Duas Estórias para Tomás A primeira delas: “A árvore que pensava”

QueridoTomás*.
Conheçi um moço, chamado Oswaldo França Júnior que escreve muito.
Ele escreve que é uma beleza, principalmente para crianças.
Quando imagina que em algum momento o leitor possa ter dúvida com relação à uma palavra, ele coloca um algarismo pequenino ao lado dela e dá maiores explicações sobre esta palavra no pé da página. [1].
Uma de suas estórias,[2] fala de uma árvore que pensava – e pensava muito – sabe?
Ela vinha crescendo muito bonita, o que chamou a atenção daqueles que por ela passavam na floresta, até que um belo dia; cortaram-na pela raiz, a colocaram dentro de uma caminhonete e a transportaram para a praça central da cidade.
Em princípio ela ficou triste, mas quando já estava fincada ao chão, observou a seu redor e até que achou aquela pracinha agradável.
Animada, a árvore fez de tudo para adaptar-se [3] a esse novo ambiente e conquistar seus habitantes. Ela vinha crescendo do jeito que dava, até que acabou tornando-se grande demais para o lugar.
Foi aí que, de repente, surgiram uns homens vestidos de guarda-pós brancos, empunhando [4] foices, parecendo barbeiros [5] e cortaram seus galhos.
Ela ficou triste, mas procurou entender a situação.
Será que foi por que eles esbarravam na fiação da rua, colocando os homens em perigo?
Os dias se passaram, ela voltou a crescer, só que desta vez, corrigiu a direção de seus galhos, que nasceram apontados para cima.
Com a chegada da chuva, cresceu mais do que o esperado.
E o que aconteceu?
Aqueles homens de branco voltaram e mais uma vez, podaram-lhe os galhos. As inocentes árvores crêem [6] que os homens são seus benfeitores. [7].
Triste, mas disposta a colaborar, parou de crescer, para não lhes trazer trabalho.
Enganou-se de novo. Como não crescesse mais, os homens a tiraram dali e a jogaram num terreno baldio.[8] Veio o sol, secaram suas folhas e... Não teve mesmo um final feliz.
Na verdade, ela não conhecia os costumes [9] da cidade, onde ninguém goza [10] dos espaços iguais àqueles de onde veio.
Isso, até hoje ela não compreendeu.
O tempo com suas mudanças a impede de viver de igual pra igual, com os homens.
E a árvore era feliz.
Fim!

Pois é Tomás. Espero que você tenha gostado desta primeira estória.
Aqui em baixo, você encontra as notas explicativas, chamadas ”notas de pé de página”:

[1]. pé da página = ou rodapé, é o cantinho lá em baixo da página, reservado ao comentário adicional de
alguma palavra, devidamente identificado através de um algarismo correspondente a
àquele colocado ao lado desta palavra, no texto.
[2] estórias ....... = usamos escrever com “e” quando contamos um caso acontecido, mas caso este que ............................inventamos. Escrevemos história com “h”, quando contamos um caso a partir de um fato ............................verdadeiro.
[3] adaptar........ = encaixar, dar certo.
[4] empunhando..= trazendo nas mãos
[5] barbeiros .....= aqui não é inseto. Aqui significa “aquele que corta cabelos”, mais de uma pessoa.
[6] crêem.......... = do verbo “crer” significa “acreditam”.
[7]benfeitores = aqueles que praticam o bem
[8] baldio ..........= sem cuidado, inútil
[9] costumes..... = dizemos “costume” a tudo aquilo que praticamos com freqüência, de forma regular.
[10] goza............= do verbo gozar = utiliza, desfruta, aproveita, tem ao seu dispor.

*Tomás é um loirinho bonito e inteligente, de 6 aninhos, que já tem alguns contos aqui no Recanto das Letras, nas páginas de seu avô Roberto Rêgo.
Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 08/07/2012
Reeditado em 02/04/2013
Código do texto: T3767400
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