A raposa e o cavalo.

A RAPOSA E O CAVALO

Certo dia, um lindo cavalo negro, chamado Majestoso, saiu de casa para passear no bosque que ficava situado próximo da fazenda do seu dono.
Majestoso andava tranquilamente pela estradinha no meio da floresta, quando repentinamente na sua frente, surge a danada da raposa. Todos os donos de galinheiros da redondeza estavam de olho nela. Naquele dia ela parecia faminta, e foi logo dizendo para Majestoso:
-Meu amigo cavalo, você pode me dizer onde posso encontrar água aqui por perto? Estou com muita sede...
Desconfiado, Majestoso perguntou:
- Desde quando você é minha amiga? Já esqueceu da última que você aprontou comigo?
A raposa era danada mesmo e com olhar suplicante , falou:
- Prometo nunca mais aprontar com você, se me levar depressa para um lugar que contenha água. – Ela salivava de tanta sede que sentia.
Como era muito prestativo, Majestoso conduziu a raposa por uma trilha por entre a mata. A raposa vinha logo atrás. Assim que viu o poço, gritou:
-Sou a primeira... – E jogou-se dentro do poço, sem antes verificar se ele continha água e se ele era raso.
Assim que caiu no poço, começou a gritar desesperada. Parecia furiosa:
- Seu traidor.. Me tire daqui...
Majestoso dava gargalhadas. Parado na beira do poço, olhava a raposa saltitando de um lado para o outro, tentando encontrar uma maneira de sair dali. Instantes depois, ela já armara um plano para sair do poço. Ajoelhada, pediu com voz chorosa:
- Majestoso, se você me tirar daqui, prometo nunca mais invadir galinheiro nenhum, para abocanhar as pobres galinhas...
O cavalo refletiu sobre a proposta da raposa. Quem sabe desta vez ela aprendera a lição e cumpriria a promessa.
Pensando assim, Majestoso perguntou:
- Mas como vou tirá-la do poço? Ele é muito fundo e nem sequer tenho uma corda comigo...
Animada, a raposa gritou:
- O seu rabo é bem comprido. Se você o jogasse para dentro do poço, eu poderia agarrar-me nele e subir...
Desconfiado, Majestoso exclamou:
- Olha lá o que vai aprontar desta vez... Vou fazer o que me pede, mas se não der certo, voltarei para a fazenda...
- É só você sentar-se na beira do poço e jogar sua linda cauda para dentro do poço. O resto é comigo...
Assim que Majestoso jogou o rabo, a raposa tentou alcançá-lo, mas não conseguiu pegá-lo : - Amigo, chegue mais perto, só um pouquinho mais...
No instante que ela alcançou o rabo, puxou-o com força. Desequilibrado, Majestoso também caiu dentro do poço. Lá estavam os dois dentro do poço, enfrentando-se como inimigos. A raposa parecia assustada. Majestoso estava muito zangado:
- Sou mesmo um tolo por acreditar numa velha raposa. Aqui estou eu, dentro de um poço sem água, junto com uma raposa traidora - E continuou a lamentar a sua má sorte.
Minutos mais tarde, os dois começaram a pedir por socorro. Mas o tempo foi passando e ninguém aparecia para tirá-los daquele lugar. E a raposa teve mais uma das suas belas idéias:
- Achei a solução... Só preciso da sua colaboração... Tiro o amigo daqui num instante.
Nervoso, Majestoso falou:
Fala logo sua malvada... Antes que eu perca a paciência...
- É só o amigo apoiar suas belas patas dianteiras na parede do poço. Eu subo pelas suas costas e salto para fora. Depois arrumo uma corda e tiro você daqui.
A estas alturas, Majestoso já deixara de raciocinar corretamente e aceitou a proposta da raposa. Mais que depressa a raposa fez a manobra e saltou para fora do poço. Entre gargalhadas, gritou para o cavalo:
- Você deveria ter nascido burro, não cavalo... Adeus amigo... Agora vou em busca de uma comidinha bem gostosa. Umas galinhas bem gordinhas da fazenda mais próxima servirão de almoço... Que banquete... – E desapareceu pela mata.
Majestoso recomeçou a relinchar e a pedir por socorro em altos brados. Só parou, quando escutou passos vindo na direção do poço. Logo voltou a gritar:
- Socorro! Me ajude. Aqui no poço.
Instantes depois, Majestoso estava alvo. Estava cansado de tanto fazer força e gritar por socorro, mas não esquecera da raposa e de suas últimas palavras:
- Patrão, suba depressa na minha garupa. Temos que salvar suas galinhas. A raposa saiu para abocanhá-las.
Quando chegaram perto do galinheiro, Majestoso disse:
-É ela mesma. Patrão, vá até a porta, que eu fico guardando a janela. Se ela tentar escapar , eu pego ela com certeza...
Assim que o dono do galinheiro abriu a porta, a raposa saltou pela janela e foi parar entre as patas de Majestoso. Felizes, as galinhas aplaudiram Majestoso.
O patrão enjaulou a raposa numa gaiola, próximo do galinheiro. E ali ela permaneceu por mais de uma semana, sem alimento. Apenas um pouco de água para matar a sede dela.
A raposa já estava bem magra e fraca, vendo as galinhas bem gordinhas, ciscando no terreiro a sua volta. Não suportando mais tanta humilhação, implorou:
-Por favor! Me soltem! Nunca mais quero ver galinhas na minha vida. A partir de hoje, não vou mais invadir galinheiro algum. Voltarei para a mata, de onde nunca deveria ter saído. Isto, se não morrer antes...
Majestoso, vendo-a tão fraca e humilde, pediu ao seu patrão:
- Patrão. Acho que desta vez ela realmente aprendeu a lição. Se o senhor pudesse libertá-la, ficaria agradecido.
E assim, livre, a raposa saiu lentamente da gaiola. Estava tão fraca que precisava arrastar-se pelo chão. O tempo passou e ninguém na fazenda jamais voltou a ver ou ouvir falar da velha e danada raposa.


Cristawein,


Cristawein
Enviado por Cristawein em 28/08/2012
Reeditado em 28/06/2013
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