Coraçõezinhos Brilhantes
Clarice era uma menina muito querida por toda vizinhança. Ela morava com seus pais em uma bonita casa de dois andares. Brincava com todas as crianças da sua rua, e frequentava todas as casas. Exceto uma. Logo em frente à sua casa, morava um velhinho solitário num casebre que praticamente ficava fechado. Ele quase não era visto pelos outros moradores, a não ser quando o rapaz do supermercado levava algumas sacolas de compras, de vez em quando.
Dizem que o velho fora deixado pela família e desde então vivia alí sozinho.
O aniversário de onze anos de Clarice estava chegando, e ela já estava fazendo os prerarativos, principalmente os convites, que entegava para todos seus amigos e vizinhos.
Ela já havia entregue todos os convites na sua rua e quando ía entrando em casa, parou e olhou para o outro lado da rua. Faltava uma casa. Ela respirou fundo, pois tinha um pouco de medo do velhinho, e atravessou a rua aproximando-se do casebre.
Quando chegou na porta, notou que havia apenas uma luz acesa, pois já estava escurecendo, e com muito custo bateu na porta. Não escutou nenhum barulho, e aquilo fez com que ela sentisse mais medo.
De repente a porta se abriu, e a menina pôde ver um velho barbudo segurando um lampião, que lhe perguntou:
_ O que você quer?
_ Vim trazer o convite para a festa do meu aniversário- disse, tremendo, Clarice?
_ Por que você acha que vou à uma festa de aniversário?- falou o velho, com rispidez.
_ Porque eu achei...
_ Entre, que quero te mostrar uma coisa- disse o velho.
Clarice entrou na casa e percebeu que tudo estava bem arrumado e tinha vários retratos em cima de uma mesa. Ela se aproximou e olhando para aquelas fotos perguntou?
_ Quem são essas pessoas?
_ Esses são os meus filhos e esta é minha netinha, disse o velho, segurando o retrato.
_ Eles me abandonaram, e já faz muito tempo que não vejo minha neta.
_ Por que fizeram isso?- indagou Clarice.
_ Não sei... Talvez porque eu estava dando trabalho...
_ Recebi um comunicado pelo correio, que em breve, em poucos dias, irei para um asilo, por ordem dos meus filhos- disse o velho, meio triste.
Clarice olhou para o lado e viu uma pequena caixa de madeira com uma tarjeta com a inscrição: " CORAÇÕEZINHOS BRILHANTES ".
Clarice então perguntou?
_ Senhor, o que tem dentro dessa caixa?
_ O presente que eu ia dar para minha netinha, no aniversário dela- respondeu o velho.
_ Mas não houve tempo. Um dia antes eles foram embora.- lamentou o velho.
A menina entregou o convite para o velho e quando já estava saindo ele perguntou?
_ Qual é o seu nome, menina?
_ Clarice.
Houve um silêncio e Clarice se retirou.
No dia do aniversário, quando todos estavam felizes, Clarice viu pela janela o carro do asilo parado em frente ao casebre do velho. No mesmo instante ela cortou um pedaço do bolo, desceu as escadas e atravessou a rua correndo. Quando chegou, o carro já tinha saído.
Ela notou que a porta ficou aberta, e entrando viu a caixinha em cima da mesa. Ela abriu a caixa e ficou extasiada com o que viu. Era um lindo par de brincos em forma de coração, feitos de ouro, que brilhavam com a luz. Dentro tinha um bilhete. Clarice pegou o papel e ficou muito feliz com o que estava escrito:
" Coraçõezinhos brilhantes para uma linda menina. Espero sua visita lá no asilo da cidade."
Do seu velho amigo...
Fim.