Bisteca e Gato das Rosas

Bisteca era um cachorro diferente

Tinha um latido fininho

Mas ele era bem grande.

Se precisava latir

Logo na garganta vinha um nó,

Os outros cachorrinhos riam dele

Aí ele fica triste de dar dó.

Bisteca tão bonito

Com seu pelo negro e brilhante

Chorava escondidinho

Enfiado embaixo do tanque.

A gata do vizinho

Que não era boba nem nada

Ouvindo aqueles soluços

Já sabia do que se tratava.

Deixa disso, Bisteca!

Tem nada que ficar chateado,

Cada um é como é

E não tem nada de errado.

Ele levantou um pouco a cabeça

Mas não se sentia consolado

Porque logo ele, perguntou,

Tinha que latir engraçado?

Ora, não é engraçado

Só é diferente...

O latido muda

O que um cão é por dentro?

Estou dizendo Bisteca...

Você é cão e isso, ninguém nega,

Se latir fino ou latir grosso

O que importa?

É fácil você falar.

Toda branquinha,

Fofinha e dengosa,

Quem ri de você, assim

Toda prosa...

Ah, tenho lá minhas coisas...

Já viu um gato cheirando a rosas?

Pois é, sou eu

E antes, todos riam.

E porque cheira a rosas?

Uma longa história

E isso, não vem ao caso.

O fato que cheiro a rosas e pronto.

Também sou diferente.

Mas não sofro!

Então, saia já daí

E vá ser cachorro!

Chega de choradeira,

Que tá quase na hora do almoço...

Bisteca saiu e foi pro quintal

Já não estava tão mal,

E até arriscou uns latidos.

Mas não apareceu ninguém.

Ouviu, vindo de longe uns gemidos

E cheio de coragem foi procurar

Viu enroscados nas roseiras

Os que viviam a lhe zombar.

Ajuda-nos, Bisteca!

Venha nos salvar...

Tantos espinhos nos impedem

Até de respirar!

Com todo aquele tamanho

Bisteca pulava pra lá e prá cá

Latia, latia e puxava os galhos

Querendo ajudar.

Soltou todos eles,

Mas mal conseguiam andar.

Seu dono que ouviu os latidos

Encontrou-os e tratou logo de cuidar

Dos cãezinhos de latido grosso

Que não conseguiam das roseiras se livrar.

Bisteca era um herói,

Não por tê-los salvado

Mas por não esquecer quem era

E ter-lhes ajudado.

Os outros cachorros

Entenderam afinal

Que não há mal em ser diferente,

O mal que tem,

Está no olhar da gente.

A gata, toda sorridente

Bebia seu leite bem tranquila.

Um outro dia,

sai para passear de novo

Lá, entre as roseiras...

Leda Gaivota
Enviado por Leda Gaivota em 19/10/2012
Reeditado em 19/10/2012
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