentou empurrar, com a pata, uma das janelas na tentativa de abri-la. Um barulho esquisito soou no ambiente, era como se as janelas falassem com eco.

- Não mexam nos aparelhos.

- Meu Deus! – exclamou o macaco – que linguagem é esta?

- Parece fala igual a daquela gente que vive na margem do grande rio. Só que eu não entendi nada. Disse a cegonha coçando a asa com o bico.

- Ora bolas! É claro que você não entende. Nós falamos o idioma dos bichos e aquela gente fala a língua dela. – esclareceu um coelho de olhinhos vermelhos. E usando a linguagem dos bichos, o macaco perguntou:

- Tem alguém aí? Novamente ficaram sem resposta.

A cobra, cutucando a barriga da onça com a ponta do rabo, disse:

- Olha pra cima, menina!

A onça olhou e, através de uma parede de vidro, viu seres pequenos falando e gesticulando. Um deles usava um aparelho parecido com um rádio. Os bichos não ouviam, mas o autor da história, que já fez muitas viagens espaciais, ouvia e entendia a fala.

- Nave 386 chamando. Planeta azul habitado por formas diferentes. Responda nave 387. Aguardamos instruções.

- Nave 387: aqui fala o general Astazu. Formas de vida são amistosas?

- Nave 386: falando o imediato Libonastu. Estão assustados, mas parecem pacíficos.

- Imediato, você entende o idioma deles?

- Não general. Por todos os planetas por onde andei nunca ouvi tal linguagem.

- Então use o tradutor universal para contatar estes alienígenas.

O tradutor universal, de última geração, rastreou todas as vozes de animais e de aves guardando cada som na memória facilitando o aprendizado, que se deu em poucos minutos, para aquelas criaturas vindas do planeta "Seilaondefica". O imediato Libonastu, abrindo a porta que o separava dos bichos, falou com voz grave.

- Saudações terráqueos! Viemos em missão de paz.

Os bichos entenderam tudo e perguntaram todos juntos a criaturinha do tamanho de um menino de sete anos:

- Se vieram em paz, por que nos prendem aqui?

- Não estão presos. - respondeu o visitante - Estamos aqui em busca de solução para o nosso planeta. Ouvimos falar do planeta azul, da sua riqueza de verde, abundância de água e tantos outros recursos naturais.

E o imediato da nave 386 contou que, de tanto desmatar, poluir a água e a atmosfera, "Seilaondefica" é hoje uma imensa bola deserta girando no universo. Do povo sobraram algumas pessoas porque foram viver em cavernas onde desenvolveram uma avançada tecnologia de sobrevivência e de viagens interplanetárias. Porém isso não é suficiente. Eles querem sair das cavernas, voltar a viver na superfície.

- O que podemos fazer para ajudar? - perguntou o macaco ao elemento mais velho do seu bando. Ele, sabiamente, respondeu:

- Se todos estiverem de acordo, podemos dar sementes da grande floresta para que eles plantem no seu planeta, já que possuem tecnologia de primeira não será difícil reflorestar tudo. Quem estiver de acordo levante a pata ou uma das asas.

Selado o acordo, o macaco falou com Libonastu convidando-o para conhecer um pedaço do planeta azul. Sairam os bichos e a tripulação da nave 386. Quando viram a floresta, os rios, a quantidade e a diversidade de habitantes, os "seilaondeficanos" choraram de emoção. Então o macaco mais velho do bando deu a ordem:

- Vamos recolher as sementes. - e todos partiram para executar o trabalho sob os olhares curiosos dos forasteiros. Horas depois a nave estava suprida de todo tipo de semente para reviver o planeta vítima da irresponsabilidade dos seus habitantes. Antes de partir, Libonastu agradeceu a hospitalidade e a generosidade dos bichos com as seguintes palavras;

- Amigos, eu não imaginava que fosse tão lindo o planeta azul. Vocês são donos de um paraíso e têm o dever de cuidar dele, defendê-lo com unhas e dentes porque depois de tudo devastado o conserto é difícil e muitas vezes inviável.

E partiram para casa as criaturinhas simpáticas. Quando o macaco avistou, lá longe, um fio de fumaça subindo para o céu, lembrou-se das últimas palavras do imediato da nave 386, e uma tristeza encobriu os seus olhos, porque sabia que os moradores da beira do rio eram iguais aos que acabaram com o planeta "Seilaondefica".

03/03/07.

(histórias que contava para o meu neto).