Once upon a time...  Quero dizer, era uma vez... Por que não duas ou três vezes?  Vamos lá, iniciando novamente...

Era uma vez uma linda menina chamada Stephanie (por que será que a personagem principal sempre é linda?). Pois bem, ela tinha uma pequena grande família: papai, mamãe, Renan e euzinha.
Essa história foi vivida quando eu tinha 06 anos, foi quando ocorreu um fato inédito na família: Enquanto mamãe estava ocupada teclando no notebook ( se fosse minha avó ou bisa, certamente estariam fazendo bolinhos na cozinha!) eis que um monstro enorme tomou formas lá no banheiro dos fundos: então falei a primeira palavra que aprendi mas dessa vez no grito:
-mamãe, mammmmmaeeee!..
-o que foi filhinha, calma, dá pra chamar o papai de vez em sempre? (aquela era a minha mãe mesmo!) acho que ela queria ser independente do marido e de mim também!
-tem um bicho horrível aqui, dentro do box do banheiro... ele está me olhando com os olhos enormes....
-claro que está, com certeza está pensando o mesmo que você. calma, já estou indo...
E lá veio a mamãe bem tranquila, como se não estivesse acreditando totalmente em mim. Afinal, aquela não era o primeiro escandalo que eu me envolvia... (coisa de menina diria meu irmão mais velho), coisa que minha mãe detestava e que eu vinha tentando aprender: não fazer gritaria como todas as outras meninas quando vêem uma barata, como se elas pudessem se assustar com o grito e cair fora, fugindo da inevitável vassoura, arma das mulheres pra se defender e as vezes voar...
-Ora, ora, disse a mamãe. Não é que o monstro nem tem sete cabeças! veja só as suas maõzinhas tão juntinhas. Vê, ele se chama louva-deus. Não o assuste com sua gritaria. A vítima é ele! olha só o tamanho seu!
Naquele tempo eu não entendi, porque a mamãe tinha ficado do lado dele e não do meu. Demora-se muito pra entender isso.
Não se aprende nos bancos escolares, não vem de berço. As vezes leva-se a vida inteira.
-Que susto mamãe (sempre funciona quando a chamo assim). eu pensei que ele fosse me picar...
-Certo, certo, agora vamos secar os cabelos e tirar esse ninho de beija-flor de trás da nuca.  Quando eu era pequena eu também não alcançava pentear atrás.
- E hoje você consegue mamãe?
- Não sei como funciona, mas hoje consigo sim eu...
-Mãe, mae, ele está se mechendo... o que vamos fazer com ele?
-Já te disse, chama-se louva a deus. tem esse nome ...
-vamos chamar o papai...
-nem pensar, temos que pensar em algo. vou buscar a vassoura e voce cuide para que ele não se afogue na poça do banheiro... sair pela janela ele não vai conseguir... vou pensando em alguma coisa, fique tranquila...
-Enquanto ela ia sem arrastar os chinelos (aliás outra coisa que ela detesta) já deu pra perceber que ela não é igual a tantas outras... até em casa esta geralmente de sapatos, ainda lembro dela dizendo: Stephanie, nunca fique desarrumada, mesmo estando em casa. Use sempre batom, esmalte, perfume e salto alto. A gente nunca sabe quando vai encontrar o príncipe! e não esqueça de sorrir, para mostrar o piercing. Eta mãe diferente!
_Mãezinha, que tal deixar a janela aberta?
_Não filha, ele deve estar perdido, nem vai imaginar o caminho. Que tal pegá-lo com a vassoura?
_Fiquei pensando: porque não dizer pegar ele?  os outros entenderiam quem é esse "lo"? em casa não precisaria gastar tanto o tal português, pois minhas amiguinhas falarm portugueis!
_Acorde Stephanie! faça o que pedi!
-Desculpe mãe... não ouvi. o que é mesmo?
_Eu disse que tenho medo de machucá-lo. (lá vem o "lo" novamente, se eu questionar ela vai me fuzilar com os olhos!)
-Sim mãezinha, tem razão. Que tal ele  dormir aqui, damos comida e tudo. Pode até  ser nosso mascote... o Renan vai gostar.
_ nada disso, a família dele deve estar preocupada. Eu não gostaria que você fosse mascote deles!
_Você não deixaria né?
-Claro que não, nunca sua bobinha.
- Ele é tão verde, deve ser um filhote. Quando ele crescer  você acha que vai madurar?
- Isso fez com que a mamâe desse um pequeno sorriso entre os dentes,coisa rara nela.
-Não querida, apenas os frutos e a cabeça de alguns homens amadurecem.
_Eureka! coloque a roupa enquanto eu resolvo essa parada.
(onde será que a mamãe aprendeu essa palavra!)
Enquanto eu terminava de me vestir, não tirava os olhos dela, tão corajosa!
Ela olhou silenciosamente pra os lados, tirou a touca ainda molhada do prego e com todo cuidado, pressionou-a contra o chão em direção ao tal monstro do lago do banheiro... meus olhos se arregalaram ao ver que ele tinha se alinhado na touca sem perder nenhuma patinha!
Eu nem bem tinha terminado de colocar os tais sapatos e mamãe já desaparecia pelo corredor com o tal tesouro na mão. Ela ia em direção ao quintal, como se aquele animalzinho estivesse queimando seus dedos, tamanha sua pressa.
Nem deu tempo de chegar no quintal, lá vinha ela com um sorriso maior do que o que tinha levado.
_Stephanie, olhe que lindo! quando eu abri a touca lá fora para o louva deus voar, olha o que tinha dentro!
- E eu sem entender nada, olhei surpresa para suas mãos:
O bichinho tinha se transformado em um coração verde de pelúcia!
Vocês nem acreditam no meu ar espantado, como tinha acontecido aquela mágica?
Vai entender os desígnios de Deus!

Railda
Enviado por Railda em 09/09/2012
Código do texto: T3873320
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