Uma nave espacial, vinda de Plutão, um planeta muito distante, pousou no jardim de David, bem no dia de carnaval. No primeiro instante ele ficou assustado, mas logo foi ver quem estava naquela nave.
Quando chegou bem perto da porta ela se abriu e desceram dois meninos e um casal que devia ser seus pais.

 

A mulher era muito bonita e tinha os cabelos e os olhos azuis.
- Bom dia menino, meu nome é Morgana e esse é o meu marido, Magno. Meus filhos se chamam Bara e Tona.
- Muito prazer, disse David. Eu fico muito contente de recebê-los em minha casa. Querem entrar para conhecer meus pais?
- Claro, meu garoto, respondeu Magno.
Sentaram-se todos para jantar e David começou a cantar uma música para alegrá-los.

Os meninos logo se adiantaram e foram conversando com David.
- Eu sou o Bara e tenho 8 anos
- Eu sou o Tona e tenho 6 anos.
- Eu também tenho 8 anos, como
você, Bara – disse David.
David apresentou seus novos amigos aos seus pais, seu Brás e dona Cora.
- Venham, podem entrar e almoçar conosco – disse seu Brás.
- Não queremos incomodar, mas é que nossa nave está precisando de reparo e nós gostaríamos de ficar alguns dias para consertá-la – disse seu Magno.

- Claro, meus amigos. Podem ficar o tempo que pre-cisarem. Podemos trocar informações sobre nossos planetas e ficaremos mais enriquecidos com essa amizade.
Lá pelas três horas da tarde, David entrou em casa gritando: Bara... Tona...venham correndo ver o bloco de carnaval que está passando na rua.
Mas... pobre do David! Desta vez, sem querer, ele causou um tremendo desastre. Dona Antonieta, amiga de sua mãe, ao ouvi-lo gritar: Bara...Tona, deu um pulo tão grande que foi parar em cima do armário e de lá gritava: Socorro! Socorro! Tirem a Baratona daqui. Eu morro de medo de barata!
David se dobrava de tanto rir com a agonia da dona Antonieta. Ele queria explicar que Bara e Tona eram os nomes de seus novos amigos, mas não conseguia parar de rir.
Sua mãe, mais que depressa, chamou seu Brás para pegar a escada e tirar a pobre senhora de cima do armário. Só depois de ser convencida de que não tinha nenhuma baratona na casa foi que ela desceu e foi também ver o bloco passar.
Bara e Tona estavam encantados com aquela festa. Só não entendiam porque algumas pessoas usavam más-caras tão feias.
- É para meter medo aos outros – explicou David.
- Mas por que elas querem meter medo aos outros? perguntou Bara.
Ah, isso eu não sei não. Acho que deveriam fazer máscaras de sorriso. Eu até compraria uma para a dona Azeda. Ela é tão feia!
- Eu não acredito que exista uma pessoa tão feia que precise usar máscara – disse Bara.
- É porque você não conhece a minha vizinha, dona Azeda. O nome dela é Yeda, mas todo mundo chama ela de dona Azeda porque ela parece que está sempre chupando limão, de tão feia que é a cara dela. Ela é tão feia, mas tão feia que, outro dia, ela foi ao supermercado comprar uma vassoura e o vendedor perguntou se ela queria que embrulhasse ou se ela ia montada. Ela ficou furiosa e saiu cuspindo marimbondos.
- Por quê? Perguntou Tona.
- Porque só as bruxas, Tona, é que montam em vassouras,
 ora!
- Ah..sei. É que no meu planeta não existem bruxas, só fadas que além de serem bonitas, sabem fazer remédios que curam tudo.
- Ih...então vocês devem ter alguns desses remédios na nave e poderiam ajudar a dona Yeda – disse Rafa.
- Claro, temos o spray da beleza.
- Mas Bara ela é feia mesmo! Ela é tão feia que outro dia a convidei para trabalhar no teatrinho da escola porque a máscara de bruxa não tinha ficado pronta. Como ela não precisaria usar máscara nenhuma para fazer o papel de bruxa, eu achei que ela podia quebrar o nosso galho. Mas ela ficou furiosa e até rogou uma praga para o meu time perder o campeonato.
- O que é rogar praga? Perguntou Bara.
- Você nunca ouviu falar nisso? É quando se deseja um mal para outra pessoa.
- Ah...lá em Plutão nos também rogamos pragas,mas só pragas boas.
- Isso não é rogar praga. Isso são votos que podem ser de felicidade, de boa viagem ou de boa prova.
- Vamos lá na casa da dona Yeda tentar consertar essa sua briga com ela. Vou levar o spray da beleza – disse Bara. Enquanto eu dou uma “sprayzada” na casa dela, você a distrai. Quando a gente faz um bem, não precisa sair contando pra todo mundo. A gente faz o bem e esquece e aí, quando a gente precisa de alguma ajuda, algum anjo, lá no céu, já sabe que a gente é uma pessoa legal e vem nos ajudar.
Os dias se passaram e eles nem se lembravam mais de dona Yeda quando a viram saindo da igreja, com um sorriso nos lábios e uma rosa na mão.
Dona Azeda, é a senhora mesmo ou é a sua irmã? Perguntaram.
- Sou eu mesma. Eu não tenho irmã.
Sei que vocês devem estar estranhando de me verem na igreja.
- Não. Não é isso não. É que a senhora está muito bonita – disse David.
- Pois é, meu filho. Eu resolvi lavar o meu coração.
- Com água e sabão? – perguntou Tona.
- Não, meu filho. Lavar o coração é modo de dizer. Eu resolvi tirar todas as coisas feias que estavam no meu coração. Pedi a ajuda de Deus e agora sou outra pessoa. Tirei todas as tristezas, as ofensas, os desejos ruins e transformei tudo em esperança, em carinho, em amizade e, principalmente, em vontade de ajudar àqueles que precisarem de mim. Eu mudei tanto que até o meu jardim, que não dava flores nunca, está começando a florescer. Vocês não querem ver?


 
edina bravo
Enviado por edina bravo em 07/11/2012
Reeditado em 05/02/2014
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